Mulher de César, Como queres que eu vá irei, Amedrontado e sozinho, Casado eternamente com você, Casando as forças favoráveis que se lançam a peito feito, Com as adversidades que encontrarei em minha jornada, Em santa obediência à guardiã da sede de meus sentimentos, Consinta que eu limpe meus trapos, Porquanto tenho buscado Deus de modo equivocado, Não como rios que procuram os oceanos, Não como vai, Longe, Uma jangada se encontrar, Como ave fabulosa e corajosa, Com este azul dos vastos mares, Na solidão melancólica das águas, Estou apenas macaqueando seus atos exteriores, Pois ainda sou um bárbaro, Um pagão, Leio o evangelho, Rezo o Pai Nosso, Mas tudo não passa de uma piedosa reminiscência histórica e hipócrita, De uma encenação que me ergue numa cruz alta demais e perigosa, E ainda que minhas mãos sejam apenas amarradas, Finjo ouvir o terrível som do martelo sobre os cravos, A crucificar meu princípio vital, A esticar-me entre opostos, A dilacerar-me os braços urzes e cardos, A sofrer a extrema colisão entre eles, E culpo Deus por ter me abandonado, Mulher Eva, minha alma só procura o céu, Só o contempla, Quando a dor me prostra, Portanto, Prostrado estou a purificar-me num movimento ascensional, A imitar Virgem Maria, Face terrena do conhecimento, E encontrar dentro de mim a criança de luz, Meu próprio sol, No último plano, O instintivo e biológico, No penúltimo, Mais elevado, Seus elementos sexuais, No segundo a mãe de Deus, Em quem o amor alcança a espiritualidade, E no primeiro, Sua própria temperança, Mulher Joana, Encoraje-me vendo-te em campos de batalha, Noites sem dormir, Dias sem comer, Sem descer do cavalo, Donzela que, Em sua humildade, Na sua simplicidade no vestir e no silenciar, Torna-se grande, E eleva-se acima da condição humana, E na sua magreza, Ainda reúne energias para carregar um pseudo fruto no ventre, À maneira daquela mãe mitológica de Deus, Mas vivendo seu próprio destino, Carregando sua própria cruz, Até sua morte exterior, Proteja-me contra a alienação de sua imagem que vejo em sonhos, Guardando a porta de meu espírito, E de minhas paixões, Para jamais cair-me a alma aos pés, Para que nada e ninguém faça dela outra coisa senão a ponte que me leva ao centro do universo, Ao deus da humanidade, À sabedoria feminina.
terça-feira, 8 de abril de 2025
GUARDIÃ DA ALMA
Mulher de César, Como queres que eu vá irei, Amedrontado e sozinho, Casado eternamente com você, Casando as forças favoráveis que se lançam a peito feito, Com as adversidades que encontrarei em minha jornada, Em santa obediência à guardiã da sede de meus sentimentos, Consinta que eu limpe meus trapos, Porquanto tenho buscado Deus de modo equivocado, Não como rios que procuram os oceanos, Não como vai, Longe, Uma jangada se encontrar, Como ave fabulosa e corajosa, Com este azul dos vastos mares, Na solidão melancólica das águas, Estou apenas macaqueando seus atos exteriores, Pois ainda sou um bárbaro, Um pagão, Leio o evangelho, Rezo o Pai Nosso, Mas tudo não passa de uma piedosa reminiscência histórica e hipócrita, De uma encenação que me ergue numa cruz alta demais e perigosa, E ainda que minhas mãos sejam apenas amarradas, Finjo ouvir o terrível som do martelo sobre os cravos, A crucificar meu princípio vital, A esticar-me entre opostos, A dilacerar-me os braços urzes e cardos, A sofrer a extrema colisão entre eles, E culpo Deus por ter me abandonado, Mulher Eva, minha alma só procura o céu, Só o contempla, Quando a dor me prostra, Portanto, Prostrado estou a purificar-me num movimento ascensional, A imitar Virgem Maria, Face terrena do conhecimento, E encontrar dentro de mim a criança de luz, Meu próprio sol, No último plano, O instintivo e biológico, No penúltimo, Mais elevado, Seus elementos sexuais, No segundo a mãe de Deus, Em quem o amor alcança a espiritualidade, E no primeiro, Sua própria temperança, Mulher Joana, Encoraje-me vendo-te em campos de batalha, Noites sem dormir, Dias sem comer, Sem descer do cavalo, Donzela que, Em sua humildade, Na sua simplicidade no vestir e no silenciar, Torna-se grande, E eleva-se acima da condição humana, E na sua magreza, Ainda reúne energias para carregar um pseudo fruto no ventre, À maneira daquela mãe mitológica de Deus, Mas vivendo seu próprio destino, Carregando sua própria cruz, Até sua morte exterior, Proteja-me contra a alienação de sua imagem que vejo em sonhos, Guardando a porta de meu espírito, E de minhas paixões, Para jamais cair-me a alma aos pés, Para que nada e ninguém faça dela outra coisa senão a ponte que me leva ao centro do universo, Ao deus da humanidade, À sabedoria feminina.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cara, você domina a psicologia com maestria ('minha mulher interior = minha anima) e escreve um texto singular, super original, e ainda consegue incluir, sorrateira e maravilhosamente Joana D'Arc no texto com as palavras: 'Encoraje-me vendo-te em campos de batalha, Noites sem dormir, Dias sem comer, Sem descer do cavalo, Donzela que, Em sua humildade, Na sua simplicidade no vestir e no silenciar, Torna-se grande, E eleva-se acima da condição humana', eu não já te falei que, embora eu não seja tão culto e inteligente como você, eu saco muita coisa que você escreve? mas é só isso: ler teus textos e ficar babando de inveja
ResponderExcluir