sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

MEU ARQUÉTIPO DE LEÃO

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98

Costumava ler até alta noite, Adormecia sobre os in-fólios, Perdia os momentos quando a lua afastava os crepes das horas mortas, Prateava os caminhos, E rumava gente para as terras lavradas, Empunhando archotes, Recebia arquétipos de presente, Mistura de onirismo e vigília, Sonho e vida, Um mundo sem gravidade  temporal, Que no começo do dia às vezes se olvidava, Às vezes coincidia com a realidade, E todas as fantasias uniam-se na imaginação e fora dela, Contra minhas puras veleidades, Meus sórdidos segredos, Minhas escancaradas trapaças, Minha falsa imagem de honestidade, Pela imperiosa vontade do universo inciente de tudo, O messias estendendo a mão esquerda, O guia espiritual sempre do lado direito, O deus no centro do oportunismo, Os leões de meus pesadelos dormiam todas as noites, Meus cancões urbanos,  Curiosos e barulhentos, Estão sempre atentos a qualquer coisa estranha, Me avisam, Me pegam a qualquer hora dos meus sonos, Induzidos, Leves e pesados, Profundos, De Rapid Eye Movements, E eternos, Abaixo do décimo nível, Onde vou morar um dia, Ao lado de meus livros escritos e lidos, De meus gratificantes alunos e professores incógnitos, De meus felinos mansos e saciados.