Sexta, 13, é um dia azarento. Um dia para Satanás regozijar seus olhos anticristãos e infernizar a vida de incautos de pouca fé. Um dia para ele festejar a heresia. Dizem os sabe-tudo do vaticano que o coisa-ruim se vale do fato de Jesus ter sido traído por um amigo e preso numa sexta-feira, logo após ter celebrado sua última ceia com 13 pessoas à mesa, e ser levado à morte. Não sou supersticioso mas, por via das dúvidas, tomo minhas precauções. Um oficial de justiça já apareceu um dia em casa, em plena sexta, 13, sem avisar. Amarro a cara assim que os primeiros raios de sol surgem no horizonte. Não se pode esbanjar bom humor cedo demais. Dá azar. E o tinhoso está atento. Felicidade se conquista dia após o dia. Só abro um largo sorriso depois do meio-dia. Toda manhã acordo espirrando. Não sei por que. Mas numa sexta, 13, cuido para que minha esposa fique ao meu lado o dia inteiro, pedindo a deus para me abençoar a cada esternutação. É essa bênção que evita que o espírito escape do corpo a cada espirro. Depois do café da manhã costumo soluçar. Isso, dizem, também é um orixá querendo me fazer de cavalo. Para expulsar o sapucaio, prendo a respiração pelo nariz, tomo um copo de água, enquanto minha mulher me dá um baita susto por trás, estourando uma enorme bexiga junto aos meus ouvidos. De manhã demoro para pegar no breu. Fico meio sonolento até às nove, e bocejo muito. Minha esposa entende muito de obsessão. Ela me pede para tampar a boca com a mão ao boquejar, senão o pé de gancho me entra pela goela. Interessante é que quando bocejo, ela boceja também. Ela também reclama que eu me coço demais e que, num dia como uma sexta, 13, isso é um mau presságio. O mafarrico pode provocar um bate boca feio com alguém. Sigo seu conselho e aguento a comichão até o dia acabar com minha mulher em minha cama. Lá o batibarba fala a linguagem do corpo. Quando me preparo para começar a trabalhar, primeiro dou uma cusparada nas mãos e as esfrego, para me dar força extra contra o infortúnio. A saliva tem um poder de cura mágico. Por isso meus gatos e cachorros vivem se lambendo. Minha mulher não é muito diferente. Basta ela machucar um dedo e já o enfia na boca. Tenho também algumas crises de tosse. Para contê-la tenho uma simpatia. Pego um fio de cabelo e o coloco num sanduíche com manteiga. Ofereço-o a um de meus cachorros e lhe digo: Coma bem seu cão, Que você seja sadio e eu são. Às vezes tenho câimbra e dói muito. Numa perigosa sexta, 13, carrego alguns ossos de animais. Eles protegem. Se a câimbra vem e não passa, deito por alguns minutos com um par de sapatos em cima do estômago. Só assim a dor vai embora. A má sorte de uma sexta, 13, venha de onde vier, pode ser, até certo ponto, controlada. Para não deixar a sorte escapar, mantenho os dedos cruzados em tudo que faço, até para soltar um gás. Se o mau humor me protege contra o azar a manhã inteira, assobiar numa sexta, 13, é pedir para o azucrim te empossar. Gosto de assobiar, mas não numa sexta, 13. Minhas cãs estão aumentando aritmeticamente. Todos os dias arranco os fios brancos, um por um. Nuna sexta, 13, só dou uma guaribada neles com graxa de sapato. Dizem que na sexta, 13, quanto mais fios de cabelos brancos se tira, mais eles se multiplicam geometricamente. Todos os dias aparo as unhas dos pés e das mãos. Meu vizinho me disse que numa sexta, 13, é preciso enterrar ou queimar as unhas cortadas porque se o beiçudo as encontra numa sexta, 13, ele arrepia para valer. Minha dona me pede para simplificar. Deixe para cortar as unhas no sábado, 14. Neste último dia útil da semana, no sexto número primo do mês, o famoso olho gordo ganha peso considerável. O que faço para sair de seu foco é ficar na moita, passar desapercebido, não falar absolutamente nada a meu respeito, muito menos chamar a atenção para algo que tenho e outros não têm, uma linda mulher, por exemplo. Assim que os últimos raios de sol abrem a noite para as estrelas começa a alegria. É chegada a hora do amor. Aqui em casa se faz amor todos os dias, mas sexta é especial. Dia para beliscar um queijinho mais maneiro e bebericar um bom vinho chileno de, no máximo, 30 reais. Depois, cama! Dizem que o demônio é muito chegado numa sacanagem. Ele está convidado a vir ao meu quarto numa sexta, 13, lá pelas 22 horas. Ele terá que se conformar em assistir. Ele pode esgotar seu arsenal de mutretas que não conseguirá participar. No batente superior da porta de meu quarto penduro réstias de alho e ferraduras. Nas paredes há crucifixos. Sei que são fetiches que afugentam somente vampiros e que o diabo tira de letra. Mas acima de minha cabeceira há dois posters irresistíveis: Um mostra Judas de costas, enforcado, sangrando pelo ânus, depois de ter sido estuprado por um fariseu. O outro mostra Jesus, saindo andando de seu túmulo, e esperando-o do lado de fora Maria Madalena cheia de contentamento. E hoje é sexta, 13, mas também 26, meu dia de sorte, o dobro de 13. Portanto, o diabo que se cuide.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
SEXTA-FEIRA 13, FELIZ COM MINHA FAMÍLIA E MEUS 'PETS', INCLUINDO UM BELO GATO PRETO CHAMADO MICHIGAN
Sexta, 13, é um dia azarento. Um dia para Satanás regozijar seus olhos anticristãos e infernizar a vida de incautos de pouca fé. Um dia para ele festejar a heresia. Dizem os sabe-tudo do vaticano que o coisa-ruim se vale do fato de Jesus ter sido traído por um amigo e preso numa sexta-feira, logo após ter celebrado sua última ceia com 13 pessoas à mesa, e ser levado à morte. Não sou supersticioso mas, por via das dúvidas, tomo minhas precauções. Um oficial de justiça já apareceu um dia em casa, em plena sexta, 13, sem avisar. Amarro a cara assim que os primeiros raios de sol surgem no horizonte. Não se pode esbanjar bom humor cedo demais. Dá azar. E o tinhoso está atento. Felicidade se conquista dia após o dia. Só abro um largo sorriso depois do meio-dia. Toda manhã acordo espirrando. Não sei por que. Mas numa sexta, 13, cuido para que minha esposa fique ao meu lado o dia inteiro, pedindo a deus para me abençoar a cada esternutação. É essa bênção que evita que o espírito escape do corpo a cada espirro. Depois do café da manhã costumo soluçar. Isso, dizem, também é um orixá querendo me fazer de cavalo. Para expulsar o sapucaio, prendo a respiração pelo nariz, tomo um copo de água, enquanto minha mulher me dá um baita susto por trás, estourando uma enorme bexiga junto aos meus ouvidos. De manhã demoro para pegar no breu. Fico meio sonolento até às nove, e bocejo muito. Minha esposa entende muito de obsessão. Ela me pede para tampar a boca com a mão ao boquejar, senão o pé de gancho me entra pela goela. Interessante é que quando bocejo, ela boceja também. Ela também reclama que eu me coço demais e que, num dia como uma sexta, 13, isso é um mau presságio. O mafarrico pode provocar um bate boca feio com alguém. Sigo seu conselho e aguento a comichão até o dia acabar com minha mulher em minha cama. Lá o batibarba fala a linguagem do corpo. Quando me preparo para começar a trabalhar, primeiro dou uma cusparada nas mãos e as esfrego, para me dar força extra contra o infortúnio. A saliva tem um poder de cura mágico. Por isso meus gatos e cachorros vivem se lambendo. Minha mulher não é muito diferente. Basta ela machucar um dedo e já o enfia na boca. Tenho também algumas crises de tosse. Para contê-la tenho uma simpatia. Pego um fio de cabelo e o coloco num sanduíche com manteiga. Ofereço-o a um de meus cachorros e lhe digo: Coma bem seu cão, Que você seja sadio e eu são. Às vezes tenho câimbra e dói muito. Numa perigosa sexta, 13, carrego alguns ossos de animais. Eles protegem. Se a câimbra vem e não passa, deito por alguns minutos com um par de sapatos em cima do estômago. Só assim a dor vai embora. A má sorte de uma sexta, 13, venha de onde vier, pode ser, até certo ponto, controlada. Para não deixar a sorte escapar, mantenho os dedos cruzados em tudo que faço, até para soltar um gás. Se o mau humor me protege contra o azar a manhã inteira, assobiar numa sexta, 13, é pedir para o azucrim te empossar. Gosto de assobiar, mas não numa sexta, 13. Minhas cãs estão aumentando aritmeticamente. Todos os dias arranco os fios brancos, um por um. Nuna sexta, 13, só dou uma guaribada neles com graxa de sapato. Dizem que na sexta, 13, quanto mais fios de cabelos brancos se tira, mais eles se multiplicam geometricamente. Todos os dias aparo as unhas dos pés e das mãos. Meu vizinho me disse que numa sexta, 13, é preciso enterrar ou queimar as unhas cortadas porque se o beiçudo as encontra numa sexta, 13, ele arrepia para valer. Minha dona me pede para simplificar. Deixe para cortar as unhas no sábado, 14. Neste último dia útil da semana, no sexto número primo do mês, o famoso olho gordo ganha peso considerável. O que faço para sair de seu foco é ficar na moita, passar desapercebido, não falar absolutamente nada a meu respeito, muito menos chamar a atenção para algo que tenho e outros não têm, uma linda mulher, por exemplo. Assim que os últimos raios de sol abrem a noite para as estrelas começa a alegria. É chegada a hora do amor. Aqui em casa se faz amor todos os dias, mas sexta é especial. Dia para beliscar um queijinho mais maneiro e bebericar um bom vinho chileno de, no máximo, 30 reais. Depois, cama! Dizem que o demônio é muito chegado numa sacanagem. Ele está convidado a vir ao meu quarto numa sexta, 13, lá pelas 22 horas. Ele terá que se conformar em assistir. Ele pode esgotar seu arsenal de mutretas que não conseguirá participar. No batente superior da porta de meu quarto penduro réstias de alho e ferraduras. Nas paredes há crucifixos. Sei que são fetiches que afugentam somente vampiros e que o diabo tira de letra. Mas acima de minha cabeceira há dois posters irresistíveis: Um mostra Judas de costas, enforcado, sangrando pelo ânus, depois de ter sido estuprado por um fariseu. O outro mostra Jesus, saindo andando de seu túmulo, e esperando-o do lado de fora Maria Madalena cheia de contentamento. E hoje é sexta, 13, mas também 26, meu dia de sorte, o dobro de 13. Portanto, o diabo que se cuide.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
SIMÃO DE CIRENE: MITOLOGIA CRISTÃ
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
A QUATERNIDADE DA CRISTANDADE
Joe Citadino, Tivemos é um menino, Tem um nome citadino, O menino citadino, Que na verdade era do campo, Nada tinha de malicioso, E você sabe por que não, Ele tinha uma inteireza de graça de modesto anfitrião, Dissipada como a de um Timão de uma Atenas, Em rasgos de simplicidades e generosidades, Seu semblante exprimia uma alegria suprema quando você chegava, Em que alguns sonhadores, Como você, viam as portas abertas para um paraíso, E quando você partia qual de vocês dois mais sentia? Você não sabe. O menino citadino atingiu a maioridade e precisou de sua hospitalidade na cidade grande, Mas nunca recebeu de você a mesma recepção, Quão incompriensível e duro você imagina que isso foi para ele? Quão difícil foi para você explicar ele que você era muito doente! E é essa é uma da muitas maneiras que uma amizade pode terminar, Você nem mesmo sabia que era anormal, Se fosse hoje seria diferente, Mas hoje vocês tornaram-se pessoas diferentes
Havia um menino que gostava de sua amizade, Quando você partia ele sentia muita solidão, Muita saudade, Contava todos os dias do ano na mão, Até chegar a próxima natividade, Até que um dia teve que mudar de direção, Havia chegado sua maioridade, Precisava aprender uma nova lição, Mudou-se para sua cidade, Mas não teve de você a mesma recepção, Ele não tinha ideia de sua sofrida realidade, Vocês se perderam para a incompreensão, No lugar dele apareceu um homem inteligente, Que tinha ideias que você compartilhava, Ele era um pouco carente, E te procurava, Reclamava quando você estava ausente, Até que se acostumou com o que você mais gostava, Mesmo sua radical opinião inconveniente, Até que um dia deu sinais de que se esgotava, Te abandonou pela opinião de seu mais intimo parente, No lugar dele surgiu outro homem mais mediano, Que lhe deu cordas pela sua religião, Queria que você tornasse-se puritano, Tinha medo de sua inteligência espantosa, Sonhou que você era o enviado da ocasião, Encorajou-o a engajar-se numa empreitada que você tornou perigosa, Até que um dia você o assustou desafiando sua inabalável convicção, E você o deixou com seu fanatismo, Sua ignorância e sua muleta forçosa, No lugar dele surgiu uma mulher que lia sentimento, Que sempre lhe foi leal, Sempre ouvia seu lamento, Com uma humildade serviçal, Aguentava toda a prolixidez de seu pensamento, Sem jamais expor sua superioridade intelectual, Tinha pressentimento, Porque era especial, Antecipava acontecimento, Até que um dia se decepcionou com sua conduta imoral, E ignorou-o ao descobrir que você é um mau elemento.
VIDA INTERROMPIDA
Acompanhei
seu nascimento, seu crescimento e seu pranto, tão insegura e sofrida quanto
você. Fiz-lhe companhia quando você refugiava-se debaixo de uma mesa, mas sem
poder te tocar. Sentia-me solitária e perdida na escuridão que lhe apavorava, e
tateava as trevas para te encontrar e ser acariciada por sua aura. Quando você
agonizava nos pesadelos de seu terror noturno, permanecia paralisada, sem poder
nem mesmo orar por você em pensamento. Tudo era triste e incerto. Nunca
faltaram pessoas ao seu redor, porém faltaram-lhes compreensão e fraternidade.
Quem me dera poder fazer todos entenderem que você tinha problemas que não
sabia resolver sozinha. Quantas vezes pedi a Deus para deixar de ser apenas um
anjo protetor e poder te ajudar a se curar, a realizar seus sonhos, a completar
seus planos idealizados. Deus sempre esteve ao teu lado e Ele nunca deixou de
ouvir suas preces, porque eu também orava ao seu lado por nós duas. Quando você
saía correndo de medo, eu saía atrás de você e quando, finalmente, te alcançava,
estava tão exausta que sentia vontade de deitar-me na sua alma. Por que tanta
agonia e tanta amargura? Tenho certeza que seu radicalismo e sua rebeldia estão
perdoados porquanto eles nunca estiveram destituídos da ingenuidade de uma
criança enferma que você sempre foi e sempre será. Por que tanto talento
desperdiçado, tanto altruísmo em vão? Quantas vezes pedi a Deus para deixar de
ser um anjo, poder interferir em Seus desígnios, ser Seu enviado e fazer um
milagre, lhe dar a oportunidade de fazer uso de sua mente brilhante, mesmo em
condições tão anômalas. Não posso dizer-te que nunca é tarde para recomeçar,
porque a vida é um acidente e pode ser-lhe tirada a qualquer momento. Eu,
também, sou tão frágil como você e posso ser subtraída subitamente sem que eu
perceba. Continuarás triste, mas não morrerás triste. Sempre te segui e sempre
te seguirei. Gostaria muito de te aplaudir por grandes feitos alcançados, mesmo
que você não pudesse me ouvir, mas neste momento só posso segurar suas lágrimas
em minhas mãos e juntá-las às minhas. Tantas fatalidades e decepções podem ter
obstado sua vida, mas jamais meu amor por você.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
PHYSALAN
A ARTE QUE TRANSCENDE
ALÉM DO AMOR
Se você tivesse esperado um pouco
O tempo nem ficaria sabendo
O presente não teria passado
O amanhã estaria pelo meio
À primeira vista é o que se planta
O que cresce é magia
O que amadurece é paixão
O que se colhe e alimenta é amor
A palavra não dita machuca
A mal explicada destrói
O perguntar-se não morre
O imaginar-se enlouquece
O que sobra do alimento do pássaro
Cai no solo e brota de novo
Recicla a flora para a fauna
Traz de volta o mesmo fruto
Se você soubesse quanto amor há para se dar
Se você soubesse quanto o tempo sabe esperar
O passado ainda estaria presente
O amanhã estaria por inteiro
Estou aqui por você e para você e por te querer até morrer, Morrer em você, Estou aqui por você e para você e por te querer até renascer, Renascer em você, Estou aqui por você e para você e por te querer até morrer, Morrer em você, Estou aqui por você e para você e por te querer até renascer, Renascer em você.
Pensou a titia serpente,
Que minha expulsão do paraíso,
Que eu arrepender-me-ia,