quinta-feira, 31 de outubro de 2024

QUEM MANDA, MATA, MENOS A SAUDADE E A VONTADE DE AMAR

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

No meio de meus sonhos mais doces, Te vejo sempre ocupada com seus afazeres, Sempre feliz, Te chamo, Oi Marielle!, Mas você não me ouve e nem me vê, Devo estar sonhando que estou sonhando, Oi Marielle, Aqui está meu número, Ligue para mim, Eu adoraria ouvir sua voz, No meio de meu banho de alto mar, Rodeado de verde exuberante, Onde encontro paz de espírito, Volto-me para o sétimo céu de brigadeiro, E lá em cima uma nuvenzinha translúcida e solitária toma a forma de seu rosto sorridente, Te chamo, Oi Marielle! Mas você não responde, Uma névoa de saudade reluz em seu olhar, Que logo se desfaz pelo sol dos semideuses, Amigo das heroínas, Oi Marielle! Aqui está meu endereço, Venha me visitar numa noite dessas, Quando o mundo está em sono profundo, Eu adoraria te ver de perto, Tal qual estrela que brilha na escuridão, Oi Marielle! Já faz muitos anos que venho te procurando, Quando chegar minha hora você vem me buscar e me levar para o lugar onde te enviei todas minhas preces? 

ABAIXO DO DÉCIMO NÍVEL


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

Tem pessoas, Tem mentes, Abaixo do nível, Tem um pouco de tudo, Onde tudo é possível, Fragmentos de pensamentos, Inteirezas de vidas, Vivências de naturezas, Antes dos tempos, Antes das mortes, Muitas chuvas e sóis, Muitas realezas, Tem sonos pesados, Sonhos resplandecentes, Tem flutuações, Elevações, Projeções à frente, Tem sonos leves, Voos descendentes, Tem saltos profundos, Sentem e não sentem, Tem voos planados, Começos de vertentes, Tem corpos, Plenitudes, Fluências de gentes, Espíritos espiritualizando, Dimensões viventes, Abaixo do décimo nível, Aprofundam os inconscientes, Tem aterragens, Solidezes, Andanças constantes, Entes sem pressa, Mentes conscientes, Tem seres vígeis, Seres oníricos, Noites, Dias, Os todos empíricos, Tem flores dos desconhecidos, Abaixo do nível, Comoções nas revelações, Onde tudo é possível, Tem femininos, Masculinos, Machas, Machos, Tem voos pairando, Pensamentos pensando, Sem cachas, Sem cachos, Tem cognições, Absolutismos substituindo, Ovos cósmicos, Rebentos expandindo, Tem mártires, Primórdios, Começos de caos, Explosões de  estrelas, Supernovas de naus, Visitantes involuntárias, Tem ideias mudadas, Onde tudo funciona, Onde são amadas, Amadas, Tem decisões, Conexões, Fêmeas, Fêmeos, Tem muito de tudo, Ovos cósmicos gêmeos, Décimo nível abaixo abrindo os portais, Onde superfícies e profundidades não são iguais, Tem Evas, Pessoas, Adãos, Dionísios, Maçãs nas bocas, Tem expulsões dos Elísios, Décimo nível abaixo abrindo os portais, Onde superfícies e profundidades não são iguais, Pessoas, Mentes, Abaixo do nível, Um pouco de tudo, Onde tudo é possível, Tem decisões, Conexões, Fêmeas, Fêmeos, Horizontes de eventos, Buracos negros trigêmeos, Décimo nível abaixo abrindo os portais, Onde superfícies e profundidades não são iguais, Pessoas, Mentes, Abaixo, Níveis, Poucos, Tudo, Possíveis, Fragmentos, Pensamentos, Vidas, Naturezas, Tempos, Mortes, Chuvas, Sóis, Realezas, Décimo nível abaixo abrindo os portais, Onde superfícies e profundidades não são iguais.

ONDE AS ESTRELAS DORMEM

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 



A felicidade amordaçada e raptada, Nos encoraja a sair pelo mundo e encontrá-la, Somos tardios nestes tempos modernos, Expiamos nos cárceres, E saudamos do exílio, Estivemos lá em cima na colina, Onde as árvores noiteiras, Tão altivas, Frondosas e majestosas, Farfalhavam ao vento que se detinha e fazia uma curva para se fazer ouvido como mulheres rugindo as longas caudas de seus vestidos e saias num grande salão, E os notívagos permaneciam em silêncio enquanto as copas e as folhas vergavam com a ventania, Agitavam-se como borboletas multicoloridas pousadas, Revoluteavam em sussurro, Agarrando-se frementes, Contorciam-se em voltas sobremaneira extensas, Sacudiam de nossos olhos a quietude do universo, Assoviando acima de nossas cabeças, Até às estrelas cochilando de pé, Tínhamos que ter a determinação para deixar a terra do amor fraternal, Rumar incansáveis quatorze horas, Para a madrugada de lugares quase perdidos, Onde as ruas não têm nomes, Onde gente parece desafiar nossa fé, Porém, nossas firmíssimas esperanças alentam e fortalecem nosso ânimo, Nossa alma percorre outros caminhos para não chegar à descrença total, Sob um céu de sol igual para todos, Sempre viajamos em todas as nossas recordações, Sempre relembramos bocados de jornadas fracassadas e outras bem-aventuradas, Em terras estrangeiras, Pois cá tens mais um, Mulher, Um crianço, Que tirei de seu ventre, Para ver as estrelas em sono profundo, Cá tens mais um, Mulher, Um sonhador, Que dorme pensando onde fica o cativeiro de nossa sequestrada.