Não há nada mais mágico e revelador do que um sonho que te tira de uma vida sobreposta e te lança na dúvida entre morrer só com a lembrança e entregar-se ao conhecimento absoluto e extrair dele tudo que uma única vida sensorial jamais lhe dará. Na dúvida, perdemos tempo, desperdiçamos energia tentando encontrar um significado para a vida, mas ela é simplesmente tudo que acontece enquanto fazemos planos para ela. Para nós o tempo passa, mas na verdade ele só fica. Tenho as vozes dos anjos ressonando em minha mente, desvelando minha paixão e minha brandura. Tenho não apenas um único espelho da alma, mas dois, e quando acordo todas as manhãs meus olhos se abrem a se alinham, e entre eles é criada uma série interminável de reflexos, inebriantes, movendo-se uníssonos, sem terem consciência de si mesmos, luzes umas sob as outras, outras sob mais outras, mais outras sob o infinito. Nossas limitadas experiências não passam de uma projeção holográfica que sucede em algum lugar muito distante de tudo que nos cerca. Eu me belisco e sinto a dor, mas o beliscão reflete um processo paralelo que está muito distante da realidade. Tenho como provar que o mito da caverna de Platão não era uma simples metáfora. Sou capaz de aproximar-me da beira do horizonte de eventos das mais fantásticas ocorrências do universo, sem a preocupação de que estou tomando um caminho sem volta. Minha singularidade será apreendida só por mim, mas ficará estampada para sempre nesta vida ilusória. Não quero passar com o tempo. Quero ficar nele, com todas as minhas fantasias, e experimentar do que é feita a mágica no ar, do que são feitos os sonhos, do que é feito o tempo passar sem sair do lugar.
quarta-feira, 9 de abril de 2025
ASSIM FLUÍA A INSONDÁVEL RELATIVIDADE DO TEMPO
Não há nada mais mágico e revelador do que um sonho que te tira de uma vida sobreposta e te lança na dúvida entre morrer só com a lembrança e entregar-se ao conhecimento absoluto e extrair dele tudo que uma única vida sensorial jamais lhe dará. Na dúvida, perdemos tempo, desperdiçamos energia tentando encontrar um significado para a vida, mas ela é simplesmente tudo que acontece enquanto fazemos planos para ela. Para nós o tempo passa, mas na verdade ele só fica. Tenho as vozes dos anjos ressonando em minha mente, desvelando minha paixão e minha brandura. Tenho não apenas um único espelho da alma, mas dois, e quando acordo todas as manhãs meus olhos se abrem a se alinham, e entre eles é criada uma série interminável de reflexos, inebriantes, movendo-se uníssonos, sem terem consciência de si mesmos, luzes umas sob as outras, outras sob mais outras, mais outras sob o infinito. Nossas limitadas experiências não passam de uma projeção holográfica que sucede em algum lugar muito distante de tudo que nos cerca. Eu me belisco e sinto a dor, mas o beliscão reflete um processo paralelo que está muito distante da realidade. Tenho como provar que o mito da caverna de Platão não era uma simples metáfora. Sou capaz de aproximar-me da beira do horizonte de eventos das mais fantásticas ocorrências do universo, sem a preocupação de que estou tomando um caminho sem volta. Minha singularidade será apreendida só por mim, mas ficará estampada para sempre nesta vida ilusória. Não quero passar com o tempo. Quero ficar nele, com todas as minhas fantasias, e experimentar do que é feita a mágica no ar, do que são feitos os sonhos, do que é feito o tempo passar sem sair do lugar.
terça-feira, 8 de abril de 2025
GUARDIÃ DA ALMA
Mulher de César, Como queres que eu vá irei, Amedrontado e sozinho, Casado eternamente com você, Casando as forças favoráveis que se lançam a peito feito, Com as adversidades que encontrarei em minha jornada, Em santa obediência à guardiã da sede de meus sentimentos, Consinta que eu limpe meus trapos, Porquanto tenho buscado Deus de modo equivocado, Não como rios que procuram os oceanos, Não como vai, Longe, Uma jangada se encontrar, Como ave fabulosa e corajosa, Com este azul dos vastos mares, Na solidão melancólica das águas, Estou apenas macaqueando seus atos exteriores, Pois ainda sou um bárbaro, Um pagão, Leio o evangelho, Rezo o Pai Nosso, Mas tudo não passa de uma piedosa reminiscência histórica e hipócrita, De uma encenação que me ergue numa cruz alta demais e perigosa, E ainda que minhas mãos sejam apenas amarradas, Finjo ouvir o terrível som do martelo sobre os cravos, A crucificar meu princípio vital, A esticar-me entre opostos, A dilacerar-me os braços urzes e cardos, A sofrer a extrema colisão entre eles, E culpo Deus por ter me abandonado, Mulher Eva, minha alma só procura o céu, Só o contempla, Quando a dor me prostra, Portanto, Prostrado estou a purificar-me num movimento ascensional, A imitar Virgem Maria, Face terrena do conhecimento, E encontrar dentro de mim a criança de luz, Meu próprio sol, No último plano, O instintivo e biológico, No penúltimo, Mais elevado, Seus elementos sexuais, No segundo a mãe de Deus, Em quem o amor alcança a espiritualidade, E no primeiro, Sua própria temperança, Mulher Joana, Encoraje-me vendo-te em campos de batalha, Noites sem dormir, Dias sem comer, Sem descer do cavalo, Donzela que, Em sua humildade, Na sua simplicidade no vestir e no silenciar, Torna-se grande, E eleva-se acima da condição humana, E na sua magreza, Ainda reúne energias para carregar um pseudo fruto no ventre, À maneira daquela mãe mitológica de Deus, Mas vivendo seu próprio destino, Carregando sua própria cruz, Até sua morte exterior, Proteja-me contra a alienação de sua imagem que vejo em sonhos, Guardando a porta de meu espírito, E de minhas paixões, Para jamais cair-me a alma aos pés, Para que nada e ninguém faça dela outra coisa senão a ponte que me leva ao centro do universo, Ao deus da humanidade, À sabedoria feminina.
segunda-feira, 7 de abril de 2025
CONHECIMENTO ABSOLUTO
domingo, 6 de abril de 2025
AO REDOR
HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DE MARIANA E BRUMADINHO
sábado, 5 de abril de 2025
OH! COMO?
Oh! Boné impossível? Como?
Não sei explicar, Nunca cobriu a cabeça nem com lenço, E a expressão de seu rosto não era propriamente de alegria ou exaltação, Mas de alienação mental, Ela fincou os olhos na ponta do nariz, Atarantando todos os sentimentos externos,
Oh! Olhos fincados na ponta do nariz? Como?
Não sei explicar, Tentei chamar sua atenção, Mas não ligou para mim, Estava é ocupada dando uma bola, baforando colunas salomônicas de fumaça,
Oh! Dando uma bola? Como?
Não sei explicar, Sempre foi extrovertida, Barulhenta, Gostou de cantar, De conversar pelos cafés, De passear entre o lobo e o cão nas ruas desertas, Mas agora está exagerando e se perdendo,
Oh! Entre o lobo e o cão? Como?
Não sei explicar,Ela sempre acordou cedo em dia de fazer, Nunca deixou de cumprir o dever, Já agora, Não sei mais, Está saindo da cama só depois das onze,
Oh! Dia de fazer? Como?
Não sei explicar, Ela não diferencia mais a segunda do domingo, Leva a vida na base de semanas furadas todos os meses, Cansei de lhe pedir para largar os vícios e voltar à vida, Mas não adianta,
Oh! Semanas furadas? Como?
Não sei explicar, A verdade é que não a quero mais, E não vim aqui só para te contar, Vim também para tentar fazer um pé de alferes a você, Porque sempre gostei mais de você do que dela,
Oh! Pé de alferes? Como?
Não sei explicar, Quero dizer, Colorir nossa amizade, Sem compromisso, Por uns tempos, Juntar meu momento temporal com seu momento iluminado, Como num casamento de raposa, Que tal?
Oh! Casamento de raposa? Como?
Ei, Não tenha medo, Não sou do tipo de raposa querendo tomar conta de seu galinheiro, Não quero bagunçar sua vida como minha ex bagunçou a dela própria, Quero apenas experimentar, E se for importante para você, Podemos pensar em algo mais estável, Quem sabe um romance passageiro possa acabar indo das baixadas aos firmes, Depois dos firmes aos platôs, E, finalmente, dos platôs aos cimos serranos,
Oh! Aos firmes? Como?
Casando com você, E se você não quiser casar, Podemos simplesmente sair por aí sem destino, Casando somente a frieza de suas mesmas perguntas com seu frio de serra no mês dos frios que haverá pelo caminho,
Oh! Mês dos frios? Como?
Não sei explicar, Mas garanto-lhe que não são carnes em conservas ou defumadas, Vamos nessa, Minha inglesa fleumática? Ou seria minha alemã sisuda e pensadora? Ou minha holandesa empreendedora e paciente? Ou será que vou me surpreender com uma espanhola ousada, Exaltada nas paixões, Ambiciosa e aventureira?
Oh! Como? Que dom tenho eu de viver-te por tantas feições estrangeiradas e falar-te por tantas expressões desusadas?
sexta-feira, 4 de abril de 2025
JARDINEIRAS E PLANTADORES

quinta-feira, 3 de abril de 2025
SALTO AZUL EM ÁGUA VERDE
quarta-feira, 2 de abril de 2025
AQUI ESTOU PARA TE AGRADECER
terça-feira, 1 de abril de 2025
O SENTIMENTO MAIS PURO
Este é mais um belo escrito de meu amigo AustMathr sobre o qual quero fazer apenas um comentário e não uma análise. Perguntei ao AustMathr de onde ele tirou a ideia para escrever este texto, sabendo que ele a extrai de seu próprio intelecto, se inspira numa música, sempre na melodia e nunca na letra, numa pintura, num sonho e até numa palavra solitária que surge do nada. Então, ele me disse que foi de um filme que assistiu há cerca de 25 anos, chamado CITY HALL, que significa PREFEITURA, e que no Brasil foi lançado com o nome de CONSPIRAÇÃO NO ALTO ESCALÃO. Neste filme, Al Pacino faz o papel de John Papas, prefeito de New York, e John Cusack é Kevin Calhoun, o vice-prefeito. John Papas tem boas intenções e grandes ambições: chegar à presidência dos EUA. Kevin é um jovem sulista e idealista e tem uma enorme admiração por John Papas. Mas, como o filme mostra, ao longo de seu mandato, o prefeito se desvia do caminho correto e deixa Kevin decepcionado. John procura consolar Kevin dizendo-lhe que desde quando era jovem ele também era idealista, e que sempre teve o sonho de um dia levar este idealismo à Casa Branca. Resignado com a única alternativa de ter que abandonar a política, ele revela a Kevin que um dos antigos prefeitos dizia que se um pardal morresse no Central Park ele era responsável. O jovem Kevin ficou comovido com esta frase, e AustMathr também, e ele pensou: já houve um tempo em New York em que havia políticos tão íntegros e responsáveis a ponto de assumirem a culpa pela morte de um pássaro no maior parque da cidade! E em nossos tempos atuais, onde estamos, como eles são numa grande metrópole como São Paulo, a terceira maior do mundo depois de Tokyo e New York? AustMathr jamais se prestaria a fazer comentários sobre políticos corruptos. Ele costuma dizer que é muito cômodo sentar confortavelmente numa cadeira diante de um computador em casa, na redação de um jornal ou de uma revista e nas plataformas das redes sociais e passar o tempo todo criticando os políticos, sem tirar a bunda da cadeira, arregaçar as mangas e fazer alguma coisa para ajudar a consertar o que está errado na cidade ou no país. Ele se perguntou, e o pássaro, o que ele acha disso? AustMathr preferiu dar voz ao bichinho de penas, abriu mão de seu cérebro, embora sua genialidade continue presente, deixou de lado qualquer sofisticação, qualquer eloquência complexa, e pensou com o coração, extravasando apenas seus mais puros sentimentos através do bico de um pardal. O resultado é um texto poético, curto, simples, leve e suave, sublime, com o toque mágico que AustMathr dá em tudo que escreve. O título, O SENTIMENTO MAIS PURO é perfeito. A ilustração que ele encontrou na internet parece ser o anverso do texto porque a pessoa anônima que a pintou a chama de A DIFICULDADE DE SE COMUNICAR COM UM PÁSSARO. A música escolhida não podia ser melhor. Ela embala a narrativa e soa como o coração do pássaro palpitando enquanto fala. Como AustMathr sempre diz, músicas e ilustrações não estão em cada texto por acaso. A música é a alma da imaginação e do sentimento e da qual ela se alimenta, e a ilustração são seus olhos. A pedido de AustMathr, eu assisti ao filme que está disponível na Amazon Prime Video, mas eu fiquei mais comovida com a poesia de AustMathr.
Inglesa Luso-Chinesa
4 de Setembro de 2024
O SENTIMENTO MAIS PURO
Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.