terça-feira, 7 de janeiro de 2025

MURALHA DA CHINA

 


Texto de autoria de Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

Música Walking on the Chinese Wall de Philip Bailey

Ilustração de Inglesa Luso-Chinesa 

O irmão caçula faleceu, O mais velho adoeceu Pra valer, O que fazer, Van Gogh?, O que se faz com essa triteza?, Que é de deixar qualquer um nú de toda beleza?, Vamos nos inconformar atravessando a Muralha da China, Até a próxima esquina, Um primo quase da mesma idade também partiu, Devemos também ir? Pode o Bernard Jordan nos ajudar a fugir como ele fugiu? A causa dele era vetusta, Pá-á-pá-santa-justa, Mas isso dói!, É rato que nos rói, Gato que nos mata rato, É uma guerra e paz de Tolstói, Então parto, O Alceu já não pode mais revisitar Guangzhou, No Mar Amarelo, Que não guarda elo com ninguém, Pois ninguém da parentela sobrou, Nenhum amigo faltou, Porque nunca houve, Louve, Então, Qingdao, Não, disse o Alceu, Lá não, Então, Oh Double Star! Olá e tchau, Não houve intenção de te enganar, So Sorry for his debt, He ain’t got nothing left, Mas não mande mais ninguém da Rocinha para cá, Ele já não está, Parece que morreu, Parece que desapareceu, E deixou saudades da Oxford Street, E da nossa Irlanda, Oh Yeah, Ele recomenda, If you wanna enjoy the viking Ormontowne, You’ve gotta stand the time travel heat, Comunidade que vive como lenda, O Gente finíssima do Mario Natal acabou, O novo ano começou, E não se sabe por onde começar, Só se pensa em atravessar, A Muralha da China até a próxima sina, E a Dona Cândida? O filho do meio lamentou muito ela não ter recebido o mesmo carinho como o seu pai Armando, É Ilíada com Anaximandro?, Com certeza por eles a Regina deve estar orando, E cuidando, E por falar nela, Por onde anda a Cilene?, Não precisa mais ser tão solene, Lembre-se, O Alceu já se desligou e te ligou da China, E até te comoveu, Então, Perdoe-o e ajude-o a obrar sua salvação com temor e tremor, Ele se perdeu, Mas aguenta porque a bipolaridade dele foi muito mais que um filme de terror, Se puder, Se quiser, Diga por onde vamos voltar à vida?, Quando vamos conseguir uma nova lida?, É possível, Ainda, Aprender com Hesíodo como existir nos dias e arrumar trabalho?, Ou melhor seria reservar dois terços do tempo só para si mesmo para não ser um escravo, Como recomendou Nietzsche, Isso já fazem os políticos e o chamam de 1/2x6, É fetiche ou imundice?, Olha só, Meus reis, Os dias ociosos chegaram ontem ao fim, Mas não esqueçamos das festas do agora viúvo Toninho e da Adriana, E nem nos importamos com os convidados que permaneceram indiferentes a você e a mim, Como ao mundo tem sido nossa Ana, It's so sad about them de dar nó e dó, Temos que seguir felizes, Faça chuva faça sol, E por falar no astro maioral, Aqui choveu o feriado inteiro, O silêncio da cidade não é tão ilusório como disse um maratonista jornaleiro, O daqui é sepulcral como as profundezas bênticas, Fossas abissais tentricas, São como ventre maternal, Lá dentro ainda pequenino e hibernal o Alceu encontrou consolo sem gravidade e solo, Sozinho e ignorado, Ainda que através de um umbelical pode ser amado, E lá fora sua alma descansou em seu colo, Agora temos que regressar, Pela Muralha da China, Terra do meio, Nossa menina, Nosso esteio, Estamos meio Adônis, Um jovem de rara boniteza nascido de relação incestuosa, Mas nós não! Nem nossas mães e nossas indecifráveis famílias, Somos apenas o quanto podemos todos amistosos e amorosos, Ansiosos à espera da Espora Orionis e das três Marias, Mas fica aqui a promessa, que antes delas, chegará o seriado 'O Paraíso É Aqui', Que como dizem os brasileiros, É bom à beça, Tenham paciência como a China que construiu uma grande muralha com a metade de nossa circunferência. 


Walking on a Chinese

Walking on a Chinese wall

Watching for the coins to

Watching for the coins to fall

Butterfly spread your painted wings

For an answer from the Ching

By the stream stretching in the rocks

Tigers on the mountain top

 Walking on the Chinese wall

Watching for the coins to fall

 Now the sun is rising in the East

Looking for my olden fleece

Ivory skin scarlet color deep

Lips that burn but do not speak

 Three misty nights waiting by the shore

Maybe that my lover comes no more

Red chamber dream from the sky above

Ancient tale of hidden Chinese love

 On the Chinese wall

Watching for the coins to fall

Blue red silk burning on my chest

Go to sleep but not to rest

Stepping stones on the yellow sea

Dreaming she'll be there for me

 Come down the clouds to the sea of flames

From the mountain hear the cry of pain

Red chamber dream from the sky above

Ancient tale of hidden Chinese love

 On the Chinese wall

Watching for the coins to fall

On the Chinese wall

Watching for the coins to fall

On the Chinese wall

Watching for the coins to fall

O DIVISOR DE ÁGUAS MUSICAIS

Texto de autoria de Alceu Natali. Direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Bette Midler, americana, cantora, atriz, modelo e comediante, fazia faculdade no Havaí quando começou a ouvir os Beatles pela primeira vez. Ela se interessou pela música deles, mas não ficou muito entusiasmada. No entanto, se extasiou quando ouviu o álbum RUBBER SOUL. No verão de 66, ela estava trabalhando com um tipo de grupo itinerante de atores e o gerente de palco tocava o RUBBER SOUL dia e noite. E este álbum acabou por conquistar a Bette, liberou algo em sua imaginação que ela nunca tinha vivenciado na música popular. Ela se lembra disso como se fosse ontem. Bette confessou que se rendeu ao talento dos Beatles com este álbum, porque ele era uma avassaladora onda de entusiasmo e ideias originais. Depois desta experiência com RUBBER SOUL, Bette resolveu abandonar o teatro, começou a cantar em bares e tornou-se uma cantora e compositora. Ela  nunca foi do tipo de pessoa de se engajar em qualquer modismo passageiro. Mas os Beatles eram diferentes. Vieram para ficar para sempre. Eles tinham algo mais e a dominaram. Bette sempre ficava na defensiva, porque era cínica. Ficava à margem de tudo, só observando. Nunca se entregava ao fascínio de figuras populares. As celebridades eram sempre maquiadas com uma grossa camada de artificialismo. Mas os Beatles não. Eram autênticos. E vejam só, hoje ela é uma celebridade no mundo, por causa de RUBBER SOUL, por causa dos Beatles. Enquanto isso, um garoto de apenas 15 anos, aqui no hemisfério sul, já sacava o que a celebridade do norte não percebeu. Os Beatles eram um divisor de águas. Com o aparecimento deles a música passou a ser dividida em dois tipos: antes e depois dos Beatles. Cada vez que ele ouvia RUBBER SOUL ele não tirava os olhos da capa do álbum, procurando algum aspecto singular que a diferenciasse das demais. Será que são estes narizes alongados por entre os olhos? Eles parecem ser diferentes dos outros seres humanos! E os Beatles criaram um divisor de águas em sua própria música. Seus cinco primeiros álbuns marcaram a chegada deles à lua, com composições cativantes, românticas, de letras ingênuas que enlouqueciam as adolescentes. Mas eles queriam ir mais longe, muito mais longe, ir até a Marte. Mas como fazer esta transição sem privar a juventude feminina das cantigas de amor acostumadas ao luar? Como empreender uma viagem mais longa e arriscada sem comprometer a popularidade que conquistaram? Resolveram fazer um teste: mesclar baladas fáceis de serem lembradas e cantadas com letras e arranjos mais complexos, mais intelectuais, mais introspectivos, mais estranhos que Marte. E esse garoto aqui, menor de idade, já enxergava tudo isso. HELP é o último álbum romântico. RUBBER SOUL marca a transição do romântico para o psicodélico que começou com o insuperável REVOLVER. É por isso que o boy achava um barato John cantar a lírica e melosa GIRL e, ao mesmo tempo, a enigmática NORWEGIAN WOOD. Ele conseguia perceber a enorme diferença entre a inocente YOU WON’T SEE ME e a poderosa DRIVE MY CAR de Paul. E se todos sacaram o que o adolescente brasileiro descobriu em tenra idade sabem que os Beatles não foram só a Marte, mas deixaram o palco dos planetas internos e externos e acabaram saindo do sistema solar.

UM DIA VISTO À NOITE


 Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98


Ela foi levada pelo amor, Pela janela, A porta estava trancada, E a chave torta, Foi tudo embora, Mundo afora, Casa e esperança, De onde sai tanta gente com tanta lembrança? Que aqui tem a vida estancada, Indiferente e ensimesmada, Perdida na realidade, Em busca de verdade que não existe, Só ela insiste, Nada houve em Roswell, O desastrado caído do céu, Só eu sei que ele pode ser turista e tão bom quanto um samaritano, Quanto eu um sonhador Joyceano, Shakespeariano, E já agora perco o fio da meada, Sobre o que falava, Aquela paixão arrastada pela esteira rolante da matéria da escuridão, Até o final da luz, Onde ficamos todos nús, Acabados, Tristes, E a felicidade andando de lado, O meu medo avançado, Estica meu dedo para ser tocado, Como se nossa existência fosse mágica, A morte esquecida em sua inexorabilidade, Trágica na sua previsibilidade, E como diz aquele homem, Toda essa gente solitária, De onde elas vêm? De onde elas são? E como disse aquele outro homem, Sabemos como é estar morto, E se sente como se nunca tivesse nascido, Isto é muito parecido com tudo que penso à noite, Com o açoite da depressão, O americano exilado na Rússia, Adaptado à solidão, O mentalista que encontra nomes que o inconsciente desconhece, Isso me adormece, Até quando o dia me amanhece, E sigo doente, Como dor de dente em todos os ossos do corpo, Nascido torto, E assim partirei, Esperando encontrar a fenestra que me dei largada aberta, E o amor que me tirei trazido de volta, Como um pedaço de coisa preso ao rodopio do vento, Dançando arisco e lento, Neste mundo fantástico, De tanta beleza, Fico estático, Com tanta riqueza, Não me aguento, Não levo jeito, Só tento.