Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
Aqui onde vivo, Flutua sobre minha
cabeça, Olhos artificiais, Mirando high and low, Para cima, Para baixo, Pra lá, E pra cá, E as galáxias em todos os extremos guardam
sempre a mesma distância em todas as direções, Quarenta e seis bilhões de anos
luz, Isso faz sentir-me o centro de tudo, Mas o que está além do que o olho
enxerga pode ser trilhões de vezes maior, O insondável está para o observável,
Assim como o observável está para uma das inúmeras partículas invisíveis de meus
olhos, Isso me deixa pequeno, Sem saber em qual cantinho me encontro nisso que não sei o que é, Mas pouco
importa, Porque aqui onde moro, Olho para todas as direções, Norte,
Sul, Aqui e acolá, E as distâncias são sempre as mesmas, Quase 13 mil
quilômetros, Sem ter ninguém a recorrer, Sobre minha cabeça, Pássaros de ferro voam de ponta a ponta, Em
todos os sentidos, E a circunferência é sempre a mesma, Pouco mais de 40 mil
quilômetros, De mais água que está para a terra, Como a terra está para tanto povo se acotovelando para sobreviver, Aqui onde vivo e me isolam, Quase nada há ao meu
redor, Pouco alimento, Pouco entretenimento, Nenhum elemento, Isso faz sentir-me menos que ninguém, Aqui falta tudo,
Toda a massa espacial pela qual galáxias, Buracos negros, Estrelas e planetas
se digladiam, É um espetáculo, Que não vejo, Nem ouço, Mas sinto que existe onde vivo a
todo momento, Isso faz de mim menos que um nada, Não fossem as migalhas de panis e os porres de circenses que me esmolam para nascer e morrer, Sobra pouco tempo para sonhar, Sobra muita fome para comer, Pouca noite para ver a lua morrer de rir, Pouca gente para se divertir e aplaudir nosso sofrer, Nenhuma estrela que a gente possa ver parir e partir.