Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
A Linda já tinha dado provas de que não era nada difícil convence-la a se entregar por inteira, Mas você levou uma semana toda fazendo planos para arrancar dela pouco mais que um beijo selinho que durou menos tempo que o ruído de um pulsar!
Oh minha querida, Sempre tive meus longes de que, Mais dia, Menos dia, Uma viração do mar de acariciar o rosto doidejaria num dia ensolarado, Indiscreta arregaçando o lenço àquela formosa donzela que veio graciosamente ao meu encontro, De olhos dependurados e de ver, Conforme ajustado, E ensejou-me a limitar-me ao deleite de roubar um beijo àquela gérbera deslumbrante da cor do topázio!
A outra de cor topázio, A Sílvia, De pavio curto com sua inatividade, Ainda lhe entregou de bandeja sua prima, Aquela morenaça, Sedenta por uma nova e melhor experiência, E você deixou-a na mão, Literalmente!
Oh minha querida, Eu não poderia contemplar, Com nobres sentimentos, Mais do que as mãos da preciosa Sônia, Marcada por Deus com uma pinta singular que misturava beleza e mistério, Não de corpo, Mas de olho, Cravejado por um verdadeiro diamante, Uma Sírio que se erguia grandiosa no céu líquido das noites de verão, Acompanhada de esplendores, Ricamente adereçada em Órion, A estrela das estrelas, Deixando todas demais desoladas, E a mim ofuscado e fascinado por sua luz cinérea!
Que maravilha, Querido! E o que dizer das duas Célias? Uma fria e fleumática como uma inglesa, A outra do tipo tuareguesa, Quanto mais amantes, Melhor a sua reputação, Ambas propícias a novas aventuras, E não duvido que com elas seria possível um ménage à trois, Como o trio que o Odilon formava com a tia e a sobrinha e que você dispensou!
Oh minha querida, As divinas Célias, Mais do que um dobro, Um triunvirato fulguroso, O clarão de um farol que apanhou-me em cheio, Cegando-me momentaneamente, Levando-me ao sétimo céu, Num mês de setembro, Oh Célia, Anagrama de minha saudosa Alice, Que fazia o sol brilhar num dia chuvoso, Que fazia a primavera se adiantar num dia friorento!
E que lembranças você acha que aquela carioquinha guardou de você sem você nunca tocá-la?
Oh minha querida, A bela moreninha do Rio, Cujo nome era impronunciável de tão divino, Como falar e escrever o nome de Deus é proibido aos judeus, E cuja companhia naquela inesquecível viagem do centro ao extremo norte pareceu durar dias, Como uma peregrinação da Galileia a Jerusalém na semana da Páscoa, Dando-me o privilégio de admirá-la como o Templo de Salomão, E por ter visto a Cidade Santa uma única vez já poderia morrer feliz, Sem precisar adentrar o Santo dos Santos!
Oras, Meu querido beato, Aquela magrela de andar desengonçado, A Márcia, Te ensinou a beijar de verdade, E sua Deusa queria te abrir mais que os lábios, Mas você em nada contribuiu, E nem mesmo aceitou seu perdão por ela ter sido obrigada a lhe deixar uma única vez!
Oh minha querida, A Márcia foi minha grande iniciação, Mas minha Deusa, Se quisesse, Poderia ter me ensinado outros rituais que habitam sua tentação, Mas ela preferiu preservar meu romantismo, Alimentou-me com palavras emblemáticas, E sua vivacidade feminina transformou-me num trovador, Estimulando-me a fazer declamações ao longo dos caminhos que trilhamos juntos!
Oh como você é sentimental, Meu amor, Tantas jovens bonitas para um menino tão acanhadinho e tolinho!
Bom dia Alceu!!Que conto lindo!!Eu amei cada linha, e como disse antes me sinto homenageada já que seu personagem tem meu nome, muito lindo seu texto cheio de olhares femininos e o seu menino tão prudente certamente sabe bem o que quer em matéria de mulher...Muito bom mesmo!!Adorei!Beijosssss
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