A aglutinação não exala perfume nem se dobra ao vento, Tem
voracidade por sangradura que se impregna no ar sem brisa, O alvoroço não está
nos prados alinhados, Mas em intricados e sinuosos caminhos de pedras, Para se
ouvir o ofego da única flor é preciso apartar-se da algazarra animalesca e olhar
do alto, A movimentação abaixo é lenta, ardilosa e sorrateira, Pontuando o
sofrimento da divindade que veste carne humana, Resignada com o destino imposto
pela sua própria criação, Arrasta-se pesadamente sob escárnio mundano e
lamentação celestial, Cresce a indignação pelo impensável e implacável,
Assomam-se e elevam-se as lamurias à altura de um cadafalso, Prostradas e
ultrajadas sua glória e onipresença, Rende-se às garras de seus algozes e ao
canto consolador dos que lhe acompanham na dor e no silêncio, Mãe nossa que
estais no mundo, Purificado seja vosso martírio, Voltai a nós vosso poder, Longe da
terra e próximo das alturas, Para vossas pétalas arrancadas aos pares, Duplas
vibrações de mirra e aloés, Para vosso broto desnudo e exposto à humilhação, Um
bálsamo de nardo da Índia onde fostes ungida por mãos santificadas, Para vosso último suspiro de solidão e abandono, Nossa boa vontade para vos receber na paz
que cultivastes nos jardins do universo, E assim está consumada vossa colheita neste
orbe.
Excelente escrita!
ResponderExcluirLi, atenta, reli pois aqui encontrei uma alma que sabe e conhece bem o que escreve, e escreve muito bem, da gosto de ler você, estou como direi "em brumas",
ResponderExcluirPois me embrenhei dentro do seu texto, quase me asfixiei nele!
PARABÉNS
Efigenia Coutinho
Impactante essa música! Pena que não li o texto com ela de fundo. É um Réquiem? O sofrimento da Anima Mundi.
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