segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

FROM DUBLIN AND LONDON, PHYSA HERA, GAIA AND ATHENA WISH ALL BRAZILIANS A VERY HAPPY NEW YEAR!

 


COMO SE FAZ PARA CONHECER UM BEATLE?

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.  

Estou lembrando do dia que chegou na vida da Carol, homenageando-a com a música This is The Day, da banda britânica The The, com aquele refrão - porque sont les mots qui vont tres bien ensemble - : This is the day, your life will surely change, This is the day, when things fall into place. De volta para casa, depois de um dia mágico, Carol disse: Acabo de ver um rosto, uma alusão ao título de uma música dos Beatles, I've Just Seen A Face. Como foi isso? Carol é a americana Caroline Marsh. Num sábado de manhã, de Fevereiro de 1964, Carol foi passar o dia na casa de uma amiga. Chegou cedo demais. O rádio ligado atualizava detalhes sobre a chegada dos Beatles a todo instante. Ela pensou: Nossa, acho que vou até o aeroporto para vê-los. E ela foi mesmo. Chegou, deu uma olhada na multidão de cerca de 5 mil pessoas e resmungou: Ah não, estou fora, tem gente demais aqui, não aguento isso. Pegou um táxi e pediu para voltar para a cidade. O taxista, a par do fuzuê no aeroporto, arriscou uma pergunta: Você veio ver os Beatles? Carol confirmou e disse que não queria esperar porque tinha receio do tumulto. O taxista surpreendeu: Olhe à sua volta. Os Beatles estão bem perto de você. E lá estavam eles, em quatro limusines grandes e pretas, uma para cada Beatle. Ao parar num semáforo, o taxista propôs: Vou segui-los a partir da última limusine e você me diz ao lado de qual você quer que eu pare. O taxista emparelhou com uma das limusines. Carol identificou George Harrison e pediu ao motorista para parar. Ele acenou para a limusine e ela parou. George abriu a porta e deixou Carol entrar. A longa conversa que ela teve com George foi publicada no jornal Herald Tribune de Nova Iorque porque Tom Wolf, o repórter daquele jornal, estava com George na limusine. Carol lembra muito bem da extrema simplicidade de George. Ela perguntou: Como a gente faz para conhecer um Beatle? George respondeu: A gente diz ’Oi’. Os Beatles foram muito importantes para Carol. Ela era uma garota comum, mas cool, como se dizia na época. Os Beatles mudaram sua vida. Ela tinha planejado se formar em Direito, mas, depois que ela conversou com George e conheceu os outros 3 moptops, a advocacia lhe pareceu horrível e desinteressante comparada ao Rock and Roll. Os Beatles a fizeram perceber que tudo é possível na vida. Eles estavam muito distantes do domínio das experiências de Carol. Era como se eles fossem de outro planeta. Como se eles fossem a prova de vida em outras regiões do universo. Carol abandonou a faculdade e foi trabalhar na gravadora Mercury Records. 



domingo, 29 de dezembro de 2024

A RESSURREIÇÃO DE TILLY POR ATENAS


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 


Numa ocasião, o Mensageiro da Enganação convidou Tilly para ir a sua casa para ouvir música, bebericar e jogar conversa fora. Tilly achou que talvez esse fosse um bom momento para passar a limpo as lições preliminares e improvisadas sobre os discos voadores que não ficaram claras no primeiro encontro. Enquanto Tilly esperava uma deixa, o Mensageiro pôs um disco para rolar na vitrola com o volume baixo para não atrapalhar a conversa. Os ouvidos sensíveis e afinados de Tilly logo identificaram um som familiar e rejuvenescido que proporcionava uma sensação agradável e emocionante como ele nunca mais ouvira desde os tempos gloriosos do psicodelismo. Ele pediu para aumentar o volume e ficou todo arrepiado:
Quem são estes caras?
O Mensageiro respondeu que era o mais recente álbum do The Who, aquela banda que poderia ter sido a favorita de Tilly. Aquela que quando Tilly ouviu pela primeira vez o fez procurar seu amigo de adolescência e de panelinha e com quem formou uma dupla chamada The Two Flies.
Meu deus misericordioso e cheio de graça, apareceu um conjunto melhor que os Beatles.
O The Who havia passado pela vida de Tilly como um cometa que deixou um rastro de esplendor, mas nenhum voto de regresso, e Tilly não se deu conta da sua ausência no panteão dos grandes pop stars de tão ofuscado que ele estava pelo brilho do astro rei, os Beatles, por isso a falta de notícias sobre eles nos três anos seguintes passou desapercebida até o dia que ele ganhou de presente metade do seu mais recente e mais celebrado álbum e que ele aceitou com um ar de quem recebe uma caixa de lenços, pois naquela ocasião Tilly já havia deixado de ser um audiófilo para ser um borboleteiro.
Mas agora, sem saber, o Mensageiro havia devolvido a Tilly sua paixão pela música e a ela Tilly se entregou de corpo e alma para tirar todo o atraso e recuperar mais de uma década de descaso. Os Beatles haviam se separado havia muito tempo e Tilly os travestiu de cristo porque eles tinham talento de sobra para exortar uma banda tão quintessencialmente britânica como o The Who para tentar sobrepuja-los. Seria necessário muito tempo e muito aperto financeiro para adquirir todos os discos de catálogos, raridades, livros, revistas e vídeos do The Who e Tilly almejava desfrutar de cada aquisição lentamente como uma criança que saboreia um doce de bar. Tilly nunca deixou de ser um menino. Só trocou as calças curtas pelas compridas que serviram apenas para aumentar sua rebeldia, seu radicalismo e sua imaturidade. Aos olhos de uma pessoa desavisada, Tilly poderia passar por um garoto sábio e meticuloso que guardou todos os presentes de natal por mais de uma década e deixou para abri-los todos agora, na idade adulta, um a um, como um colecionador, sem perceber que ele queria ter pela frente muitos anos de brincadeira até enjoar.

sábado, 28 de dezembro de 2024

A DEUSA DA ÁGUA FRIA


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

O bairro da Água Fria é uma pequena galáxia situada no quadrante norte do universo de São Paulo. Seu núcleo é denso, um mar de vida singrado pela avenida homônima, que começa lá em cima, no alto de Santana, onde também começa a Avenida Nova Cantareira, e termina, de novo, lá em cima, no Barro Branco, aonde também chega a mesma Avenida Nova Cantareira. Só mesmo as dobras da teia do espaço curvado pela massa humana, pelo asfalto e pelo concreto podem explicar os encontros, desencontros e reencontros destas duas avenidas pertencentes a bairros distintos.
 
 
De 1959 a 1975, eu morei na ponta de um dos tênues braços espiralados deste pequeno aglomerado. O sistema solar onde eu morei tem um nome peculiar: Corneteiro Jesus. Todos os seus habitantes, desde os mais antigos até os de hoje, chamam-no, erroneamente, de Corneteiro de Jesus, fazendo os sistemas vizinhos pensarem que o nome se refere a um anjo que anuncia o retorno do mitológico discípulo do João Batista com uma trombeta. Jesus era um soldado do quartel do Barro Branco que, segundo a lenda, nunca  deixou de cumprir seu dever uma única vez sequer durante o seu tempo de serviço: soar sua corneta todos os dias às 5 horas da manhã para acordar o regimento.
 
 
Um sistema vizinho, a Rua Albuquerque de Medeiros, apelidada de Mombuca, era o nosso maior rival, ou melhor, rival somente da garotada no futebol. As teimas eram tiradas num território inexplorado e desolado, além dos limites da galáxia, chamado Carne Seca, considerado um campo neutro, mas, na verdade, era mesmo um reduto distante dos Mombuqueiros e dominado por eles. Hoje, imaginem vocês, o famigerado Carne Seca deu lugar ao refinado bairro Jardim França.
 
 
Mas o meu sistema não vivia só da rivalidade com a Mombuca. Tinha muita tradição e muita história. Jogos olímpicos eram disputados todos os anos, de Janeiro a Dezembro, à maneira dos Gregos, só pelos machos, mas não desnudados, enquanto as fêmeas tinham permissão para assistir só a alguns poucos jogos e de longe. Tinha época certa para cada tipo de modalidade: o jogo de botão com tampas de relógios que o saudoso Tio Chico trazia da famosa Casa Castro na Praça da República; os rachas de futebol no asfalto, com bola de borracha que ganhava a forma perfeita quando furava; o jogo de taco que, ao contrário do baseball americano, não permitia jogadores e assistentes tirarem uma soneca enquanto o prélio de 2 contra dois transcorria; as bolinhas de gude que estecavam outras para fora do triângulo, matavam palmo a palmo e a queima-roupa e se encaçapavam nos a boxes sob a terra; o roda pião na cela que cravava a couraça de madeira com um prego; a caça aos quadrados com cortante e a humilhação do adversário com a captura de seu papagaio em pleno ar; a caça ao balão para não ficar pagão, a guerra de estilingue com munição de mamona que ardia mas não matava; o jogo do abafa com figurinhas repetidas, desgastadas e descartáveis; a corrida de carrinhos de rolimã ladeira abaixo e muita ralação nos joelhos; o passeio de patinete, movido pelos pés como no tempo dos Flintstones. Estranhamente, as artes marciais eram sempre praticadas à noite, e sem a violência dos dias atuais: a mana mula e seus castigos pictóricos ao muar sorteado: amassa tomate, um bife e um batata, cortar salaminho, levar o burrinho para beber água, bombeirinho. Finalmente, balança caixão, uma fileira curvada, apoiada dorso a dorso, que recebia um tranco de dobrar a coluna, como Zorro saltando das alturas e caindo montado em seu cavalo.  Era estranho também que somente à noite os meninos se enturmavam com as meninas, e com elas praticavam alguns esportes amadores meio efeminados: amarelinha, passa-anel, cobra-cega e queimada. No entanto, até onde sei, não foi em razão do relacionamento com estas flores que algum cravo se tornou rosa. 
 
Já era época de acasalamento para os garotos, mas para as garotas eram apenas tempos de flertes, e, para mim, flertar era enviar um bilhetinho e, com sorte, conseguir um aceno de mão delicada à distância. Isso mudou com a inesquecível Márcia, que morava noutra galáxia, chamada Jardim São Paulo, e comigo estudou noutra ainda bem maior e mais distante, chamada Jaçanã. A Márcia me ensinou a namorar, a beijar e a me fazer imaginar o que eu poderia tentar com as três beldades mais cobiçadas do meu sistema. A Tânia era a mais provável, a mais liberal, aquela que, dizia-se, gostava de mim, mas ela raramente se aventurava além dos limites de seu planeta, onde ela nunca me recebia sozinha, mas só acompanhada de outras amigas. A Maria parecia impermeabilizada pela frescura e arrogância. Sempre pensei que ela usava estes escudos como mecanismo de defesa para sua insegurança. Enganei-me. Na verdade, ela era exigente e muito autoconfiante. A Lúcia era recatada demais. Ela parecia estar se preparando para entrar num convento de freiras. Enfim, jamais consegui arrancar um simples beijo, nem do tipo selinho, de qualquer uma das três. Pensei, então, que eu só fosse encontrar outras encantadoras alienígenas como a Márcia fora de minha Galáxia nanica.
 
 
Mas um dia, surgiu uma nova habitante nas imediações da Corneteiro. Uma garota linda, de 18 anos, dois a mais do que eu, mas com um olhar penetrante e sensual de mais de 21. Nem parecia  ser da minha espécie de tão adorável e atraente. Parecia uma deusa. Mesmo com toda aquela formosura, era humilde e discreta. Era pobre e precisava trabalhar para ajudar em casa, e logo arrumou um emprego na farmácia Santa Luzia, na movimentada Avenida Água Fria. Ela fixou residência perto da Maria e com ela fez amizade. Certa ocasião, surpreendentemente, a Maria veio ter comigo,  e me disse que aquela deusa queria conhecer o simpático turquinho que ela via passar pelo larguinho com sapatos brancos da Arco-Flex. Minha bela napa havia confundido a deusa, pois meu nariz não vinha da capital do império romano do oriente e nem mesmo da capital do império do ocidente de onde descendo por parte de pai. Ele veio do meu lado materno espanhol. Amor à primeira vista é sempre assim: nossa primeira troca de olhares selou o mais apaixonante e empolgante namoro que eu tive em toda minha vida. Por essa deusa, eu abandonei as olimpíadas diurnas e as brincadeiras noturnas, e passei a me dedicar mais à poesia e à música. Tornei-me um trovador.
 
 
Minha deusa fazia questão que eu fosse busca-la na farmácia todos os dias nos finais de tarde. De mãos dadas, começávamos a subir a Rua Altinópolis, lentamente, esperando a noite cair como um véu sobre nossa intimidade. Passávamos pela Rua Dr. Alcides Prestes e desviávamos para a Rua Gracianópolis. Para não expor nossa cumplicidade à Rua Casa Forte, muito próxima da Rua Marechal Fontoura onde a minha deusa morava, fazíamos outro desvio para a Rua Ismael Nery, e lá nos recostávamos sob uma árvore frondosa que foi testemunha das mais belas carícias e juras de amor. Voltávamos para casa sempre por caminhos separados, e nos fins de semana nos  reencontrávamos na casa da saudosa Dona Vera, que sancionou o nosso amor como uma juíza de paz, e fez de seu lar um ponto de encontro de todos os jovens do grupo local de sistemas.
 
 
Esta deusa poderia ter me ensinado outras coisas além dos beijos cinematográficos e dos abraços apertados, repletos de ternura, mas ela preferiu preservar o meu romantismo e o alimentou com palavras emblemáticas. Dizia que eu era seu 'marinheiro'. Inebriado de tanta paixão juvenil, eu não me preocupava em saber qual de nós estava empreendendo sua primeira viagem pelos complicados caminhos do coração, e retribuía sua sublime vivacidade feminina com poesias e canções. A minha deusa se encantava com meus escritos e meus cânticos e me estimulava a fazer declamações ao longo dos caminhos que trilhávamos juntos.
 
 
Num lindo sábado vespertino, com o céu rosáceo do sol poente, passeávamos pela Rua Florinéia, onde ficava o Grupo Escolar Expedicionário Brasileiro do qual recebi o meu diploma do curso primário. De repente, nos deteve uma agradável e distante melodia, vinda das cercanias, e que passou por nós como o efeito Doppler, se aproximando lenta e suavemente, depois nos arrebatando com sua estrondosa sonoridade e, finalmente, se distanciando gradativamente como os últimos raios de sol no firmamento. Eram os Beatles na voz de Paul cantando 'Você diz sim, eu digo não. Você diz pare e eu digo vá. Você diz adeus e eu digo olá'. Sempre que ouço ou apenas me lembro desta canção sou imediatamente remetido para aquele momento que nos deixou  estáticos e comovidos, pois nós não tínhamos ido ao encontro daquela canção. Ela que veio até nós. Só hoje compreendo que, embora 'Hello Goodbye' tivesse se tornado a nossa música favorita, ela nos procurou para nos dar um enigmático aviso. Naqueles dias, eu não entendia porque Paul precisava dizer a uma mulher: 'Eu não sei porque você diz adeus enquanto eu digo olá'.
 
 
Num domingo de matinê, a Maria veio ter comigo de novo, desta vez para me dizer que a deusa havia desmanchado o namoro por causa de sua mãe. Quando a Márcia mandou me dizer que nosso romance estava acabado por causa de seu irmão, eu senti um vazio enorme, mas não demorei muito para me refazer. Mas quando a minha deusa fez o mesmo comigo, o chão desabou sob os meus pés e me fez cair numa profunda fossa. Fiquei desesperado, desamparado, desorientado e sem forças para subir à superfície. Custei muito a voltar ao convívio habitual com meus amigos da Corneteiro e da Extensão do Jaçanã onde eu estudava até que, depois de muito tempo, consegui iniciar um novo namoro com a Rosa, com quem me casei, tive três filhas e de quem me divorciei depois de nossa festa de bodas de prata.
 
 
Eu tinha com a Rosa um namorico firme, mas eu não perdia um baile sequer da turma que conheci em outras galáxias. Num desses bailes, realizado nas proximidades da Rua Ismael Nery, eu saí para a sacada do sobrado para dar umas tragadas e bebericar uma cuba-libre ao ar livre (desculpem-me o trocadilho barato), e me surpreendi com a presença da minha  deusa no canto oposto do terraço. De longe, ela me viu e me acenou, e logo veio ao meu encontro. Já não me recordo quem a convidara para aquele baile ou mesmo se ela estava acompanhada. Ela me tirou para dançar e, em seguida, me chamou para um passeio. Eu lhe perguntei para onde e ela me respondeu: 'Nossa árvore está perto daqui'. Eu achei tudo aquilo muito casual, brusco e oportunista  demais. Não se coadunava com a preciosa paixão, caprichosamente lapidada, que tínhamos um pelo outro. Por isso, naquela noite, eu estava menos empolgado do que curioso. Menos emocionado do que ansioso.
 
 
No entanto,para a frondosa árvore, nada era fortuito ou inesperado. Para ela, tudo era sempre igual como as quatro estações do ano, e nós éramos uma delas que retornava com os mesmos acalorados beijos e abraços de verão aos quais ela se acostumara. O que aquela árvore jamais presenciara foram as lágrimas vertendo dos olhos meigos e sinceros da minha deusa, com uma voz embargada a suplicar-me perdão. Foi a primeira vez que eu vi aquela jovem mulher que eu endeusei chorar, dizer que sentia minha falta e que não poderia viver sem mim. Eu era ingênuo e simplório demais para minha idade e, muitas vezes, paradoxalmente, eu me comportava com uma fidelidade que se espera encontrar somente nos adultos. Eu cometi o sacrilégio de não assentir imediatamente ao pedido de minha deusa, porque eu estava comprometido  com outra garota. Ela não se conformou e levantou a voz contra mim. A última coisa que eu esperava da minha deusa era uma promessa de vingança. Eu não pude acreditar nas suas palavras e as atribui a um possível excesso de vodca no baile. Contudo, a minha deusa estava falando sério e sóbria, pois, na semana seguinte, ela bateu na casa da Rosa em plena luz do dia, chamou-a para fora e fez um grande escândalo por minha causa.
 
 
Comentar os desdobramentos daquele incidente seria uma injustiça à coragem, firmeza e determinação da minha deusa. Basta dizer que pouco tempo depois deste triste episódio ela deixou a Água Fria e nunca mais a vi.
 
 
Em termos astronômicos, essa deusa foi como um cometa desvencilhado das gravidades solares e que, nas suas andanças pelo universo de São Paulo, precisou fazer uma breve parada na galáxia Água Fria, mas seu brilho passou desapercebido por todos os habitantes, o que não pode ser justificado só pelo fato dela ter feito uma morada transitória nos confins desse pequeno agrupamento estelar, pois ela demorou-se o suficiente no seu populoso núcleo para ser notada. Talvez ela fosse uma deusa só para mim, mas que não pertencia a mim nem à Água Fria.
 
 
Se eu pudesse voltar no tempo, eu diria a ela que eu era muito medroso e muito fraco. Receava que meu frágil coração não resistisse a mais uma desilusão como aquela que tive com a Márcia, e agora com minha própria deusa. Talvez eu me sentisse mais seguro com a Rosa, que era mais tímida do que eu, mais conservadora, incapaz de empolgar, mas também incapaz de despedaçar corações de qualquer idade. Se você pegasse no meu pé como sua mãe pegou no seu. Se você chutasse o pau da minha barraca como você chutou o da Rosa. Se você soubesse como eu me abalava emocionalmente com tanta facilidade. Se você soubesse...
 
 
Como eu não posso mais voltar no tempo, resta-me dizer que a Avenida Água Fria nasceu ao lado da Avenida Nova Cantareira, e seguiu adiante, quase sempre em linha reta, sempre fiel ao bairro que leva seu nome, recebendo inúmeras ruas perpendiculares e serpenteadas, como um rio que acolhe vários afluentes, e sempre conformada com as delimitações de sua jurisdição. Já a Nova Cantareira tomou um rumo diferente, abriu um enorme leque para o leste, fez o Jardim São Paulo e a Vila Pauliceia abrirem alas para lhe dar passagem, perscrutou todo o bairro de Tucuruvi, se impôs como fronteira entre o Jardim França e o antigo Morro do Ademar, bateu de frente com o Barro Branco sem tomar conhecimento da Avenida Água Fria que ali se contivera, e voltou a se embrenhar pelo norte, deixando para trás a Vila Albertina e o Tremembé até chegar ao pé da serra que leva seu nome e faz fronteira com o universo de Mairiporã.
 
 
Talvez eu tenha sido a Avenida Água Fria, mais resignado e com expectativas mais limitadas, enquanto a minha deusa foi a Avenida Nova Cantareira, mais atirada, como um Ulisses instigado  pelo destino a sair em busca de odisseias e contemplar outros mundos. Coincidentemente, hoje resido na base da Serra da Cantareira, com a Cecília, minha esposa, e a pequena Ana Carolina, minha quarta filha. Mas minha deusa, eu não sei onde está.
 
 

Embora tivéssemos nossos corações partidos, tínhamos que nos manter ocupados para não nos transformarmos em inconsoláveis. Havia um monte de coisas que precisavam ser feitas. E só Deus sabe com que corações partidos tivemos que faze-las. Embora tivéssemos sonhos frustrados, tínhamos que nos manter ocupados porque não podíamos viver de sonhar um com o outro. Havia muitas coisas que precisávamos realizar. E só Deus sabe com que sonhos frustrados tivemos que realiza-las. E porque tínhamos lembranças recorrentes que nos deprimiam, tivemos que beber para esquecer um do outro, pois nos diziam que isto curaria o tempo adoentado, mas só Deus sabe com que tamanha depressão acordávamos de nossas bebedeiras. E porque ficávamos chorando o tempo todo, tivemos que cobrir nossas lágrimas com sorrisos forçados e seguir em frente como se estivéssemos recuperados, mas só Deus sabe quão sofridas têm sido nossas peregrinações pela vida, distantes um do outro, e com os nossos corações machucados.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

O RETRATO DE UMA ALMA

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 



Sempre tenho ideias, coisas para dizer, para escrever, fatos que incomodam-me enquanto não conversar com eles, sentimentos imprecisos que inquietam-me enquanto não tentar entende-los. Para lidar com essas impressões, concretas e abstratas, reais e imaginárias, preciso de ajuda, ajuda de algo que sensibilize a alma, que a alimente com lágrimas emotivas e incensuráveis. Quando procuro ajuda, impaciento-me para encontrá-la mas, quando menos espero, ela desponta, cantando para mim sem saber que veio socorrer-me, acreditando ter encontrado alguém que a ouça com os ouvidos da alma. Então digo o que tenho para dizer e o som numinoso alegra-se com nossa empatia, mas ainda pede-me uma imagem que registre para sempre este encontro mágico, entre o pensamento e a voz do princípio vital. A feição da alma muda a cada milionésimo de segundo e é impossível captar o exato e raro momento em que ela sincroniza o elemento psicóide da natureza com a transcendência da reflexão humana. Lembro-me de uma vez quando sonhei que eu era um pintor e me pediram para explicar o sorriso de Monalisa. Eu falei com desenvoltura por meia hora, esgotei todos os meus conhecimentos sobre técnicas de pintura e conclui que não sabia dizer de onde veio aquele sorriso da Gioconda. Os que indagaram-me, explicaram-me que o sorriso dela partiu do coração, antes que o cérebro recebesse qualquer estímulo. Por isso, deixo estas imagens surgirem ao acaso, e elas aparecem, supostamente indiferentes, mas já produzidas com propósitos definidos e perdidos, um dos quais sempre vem ao encontro de minhas necessidades antes mesmo que elas tenham nascidas. Há pouco tempo, tive uma sensação incomum. Apareceu diante de mim o retrato de uma alma pedindo-me para explicar-lhe que devaneios divinos e que cânticos angelicais registraram sua imagem. Minha querida, eu te chamo de querida porque a alma é feminina, enquanto o corpo é masculino, e a mente, que une os dois, é a sizígia, ou a própria anima que é a interlocutora entre a psique e seu centro regulador que chamamos de Deus. Minha querida, eu gostaria de ser puro, como o branco, mas não sou, e, se você acha que tenho alguma inclinação à alvura, não se engane, pois sou um ser ambivalente e o que você vê em mim é o positivo do retrato de minha alma, mas negativamente carregada de todas as misérias humanas resgatadas de volta a uma caixa de Pandora, e recomposta de todas as cores do espectro devolvidas à sua fonte original através do mesmo prisma que as separaram, transformando-me no enganoso vazio total e neutro da cor que não representa apenas a ausência de cores ou a soma de todas elas, mas também uma contraposição ao nada que é gelado, escuro e assustadora e desproporcionalmente maior do que o insignificante todo para o homem, essas pedrinhas luminosas e solitárias que salpicam o breu sem-fim. Se eu me desvio para o branco, não é porque eu sou puro, pois nem mesmo meus terapeutas tiveram acesso ao meu lado sombrio, e nem porque sou um pacifista por convicção, mas por conveniência, pois minha apologia a não violência é apenas um simulacro para camuflar meu medo, daí o fato de minha face, às vezes, parecer estar pálida de sobressaltos. Na verdade, eu sou um medroso e sempre amarelo, mas sem as rédeas curtas de minha fobia social e de meu acanhamento, posso transformar-me numa fera indomável, como a matiz áurea que rechaça todo tipo de atenuação e transborda da tela onde o pintor tenta enclausurá-la com outras nuanças. Mas você é sublime, mais alva que o branco supremo, por isso muda de cor, como o negro do ébano que parece azul de tão negro. E você é como o branco do marfim que parece rosáceo de tão branco. Quem te fotografou, imaginou a vida como ela deveria ser hoje, e sua imagem deve ter sido captada ao som do que os cientistas chamam de big bang, quando o universo foi gerado, e as predisposições para cria-lo não são dos mesmos que tiveram a ideia de inventar Deus, antecipando que ele seria uma explicação plausível para este momento singular de sua alma.



quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

ENCARNAÇÃO

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.  

ADEUS À CANDIDA B. Z. NATALI - 1927 - 2024

Adiemus, Adiemus!
Aproximem-se todos
Vocês que são da Itália e de Portugal
Querem filhos franceses ou brasileiros?
Abram os olhos porque vocês já estão no paraíso
Abençoada seja esta terra que vos acolheu


Adiemus, Adiemus!
Entrem numa casa de espanhola sem a filha saber
Perguntem às mães, às avós e aos seus cães vivos e mortos
Querem ilusionismos houdinianos ou cândidas adivinhações?
Mantenham os olhos fechados porque vocês estão dentro de um sonho
Abençoado seja este sono que vos repousa


Adiemus, Adiemus!
Ousem intrometer-se num enterro da aristocracia negra em Paris
Peçam para deportar vosso caixão do velho para o novo mundo
Querem filhos submissos ou libertos?
Abram os olhos porque a escravidão foi abolida
Abençoada seja esta miscigenação que vos contemplou 


Adiemus, Adiemus!
Pasmem com o veludo púrpuro que forra todas as paredes
Digam adeus às aulas de balé e língua estrangeira
Querem filhos de reis ou de trabalhadores?
Fechem os olhos para os que vos deserdaram 
Abençoados sejam os que a vós se irmanaram


Adiemus, Adiemus!
Cantem com mãos erguidas ao céu
Façam estalar todas as castanholas das ciganas espanholas
Querem dançar flamenco e baião ao mesmo tempo?
Abram os olhos para o verde exuberante
Abençoado seja o amarelo de nossas bandeiras 


Adiemus, Adiemus!
Deixem os céus tempestuosos
Venham para os solos férteis
Seus filhos são todos estrangeiros
Embarquem nos mesmos navios negreiros
E aportem na água, na terra e no fogo prometido aos mortais


quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

ANYTHING YOU WANT



Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

A lifetime lived, A whole Sisyphus work started over, At full brilliance, All demigods' friends, All the united and translucent suns of pale gold, Which I am still allowed to see, Reviving, They are yours, All those colossal waters, Going down, Through twisted paths, From the top of rapids to infinity, Among so indecipherable sortileges, How eternal moment of venture, Adored be all of you, I return them to your eyes, All the moonlights running the hours over sighs, Sweet harp's preludes, Over your body's singleness, Lighter than a magnolia leaf, Fallen from the sky in the night dissolved in stars, June moon silvering the fields, Whiteness of light in the silent mornings, I return them to your memories, All the cold fear that flows in my veins, All my fire that burns feverishly and remains unseen, Everything that cools me down and drives me crazy, That lifts me up and knocks me down, They are all love I give to you, From the bottom of my heart.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

ALGO ASSIM

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98

Véspera de Natal de 2008, Ruth deixa o apartamento, Como quem deixa por enquanto uma tragédia, E pega o elevador, Como quem já sabe que não pegará cadeia perpétua, Terá tudo confiscado, Até suas roupas íntimas, E quase nada sobrará para pagar um advogado, Ela vai ao cabeleireiro, Uma persistência caturra numa rotina estúpida, O salão não leva em conta sua inocência, E ela paga pela contagiosa trapaça do marido Bernie, Um dos melhores American Hustles,

Na mesma noite, Eu, minha esposa e minha filha de 5 anos estamos dirigindo pela New York State Thruway 90, Já passamos por Erie, Buffalo e Rochester, Estamos indo em direção a Syracuse, Antes da solenidade e do júbilo que nos espera no Brasil em Janeiro, Na estrada reina precipitação que não cria caso com a perfeição, Porque o rigoroso inverno do hemisfério norte, Abaixo de zero, Apressa a noite que cai com a tempestade de neve, Extrema alvura que embaça e, Ao mesmo tempo, Estatela a escuridão,

Ruth volta para casa resmungando queixas ao companheiro, Enxotada pelos amigos, Sem nada, Sem nunca ter trabalhado, Desenganada por tantas mentiras, Ela prefere a morte, Sem esperar por Deus, Sugestão a qual o homem aquiesce sem hesitar, Eles têm dois tipos de metanfetamínicos em quantidade suficiente para prover uma farmácia, A cama é aconchegante, O filme na TV é antigo e traz boas lembranças, Levaram uma vida as good as it gets, Agora é só esperar o sono vir e dormir,

Syracuse está próxima, Decidimos entrar na cidade junto à rodovia, A pequena Liverpool, Onde já estivemos, Tão pequena que nem aparece no mapa, O Homewood Suites que nos acolherá parece estar perdido, Escondido no meio de coisa alguma, Nada de suas habitações e suas gentes que parecem terem saído para passar as festas de fim de ano no calor da Flórida e da Califórnia, Lá dentro, Como lá fora, Só há uma alma viva, Lá fora, Um guarda fantasmagórico sob luzes de neon neblinadas como lampiões com gás no fim, Lá dentro, Aquele que recebe hóspedes e cobra deslumbrantes US$ 150 a diária, Por uma câmara-ardente no sepulcrário, Onde se houve o som do silêncio, Amanhã é dia 25, Será que haverá café da manhã?, Isso é tão certo quanto o aparecimento de uma alma feminina desacompanhada, Embutida em calça, blusa de moletom e tênis, Pronta para o Cooper matinal,

O sol da liberdade em raios fúlgidos brilhou no céu da pátria americana no dia seguinte, Dia de abrir presentes e reunir a grande família, Mas a providência interrompeu o sonho de sono eterno do casal, Ao amanhecer, Dormiram uma inércia quieta e acordaram surpresos, Nunca se imaginou que uma boa mulher e um mau homem pudessem despertar ainda casados com a vida, Meio atordoados, Menos ressacados que um grande porre, E agora enfrentam o resto da dura realidade, A maldição da legião dos que foram lesados, A prisão eterna de um, A pobre liberdade de outra, O trágico suicídio de um filho envergonhado,

Sentados à mesa de um dos cômodos do enorme hotel residência, Tão grande quanto a solidão de um menino num internato, Nós três ceamos comida congelada do freezer e requentada, Regada a sucos, E fazemos planos, Deixar que tudo se perca, Os sacrifícios de tantos anos foram inúteis, Nem mesmo recebemos qualquer gesto de reconhecimento e gratidão de tantos beneficiados, Nem retaliação dos que foram prejuicados, Já naquele tão esperado evento no mês que inicia um novo ano, Fomos homenageados com um primor de indiferença e ojeriza, Que só perdem para uma ameaça psicológica de execução de fundamentalistas, Que decepam suas vítimas ao vivo e postam os vídeos nas redes sociais.

Não temos nenhuma importância, Nossas vidas não fazem diferença nenhuma no mundo, Somos apenas um pouco excêntricos, Como num filme cult, Uma desunanimidade deseinteligente, Aqueles que os alienígenas marcaram por engano e foram descartados, Porque ligamos para algo ao qual possamos recorrer, Alguém que possamos tocar e abraçar, Algo com o qual possamos se importar, Alguém de quem possamos sentir falta, Beijar e amar, Algo assim, Ver uma filha tão jovem tentando o suicídio é o mesmoo que morrer. Ver uma mãe padecendo de tanta tristeza e ainda reunindo forças para seguir adiante com toda essa amargura, medo e insegurança, pôs fim ao último resquício do medo que eu tinha de morrer. Já estou morto por dentro e meu invólucro é descartável como uma casca de banana. Dezesseis anos depois, O padrão de solidão ganhou nova roupagem, palavras que roubei de alguém no facebook: Fiz de mim mesmo meu amigo íntimo e, assim, nunca me sinto sozinho.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

QUEM NÃO SE LEMBRA DISSO?: AUSTMATHR GOES FUNNY

 





Meu amigo AustMathr voltou na sexta-feira, do Instituto do Câncer, onde esteve internado desde domingo passado para se submeter a procedimentos bem desagradáveis. Ele esteve sozinho o tempo todo. Sua mulher não pôde lhe fazer companhia porque ela está cuidando da filha que está muito doente em casa. Eu também não pude porque justamente nesta semana estive fora participando de um projeto cultural inadiável. Mas AustMathr encarou tudo com um bom senso de humor, aliás bom demais para minha surpresa. Ontem, ele me enviou uma mensagem, dizendo que rompeu a monotonia de 5 dias e 5 noites no nosocômio, pedindo emprestado um celular com internet de seu companheiro de quarto, na maior cara-de-pau, e com ele ficou lendo e comentando algumas notícias publicadas nas mídias digitais. Pedi a ele autorização para postar seus comentários no blog. Ele concordou, mas me pediu para postar somente neste domingo de páscoa. Sugeri a ele, como ilustração, uma caricatura do Mr. Bean, e ele concordou. E a música, perguntei, qual eu ponho? Fiquei arrepiada quando ele respondeu: 'somos gente feliz, então poste aquele vídeo do R.E.M. com a música Shiny Happy People, uma linda homenagem aos gloriosos anos 60 no modo de cantar e dançar'. Num de seus comentários ele faz referência a mim e brinca dizendo que eu espero ele voltar à vida e manda eu esperar sentada num cemitério. Mas o fato é que ele voltou a escrever alguma coisa, depois de muito tempo, mesmo que não seja nada sério, só para se divertir, para lutar contra sua solidão e sofrimento num hospital, e isso demonstra que ele está voltando à vida. Estou feliz por ele. Meu presente de aniversário para ele tardou, mas não falhará. 
Inglesa Luso Chinesa
9 de Abril de 2023
P.S. Oxman é o apelido de AustMathr.

Texto de autoria de Austmathr Viking Dubliner com direito autoral desprotegido pela Lei. 

UOL: Já viu filme do urso que ingeriu cocaína? Confira outros cinco filmes de animais descontrolados.

OXMAN: Filme eu não vi, mas sei de um animal descontrolado que consome cloroquina para desabrochar.

UOL: Saiba como perder peso e não voltar a engordar.

OXMAN: É simples, basta parar de comer até emagrecer, e nunca mais comer para não engordar.

UOL: Peixe nada em cozinha alagada por enchente em Mato Grosso.

OXMAN: Isso me lembra de uma de minhas inúmeras viagens à China nos anos 90. Numa delas, eu estava com empresários chineses na região central do país. Trabalhamos de manhã e paramos para almoçar num restaurante de frutos do mar. Na entrada, do lado esquerdo, havia uma enorme piscina com diversas espécies de peixes. O piso estava encharcado e escorregadio. O cliente escolhia o peixe preferido e o funcionário o retirava. Lá se comia peixes de boa qualidade. Antes de escolher o meu, fui ao banheiro e o encontrei alagado, além de um peixe se debatendo para voltar à piscina. Quando sentei-me à mesa, o garçom me perguntou se eu já tinha escolhido meu peixe. Eu respondi que preferia camarão e perguntei se o mesmo vinha da piscina. O garçom respondeu que o camarão era mantido num freezer e garantiu que era fresquinho, pescado no mesmo dia e foi lavado na piscina antes de ser congelado. Perguntei: Você tem pizza?  

UOL: TSE encerra instrução, e Bolsonaro pode ficar inelegível após feriado da Semana Santa.

OXMAN: Após a Semana Santa, chegam as Festas Juninas, com muitos fogos que, às vezes, dão chabu, quermesses (que não são mais feiras só de igreja), quentão (não confundir com imbrochável), quadrilhas (não confundir com milícias), drones que substituem os balões incendiários que estão proibidos, mas vão continuar soltos, simpatias (damarianas e michellianas), sortes (de se tornar apenas inelegível) e adivinhas para o venerável casamenteiro, como, por exemplo: 'Confessei-me a Santo Antônio que estava prevaricando, Ele deu-me por penitência, que fosse continuando'. 

UOL: STF derruba por unanimidade prisão especial para quem tem ensino superior

OXMAN: Há muitos anos, criminosos de alta periculosidade, sem curso superior, mantidos em prisões de segurança máxima, são trancafiados em celas com TV a cabo, espaçosas para receber várias visitas, inclusive íntimas, com direito ao uso de celular, e, ao invés de comerem no refeitório, podem pedir o que querem através do serviço de entrega do iFood. Alguém aí sabe quem paga?

UOL: Dua Lipa de biquíni mínimo e Mariana Ruy Barbosa transparente: o que está na moda?

OXMAN: Se um dia eu puder voltar a sair de casa e ir à praia, vou aderir a estas duas modas: calção de banho mínimo e transparente.

GLOBO: Síndrome do orgasmo do pé: a ligação do membro com o cérebro na hora do prazer.

OXMAN: Quando eu tinha 40 anos achei que eu podia fazer uma quarta faculdade, a de psicologia, mas só cursei um ano porque eu perdia muitas aulas, provas e trabalhos em grupo devido às minhas constantes viagens pelo Brasil e ao exterior a trabalho. O professor de genética humana nos ensinou que síndrome é o nome que se dá a uma doença que afeta mais de um órgão ou sistema (cardíaco, respiratório, gastrointestinal, etc.). Isso ocorre em quem nasceu, por exemplo, com síndrome de down. Bem, esta síndrome do orgasmo do pé requer duas análises distintas: 1) a pessoa tem os pés afetados por diversas doenças: chulé congênito que não tem cura, nem com creolina, frieiras entre os 5 dedos dos pés que resistem a todos os tipos de pomadas, talcos e soluções caseiras (alecrim, capim-limão, melaleuca, tomilho, hortelã-pimenta, etc), unhas encravadas com micose e fungos incuráveis, calos em todos os dedos, do tipo 'teimosinho', que são arrancados num dia e reaparecem no outro, olho de peixe na planta dos pés, o Tunga Penetrans, popularmente conhecido como bicho do pé, joanetes, fascites, rachaduras e outros. 2) Já o orgasmo só pode ser feminino, uma vez que o pé não ejacula, mas pode fazer penetração vaginal e massagear o clitóris. Finalmente, há que se considerar também a Larva Migrans Cutânea, mais conhecida como bicho geográfico que entra pelo pé, percorre o corpo e pode se alojar na vagina, estimulando, assim, o orgasmo. Só não sei onde o cérebro entra nisso.  

UOL: Após denúncias do UOL, universidade do RJ diz não saber se pagou bolsistas fantasmas.

OXMAN: Isto faz sentido. Além de serem invisíveis, os fantasmas têm contas fantasmas que não podem ser rastreadas, a não ser por outros fantasmas. Se alguém envia dinheiro para a conta deles por engano, a grana evapora. O único jeito é contratar um fantasma que em vida foi um funcionário público fantasma. Mesmo assim, é muito difícil recuperar o dinheiro. Fantasmas nunca se entregam because they always keep the upper hand. 

UOL: Carrões da casa abandonada: coleção milionária é achada na Guarapiranga, em SP.

OXMAN: Já dizia Shakespeare em Hamlet: Há mais coisas por baixo do pano do que nossa vã democracia tem vontade de revelar.

UOL: Passarinho azul: logo do Twitter volta após Elon Musk trocar por cachorro.

OXMAN: Twitter em inglês significa Piador, do verbo piar. Se o cara troca o passarinho por um cachorro, deveria substituir Twitter por Barker que significa Latidor, do verbo latir. Incongruência corrigida a tempo. Ele é bilardário, mas gafioso também. Se um dia eu me tornar podre de rico como o Musk, e isto pode levar até umas 100 encarnações, eu vou comprar várias empresas famosas: A Lacoste passa a ser chamada L'homme Boeuf e o jacaré da logomarca é substituído por um homem com cabeça de boi; a Caterpillar, que significa lagarta, desabrocha numa Butterfly, que significa borboleta, e a logomarca CAT, que significa gato, é substituída por DOG, meu animal de estimação favorito; A Quaker que significa tremedores passa a se chamar Hotsy-Totsy, meu inglês para gostosas praticantes, e a logomarca com o rosto do velho e antigão George Fox, que foi importante na fundação da empresa, é substituído pela foto da jogadora de futebol feminino Alisha Lehmann, de costas, vestindo um shorts curto e apertado, porque ela é um importante colírio para os olhos. Tudo isso não faz sentido nenhum se estas empresas deixarem de existir daqui a 100 gerações, portanto todas essas conjecturas são inúteis.  

UOL: Apreensão liga empresa de NY a contrabando de ouro amazônico; perícia aponta origem ilegal.

OXMAN: Afinal, existe alguma coisa legal na Amazônia?

ESTADÃO: Hipermercados reagem, depois de terem sido ‘atropelados’ pelos atacarejos.

OXMAN: Gostei dessa contração de atacado com varejo. Conheço outras semelhantes como caranguejo = carango (carro) + transliteração da palavra queijo = carro que transporta queijo; percevejo = contração redundante da conjugação dos verbos perceber e ver; gargarejo = contração irregular da expressão arejar a garganta que deveria ser o contrário, arejanta;  traquejo = peido com cheiro de queijo (traque + outra transliteração da palavra queijo); há muito tempo, um jogador do Internacional de Porto Alegre,  time de camisa vermelha, sendo entrevistado, falava de sua nova casa em construção quase pronta. O repórter perguntou se o que faltava no acabamento era o azulejo. Para evitar qualquer associação com seu rival, o Grêmio de camisa azul, ele respondeu: azulejo não, vermelhejo!  

UOL: Drake mentiu sobre cancelamento de show no Lolla; parte da equipe estava no Brasil.

OXMAN: Liguei para minha filha e perguntei a ela quem é este tal de Drake. Ela me disse que é um rapper canadense, um dos artistas mais ouvidos no planeta. Acho que o Drake deveria reconsiderar sua decisão. Eu prefiro rappers assassinando os ouvidos dos amantes da música a matar gente nas ruas.

GLOBO: Iggy Azalea desabafa por não fazer sexo há seis meses e se gaba de ter 'seios perfeitos'

OXMAN: Eu não tenho o hábito de ler matérias, mas somente as manchetes, porque não tenho tempo para isso, or should I say, tenho sim, porque passo a maior parte de meu tempo deitado numa cama. A rapper americana realmente tem belos seios, com ajuda de cirurgias plásticas, é claro, mas não pode desprezar seu corpo que é escultural, um desperdício de meio ano. Eu até posso dar uma ajudazinha para essa pobre garota, se ela se despuser a vir para São Paulo e compartilhar a minha cama, mas preciso da permissão de minha esposa e, mesmo que ela aprove, não tenho dúvidas que ela exigiria um ménage à trois. Ela nunca fez isso (até onde sei), e eu também não (até onde ela não sabe). Iggy diz que nunca fez sexo a três, mas não custa tentar. Jovens que possam estar me lendo precisam entender que quando a gente chega à terceira e última idade, e ainda com câncer, não tem mais nada a perder, nem mesmo a dignidade. Afinal, os sete palmos me aguardam impacientemente, então por que não soltar o frango tarado no crepúsculo da vida?  

UOL: Foguete chinês explode, pega fogo e é confundido com meteoro; veja o vídeo.

OXMAN: Aqui no meu bairro um meteoro explodiu, pegou fogo e foi confundido com um potente rojão que os traficantes de uma favela próxima soltam para anunciar que a polícia está subindo o morro, ou para avisar que o carregamento de bagulho e armas chegou. Veja o corre-corre.

UOL: Ex-amante de John Lennon diz que Yoko incentivou relação.

OXMAN: É disso que eu mais preciso:  conselho de mulher sábia.

UOL: Michelle Bolsonaro derrapa ao elogiar Pernambuco: 'Amo essa cidade'.

OXMAN: Durante quase duas décadas do século passado, prestei consultoria a uma empresa chamada Jolitex, de família judia. Tibério, o filho mais velho, recebeu a nova compradora das Casas Pernambucanas, melhor cliente da empresa. A jovem mulher queria mostrar serviço e convencer seu chefe que tinha grande capacidade de negociação, e pechinchou o tempo todo, alegando ser um antigo cliente que comprava grandes quantidades todos os meses, e pedia um desconto no preço. Tibério, resignado e comovido, dizia que por se tratar de um cliente tão especial ele já dera às Casas Pernambucanas um preço bem diferenciado. A compradora retrucava alegando que o preço dos últimos anos foi sempre o mesmo e que estava na hora da Jolitex tratar melhor um cliente assíduo de tantos anos. E Tibério lamentava dizendo que o preço que ele estava oferecendo era o mais baixo que a empresa concedia por mera reciprocidade e gratidão, mesmo com prejuízo. A mulher perdeu a paciência e deu uma derrapada, meu Deus, é inacreditável você dizer que nos vende com prejuízo, até parece que você é judeu. Tibério respondeu serenamente: eu sou judeu. A compradora ainda esbravejou: fala sério! Eu estava ao lado ouvindo a conversa, chamei a atenção dela e lhe disse: acredite, ele é judeu e dos bons!  

UOL: Dania Mendez é eliminada de Big Brother mexicano, e brasileiros reclamam na internet.

OXMAN: Mais de 58 milhões de muares votaram num de seus pares que foi expulso do curral. Por isso, não me surpreendo com a jumentália que assiste ao Big Bosta Brasil se preocupar com o Big Bosta México.

UOL:  Atriz de Todas as Flores revela beijo de língua em cena: "É de verdade", diz ela.

OXMAN: Beijo de língua dá sapinho, diziam-me quando eu era criança, um fungo chamado Cândida Albicans, nome bonito, mas me parece um pouco redundante porque Cândida significa branca, do latim candidus, e albicans também, do latim albus. Fiquei pensando que tipo de sapo aparece quando a gente faz sexo oral na mulher. Alguém aí sabe? Diziam-me também que pisar em urina de cavalo dava um tal de Mijacão que, segundo a medicina atual, é um tipo de tumor que nasce na planta dos pés quando a gente anda sobre mijo equino. E eu sempre achei que isso era grupo (papo furado/mentira na gíria paulistana de meu tempo). Eu pensava que perigoso mesmo era levar uma cagada de pombo na cabeça. Diziam-me também sobre uma abelha negra, meio redonda e gordinha, de 4 a 5 vezes maior que o zangão, e era chamada de 24 horas, porque a ferroada dela doía todo este tempo. Eu fiz um teste com ela e me ferrei. Isso me faz lembrar de uma história que meu falecido pai me contou. Disse-me que seu irmão mais velho estava com um reumatismo bravo. Minha avó italiana contou a uma vizinha que lhe deu uma receita para cura imediata. A pedido dela, meu pai encontrou e trouxe um vespeiro inteiro. Minha avó enfiou o vespeiro num longo saco de batata e com ele cobriu meu tio da cabeça até a cintura. Ele levou mais de mil picadas e foi parar num hospital. Curou-se do reumatismo, mas voltou para casa todo deformado e irreconhecível. Então, minha avó procurou a mesma vizinha para saber se ela tinha alguma receita para inchaço. Percebo, agora, que mudei o assunto aqui de pato para ganso, ou melhor, de gata angorá para ornitorrinco. Por falar neste bicho, não se esqueçam do senso de humor de deus ao criar este mamífero.

GLOBO:   Personal de Griphao planeja 'puxão de orelha' para volta de 'tanquinho'

OXMAN: Aqui em casa o tanquinho voltou há mais de 5 anos quando nossa máquina de lavar roupas de 15 anos pifou de vez e até hoje não conseguimos grana nem para comprar um tanquinho semiautomático de 300 paus. Minha mulher voltou a se debruçar para esfregar roupas no escorregador ondulado de cimento e já se tornou uma expert. Quem precisar de uma personal trainer de roupa bem lavada com as mãos, é só avisar. Por um preço bem baratinho ela ainda ensina como evitar calos nas mãos, câimbra nos braços e  barriga ralada de tanto esfregar ao ponto de parecer um tanquinho. 

FOLHA: Com preço do bacalhau alto, há opções de cortes e outros peixes.

OXMAN: Com a escassez de alimentos em minha casa, bacalhau é um luxo de dar nojo, é a Ferrari dos frutos do mar. A  melhor alternativa foi recorrer ao nosso amigo Chico que costuma pescar no rio Tietê à noite. Ele nos trouxe tilápia, carpa, bagre e traíra, alguns até bem grandinhos. Primeiro, minha mulher fez uma assepsia nos escamosos com creolina, bicarbonato de sódio, e alguns detergentes que ela usa para limpar banheiro. Depois ela deu marteladas em todos eles até ficarem achatados para parecerem bacalhau. Finalmente, ela os salgou, deixou eles torrando no sol por dois dias e depois eles foram para o forno. Ficou bom. Com gosto típico do rio onde eles foram pescados. Comemos o nosso  Gadus Morhua à la Tietê (como os franceses gostam de dizer), regado com o famoso vinho tinto Ox Blood, envelhecido de um dia para o outro, que minha mulher comprou no mercadinho em 10 parcelas de um real e dez centavos cada no cartão fio de bigode. 

TERRA: Cacau Show atrasa entregas de ovos de Páscoa e revolta clientes,

OXMAN: Isso me lembrou de uma velha piada sem graça mais manjada do que teto de barbearia: Festa no céu, animada por uma orquestra só de bichos, sob a batuta de São Francisco. No ensaio final, Chico pergunta: Cadê o bicho preguiça? Respondem: ele esqueceu o trombone em casa e faz duas horas que ele foi buscá-lo e ainda não voltou. O santo, amante dos animais, enfurecido, esbravejou: putaquepariu, mande alguém urgentemente à casa deste filho da puta e traga-o aqui imediatamente. Então, eis que o zé preguiça surge por detrás de uma pilastra e diz: olha só,  pessoal, se começarem a falar mal de mim não vou mais.

GLOBO: Arão defende Jesus na Seleção, é vaiado no Fenerbahçe e se retrata.

OXMAN: Será que o jornalista não se enganou e quis dizer Abraão recomenda Jesus? De qualquer forma, acredito que o Messias iria preferir uma nova crucificação a pegar este rojão. Por falar no Mestre, neste dia consagrado a ele, lembrei-me da Dra. Sigasmunda Peud, mundialmente reconhecida como a maior especialista em flatulência na história. Certa vez, ela recebeu a seguinte pergunta de um brasileiro: 'Prezada Dra. Peud, gostaria de saber qual é cor do pum. Consultei vários livros, mas não encontrei resposta. Um abraço. Bufaldo Roncado, de Jati Jijoca de Jericoacoara, Ceará'. E a doutora deu esta maravilhosa resposta: 'Caro Sr. Bufaldo, Sua pergunta é muito pertinente visto que, não só a cor, mas também a constituição do flato em si desperta interesse mundial e atinge dimensões incalculáveis, com as mais variadas implicações científicas, sociais e até mesmo religiosas. O assunto tem sido motivo de muitos simpósios internacionais no meio acadêmico. Eu entendo sua dificuldade em encontrar uma resposta para sua pergunta em compêndios ortodoxos, visto que o estudo da bufa é uma especialidade de acesso restrito ao leigo, dai minha ideia de lançar um livro que pudesse ser compreendido pelo público em geral e não somente pelos catedráticos. Vamos lá, então, à sua pergunta. O flato não tem cor. Todos os gases que compõem o pum não têm uma cor inerente. Os românticos veem nisso uma grande vantagem. Dizem eles que se o traque fosse, por exemplo, laranja fosforescente, acabaria a graça e o mistério sobre quem soltou um peditum enrustido. De qualquer maneira, um gás de alto gabarito como é o gás do peido, sempre sugere a ideia de cor nas pessoas. O assunto é polêmico e motivo de várias controvérsias e até mesmo dissensões nas comunidades científicas. Existem as mais variadas e divergentes opiniões. Há pessoas que acham que o  borra-cuecas/calcinhas é amarelo, outras acham que é verde. Há, no entanto, um consenso entre os pesquisadores de que o estoura-tripas deve ser marrom. Logicamente, esta opinião está, diretamente, associada às fezes que, às vezes, sai junto com o espirro do descuidado. Apesar da confirmação científica de que o gás não tem cor, ainda há muitas especulações sobre o assunto. Um cientista americano sugeriu que se o fart, em inglês, fosse visível ele seria parecido com um torresmo. Há um caso curioso de uma criança na Suécia que eu pesquisei e que costumava desenhar fis, nome sueco, na forma de um triângulo amarelo cheio de buracos, como um queijo Suíço. Há também um médium Kardecista na França com quem conversei e que afirma que o péter, em francês, se parece com nódulos de carvão, de cor preta e de forma esférica, mas irregular. As diferentes teses sobre a cor do pierdnięcie, em polonês, têm gerado muitas polêmicas. Na tradição cristã, há fatos, não comprovados por evidências concretas, de que Jesus costumava soltar gases com efeitos especiais. Visionários e gnósticos em geral dizem que seus traques descreviam verdadeiras parábolas no ar e deixavam um lindo rastro de cores como o arco-íris e a aurora boreal, mas, evidentemente, estas elucubrações aparecem somente no contexto da tradição oral, não havendo provas científicas para corroborá-las'. Muito bem, hoje é Sexta-Feira e no Domingo o Cristo está de volta e aproveito para fazer um apelo a ele: Divino, por favor, assuma o comando do nosso escrete nacional e mude a cor da camisa porque, ultimamente, nossos jogadores sempre amarelam na Copa do Mundo.

UOL: Teste da fita crepe: Liga da Beleza prova se gloss labial incha lábio.

OXMAN: Até onde sei, o que incha os lábios das mulheres é beijo melado como o mel e com meia duzia de abelhas fazendo as vezes de piercings. 

UOL: Muito além das lambidas: 10 outros jeitos de explorar os mamilos no sexo.

OXMAN: O Drácula tinha preferência por pescoços das mulheres, mas, de vez em quando, ele variava: dava uma forte mordida nos mamilos das que acabaram de parir. Dizem os vampiros que sangue com leite dá o maior barato, tipo LSD.

TERRA: Quanto ganha um microinfluenciador? Veja exemplos e dicas.

OXMAN: Desempregado há mais de 4 anos e sem poder sair de casa por causa de um câncer, tentei dar uma de influencer na internet, mas me dei mal. Atraí dezenas de credores. Meu (per)seguidor mais assíduo é o Serasa, todos os dias me oferecendo descontos mirabolantes para pagar dívidas impagáveis. 

UOL: Como sapos e rãs eram usados para detectar se mulheres estavam grávidas.

OXMAN: Pois é, entre 1930 e 1960, mulheres nos EUA e Europa usavam suas urinas com sapos e rãs para saber se estavam grávidas. E qual era o índice de acerto? Eu não sei. O que eu sei é que os egípcios de mais de 3 mil atrás não só tinham certeza quando a mulher estava grávida, misturando sua urina com molho de trigo, mas sabiam também, com 100% de acerto, se o bebê era menino ou menina. Como? As mulheres grávidas urinavam sobre dois sacos de areia com sementes de trigo e outro de areia com sementes de cevada. Se o trigo germinasse, era menina, e se a cevada germinasse era menino. Isso demonstra como éramos atrasados em pleno século 20. A humanidade sempre foi inteligente, desde mais de 7 mil anos atrás, começando com os sumérios e passando pelos egípcios, assírios, babilônios, persas, gregos, macedônios e romanos. Nossa inteligência foi tolhida com o advento do cristianismo no século 5 da era comum, nos causando mais de mil anos de atraso intelectual. Voltamos a por nossa inteligência em prática gradativamente, com advento do renascimento na Itália no século 14 da era comum e do iluminismo na França no século 18 da era comum. Avançamos lentamente contra a oposição do dogmatismo retrógado e autoritário da religião cristã, até que, começamos a romper, com dificuldade, as amarras do cristianismo e inventamos a eletricidade, o avião, a fusão nuclear, a conquista da lua, o envio de sondas que exploraram todo sistema solar, fora os super telescópios Hubble e James Webb que, ao contrário da afirmação da igreja de que a terra era o centro de tudo, mostraram que o tamanho do universo é incalculável, com trilhões de galáxias e decilhões  de planetas, e  no meio disso tudo, nós, terráqueos, não somos nada. Somos tão insignificantes como um dos incontáveis planetas que cabem num grão de areia. Em verdade, há mais estrelas no universo do que todos os grãos de areia encontrados nas praias, nos desertos e no fundo dos mares de nosso planeta. Uma colega virtual me bloqueou no facebook talvez porque eu lhe disse que se ela tivesse a mínima ideia de quão grande o universo é ela descobriria que para o universo ela nem existe, querendo dizer, nós humanos existimos só para nós, e tendo em vista a imensidão e a idade do universo estimada em 13,8 bilhões, nosso planeta e a raça humana podem ser extintos antes de sermos conhecidos em outras regiões do universo, ou até mesmo em nossa própria galáxia que é apenas uma dos quase 3 trilhões que nossos astrônomos estimam existir até onde nossos telescópios alcançam. Eu sou formado em administração, marketing internacional e cultura/língua/literatura americana e britânica e trabalhei na área de comércio exterior durante quase 50 anos. Mas meu fraco e meu hobby são as artes, especialmente música e literatura. Nós, brasileiros, enaltecemos com razão nossa música e nossa literatura, mas a maioria não se dá conta que a música popular britânica está 60 anos à nossa frente. Tivemos, de fato, grandes escritores e poetas, mas não podemos esquecer que na língua portuguesa os portugueses nos superaram com Camões, Fernando Pessoa e José Saramago, e este último foi o único escritor de língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Mas na literatura, portuguesa e brasileira, ainda perdemos de longe para os britânicos como Shakespeare, James Joyce, Jane Austen, Virginia Woolf, Agatha Christie e Charles Dickens. Nós, brasileiros, costumamos contar piadinhas pejorativas sobre os portugueses. No entanto, os portugueses são muito mais  cultos que os brasileiros. Leia esta piada contada pelos portugueses: Noé reuniu uma quantidade enorme de animais numa arca para enfrentar um dilúvio de 40 dias. Ocorre que todos animais comiam e defecavam todos os dias. Noé e sua família resolveram costurar um gigantesco saco para guardar todas a fezes. Depois de um mês, o saco ficou tão pesado a ponto de por em risco o equilíbrio da arca. Então, com muito esforço, eles conseguiram jogar este saco no mar e navegaram os 10 dias restantes com mais segurança até encontrar terra novamente. No ano de 1500, Pedro Alvares Cabral encontrou este saco de merda que cresceu em proporções continentais.    

Quando eu era criança eu cantarolava Hoje é domingo, Pede cachimbo, O cachimbo é de barro, Bate no jarro, O jarro é de ouro, Bate no touro, O touro é valente, Machuca a gente, A gente é fraco, Cai no buraco. O buraco é fundo; Acabou-se o mundo.

Agora, com 71 anos de idade completados no dia 3 de Abril, dentro de um hospital, eu canto assim Amanhã é segunda, Descola o cu da bunda, O cu é de ferro, Solta um berro, O berro é estridente, Assusta a gente, Mas a gente é valente, Tapa o buraco com rolha, Mas o cu é insistente e forma uma bolha, E não há quem não se envergonhe, De ver o cu lançar a bucha feito estouro de champanhe.

Quem canta, os males espanta!