Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
Quando eu era jovem plantei
três flores, Uma de cada vez, Uma de força nobre, Outra oriunda de uma cidade
italiana, E uma última reveladora da verdadeira imagem de sua mãe, E a palavra
mãe aqui é apenas uma força de expressão para realçar a parte mais fina e bela
de uma planta, No entanto nunca soube como tratar bem de um jardim, Mesmo sem
jamais deixar faltar-lhe adubo, Água e sol, E tendo, Ainda, Uma fiel jardineira
indiferente a uma pintura de natureza morta, À celebridade de um vegetal raro, A
um ornato qualquer capaz de dotar uma flor de mais beleza que sua própria, A um
livro sobre seu oficio e seus ossos, Apenas as mãos calejadas de dedicação sobre
estas lindezas, E eu, Ingenuamente, Sempre achei que elas pudessem ter
sentimentos, Sempre tentei falar com elas, Como aqui nossa alma com o universo
conversa e o homem compreende, Sempre esperei que elas me respondessem, E como é
triste o silêncio delas, Qual rochedos imóveis e mudos aos brados das ondas, E,
Como determina a lei natural, Sempre pensei que elas morressem antes dos
humanos, Como o sol que morre na tarde e a natureza torna-se um poema santo,
Mas, Hoje, Creio que possa ter errado, Como enganam as aparências, Pois muito
moço fiquei doente, E minhas formosuras parecem ter enfermado com minha moléstia
contagiosa, Falta de amor não sei se foi, Mas sei que as estremecia, Que talvez
adoecia de sabe-las doentias, Apesar deste infortúnio, Continuei esforçando-me
para preservar meu quintal fértil em três culturas variadas, Meus encantos
cresceram e tornaram-se mais independentes e, Em pouco tempo, desabrocharam suas
pétalas bonitas e delicadas, Tão frágeis a ponto de recear tocá-las, E
machucá-las, De tão sensíveis, Medos sempre tive, Mas este se impregnou em mim
quando percebi que minhas flores murchavam com minha aproximação, Talvez por eu
ser um simples plantador, E não um jardineiro, E muito sofri com isso, Muito
sonhei sentir de perto as agradáveis fragrâncias que elas exalavam, Então,
Chegou uma época que, Com o agravamento do meu mal, Me vi forçado a partir, A
afastar-me de meu jardim, Mas minha fiel jardineira lá permaneceu, Cuidando
dele, E muito saudoso no meu exílio, Não podia mais prover água e sol às minhas
flores, Mas, Na medida do possível, Sempre enviava-lhes fertilizantes, E no meu
ostracismo involuntário, Gastava minhas madrugadas, Não a folgar por bares, Mas
a refletir sobre a sensibilidade das flores, E em minhas horas de monólogos
sublimes, Na companhia de lembranças penosas, Buscava consolação que as
atenuassem, Atravessando as noites remoendo arrependimentos, E, Estranhamente,
Enquanto meditava, À distância tinha um pressentimento de que minhas flores já
não pesavam minha ausência, E desconheciam o amor que sempre tive por elas,
Porque sempre amei tudo nelas, O coração, A beleza, A mocidade, A inocência e
até o nome, E assim como agora escrevo como bálsamo para minha dor, Resolvi, No
meu cativeiro, Plantar outra flor, Num pequeno canteiro, Que se desenvolveu além
do meu controle, Como um pé de mostarda, E hoje, Ainda mais enfermo, Preciso de
tantos cuidados quanto ela, E o pouco que restou de mim, Fica para ela, Um pouco
de excremento animal, Água da chuva, E raios de sol que brilha contra nossa
vontade, Mas quando durmo meu sono, Calmo e profundo como deveria, E não eterno
como desejoso, Oro, Fervoroso, A todos os santos, Pelas minhas primeiras flores,
Mas meus antigos sonhos dourados transformam-se em amargos pesadelos, E minha
antiga vida, Um cântico de amor, Transformou-se numa triste toada, Visto que
chegaram a todos meus sentidos a notícia de que minha morte foi anunciada no meu
antigo jardim, E assim comecei a admitir que, Talvez, As flores consigam
imaginar um ser humano morto antes delas, E Quem recebeu notícias de minha morte
antes da hora, Não sabe que estou vivo, E eu também não sei se estão vivos ou
mortos todos os que estão dentro e fora de meu antigo jardim, Então passei a
crer que, De fato, Um ser humano pode morrer antes de uma flor, Pois já morri
para minhas primeiras flores, Mas não para esta nova que plantei na minha
expatriação, Que ainda vai crescer e tornar-se formosa como as outras, Porquanto
sempre adorei flores, Para cercar-me de responsabilidade e zelo por um ser,
Racional ou irracional, É por isso que plantei flores, É por isso que escrevo um
livro de memórias no qual todos os personagens têm nomes de flores, As que já
que morreram, Assim como já morri para as primas flores que semeei, Exceto para
esta recente, Distante da flor de sua idade, E para quem provi uma jardineira
fiel, E meu sonho agora é ensinar esta única flor, Que me vê vivo, E que
transportei para um pequeno vaso, A ter afetos, A dialogar, A se deixar tocar, E
até a amar como os humanos, E tentarei, Na medida que a natureza permitir, Não
morrer antes dela emancipar-se, transformar-se em beleza e formosura, Dizem que
todo mundo já foi uma flor pelo menos uma vez, Dizem também que já fui uma flor
plantada num jardim, Que tive todos os devidos cuidados, E que não atinei para o
desvelo de meu fiel jardineiro, Talvez porque, Sendo uma flor, Eu não tivesse
afeto, E que não vi meu fiel jardineiro viver, E que, Mesmo sendo uma flor,
Sabia que ele deixou de existir, E isso deve ser uma prova que a flor intui, Tem
afeição, Mas não sabe se expressar aos humanos, Sei que jardineiros e
jardineiras são sempre fieis, Dedicados e carinhosos, E que um plantador é mais
dado ao trabalho braçal, Por isso, Anseio ser, Um dia, Um fiel jardineiro que
rega uma flor com amor, Ou então voltar a ser uma flor para melhor entende-la e
compartilhar minhas percepções com todas do gênero, Se minhas primeiras flores
tivessem a mesma suscetibilidade, A mesma estima, Mesmo sendo um mero plantador
convalescente, Elas saberiam que a felicidade brota de todos os reinos, Mineral,
Vegetal e animal, Em solos e em tempos férteis e inférteis, Assim, Para a esta
nova flor, Quero aprender a ser um jardineiro, E chorar da ingenuidade de achar
que todas as flores, Todos os plantadores e todas as jardineiras podem conviver
num mesmo jardim, Chorar da ingenuidade de pensar que todos precisam ficar
sabendo quando morre uma flor, Do quanto se devota uma jardineira, O quanto
trabalha e sofre um plantador.
It is the evening of the day
I sit and watch the children play
Smiling faces I can see but not for me
I sit and watch as tears go by
My riches can't buy everything
I want to hear the children sing
All I hear is the sound of rain falling on the ground
I sit and watch as tears go by
It is the evening of the day
I sit and watch the children play
Doin' things I used to do they think are new
I sit and watch as tears go by
adorei seu texto......somos flores sim do jardim de Deus e precisamos como as flores de amor de carinho, de atenção e de cuidados...sem isso acabamos deixando morrer os sntimentss e as emoções....graças que tems Deus nosso jardineiro fiel que nunca nos abandona nem se afasta de nós...."O sol que aquece as flores é de graça, A água também, Basta regá-las,..."
ResponderExcluirTexto lindo !
ResponderExcluirConheça (m):
coisasuteisoufuteis.blogspot.com.br
facebook.com/coisasuteisoufuteis
Vou adorar te retribuir, bjs
Boa tarde Alceu!
ResponderExcluirQue poético vi o Jardim nascendo e florindo todos os dias, com muitas cores e vi algumas morrendo, mas outras flores renasceram trazendo muitas alegrias e novos sentimentos , forte abraços