Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
A
felicidade amordaçada e raptada, Nos encoraja a sair
pelo mundo e encontrá-la, Somos tardios nestes tempos modernos, Expiamos nos cárceres, E saudamos do exílio, Estivemos lá em cima na colina, Onde as árvores noiteiras, Tão altivas,
Frondosas e majestosas, Farfalhavam ao vento que se detinha e fazia uma curva para se fazer ouvido como mulheres rugindo as longas caudas de seus vestidos e saias num
grande salão, E os notívagos permaneciam em silêncio enquanto as copas e as
folhas vergavam com a ventania, Agitavam-se como borboletas multicoloridas pousadas, Revoluteavam em sussurro, Agarrando-se frementes, Contorciam-se em voltas sobremaneira extensas, Sacudiam de nossos olhos a quietude do universo, Assoviando acima de nossas cabeças, Até às estrelas cochilando de pé, Tínhamos que ter a determinação para deixar a terra do amor fraternal,
Rumar incansáveis quatorze horas, Para a madrugada de lugares quase perdidos, Onde as ruas não
têm nomes, Onde gente parece desafiar nossa fé, Porém, nossas firmíssimas esperanças alentam e fortalecem nosso ânimo, Nossa alma percorre outros caminhos para não chegar à descrença total, Sob um céu de sol igual para todos, Sempre viajamos em todas as nossas
recordações, Sempre relembramos bocados de jornadas fracassadas e outras bem-aventuradas, Em terras estrangeiras, Pois cá
tens mais um, Mulher, Um crianço, Que tirei de seu ventre, Para ver as estrelas em sono profundo, Cá tens mais um, Mulher, Um sonhador, Que dorme pensando onde fica o
cativeiro de nossa sequestrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário