terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

MISS LIAR, SITTING PRETTY, LITTLE LIES IN A ROW

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Todo mundo emprenha pelos ouvidos, Mas eu queria você longe dos meus, O que saem de seus pequenos e grandes lábios?, Farfalhices e bazófias, Os incautos que caem em suas unhas postas fora, Antes do cruz-credo, Quia absurdum, Adoecem de saber você doente, Viram defuntos matados, Tua ideia de mentira, Representa a mola das mortes, As mães, Filhas e maridas que você sepulta, Sem mostra especial de sua frieza, Razão pela qual a esquizofrênica pseudo-intelectualidade, Congênita à falsa mulher e inseparável dela, Não pode deixar estancar o corolário de imoralidades nestes tempos que sublevaram todos seus antigos valores e temores, Dia desses você mandou assassinar seu ignoto empregado em viagem a trabalho no exterior, Pediu à sua advogada para lhe ensinar a trasladar restos mortais sem corpo de prova, E ao seu marido, Primeiro que a ninguém, Você atira a bala que quebra ossos e atravessa pernas, E a ti mesma, Última que a todos, Disparas o projétil que se aloja no ombro e urge uma prótese, Olhe, Pois, Que tuas rezas são hipocrisias das desavergonhadas que não podem, Eternamente, Levar à paciência de Jó os seus incógnitos irmãos da terra e de longínquas galáxias, Ora, Como tudo cansa, Suas grandes petas acabam por exaurir-me também, Seu vício artístico de reduzir, Pela sobrevivência, Todos os otários e cornos bravos a uma única estirpe, Torna seu mundo uma monotonia abominável, Quantos espíritos alemães de nome Fritz você já invocou? Quantas vezes mais você matará a si mesma, E enterrar seu pai, Seus filhos e seu próprio marido? 

'Oras, Meu bem, basta-me saber que sou muito triste com minhas mentiras, E já serei, Na verdade, Muito menos'.

TONS


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

Na Drupa 1996 em Dusseldorf, Comprei uma paleta com todos os tons das cores infinitas do universo, Todas decompostas pelo seu olhar, Na sua cabeça, Trançada em bandós de grossas madeixas, Espalhando-se pelo céu noturno até o brilharem de estrelas gloriosas, Quando você se vestia de azul, Parecia Rígel em Órion, Quando deitava-se ao meu lado de branco, Seu corpo era um estro poético, Acalentando-me como Vega em Lira, Já fui teu Sol, Amigo de teus heróis, Aquele que te seguia sob um calor de cinco mil graus, O auriga de seus cachos enredados, Não sou mais o guardião de suas noites, O mata-borrão do batom vermelho de seus lábios carnudos, Escrevi mais de cem canções para você quando era jovem, Nenhuma à altura de Schubert, Que compôs cerca de 800, Das quais uma centena maravilhosas, Somente comparáveis a Mozart, E tive que esperar muito tempo até os Beatles chegarem para superá-los, Passo o tempo esperando pela chuva, Como nos seus dias ingleses, De mãos dadas na aurora das ruas de Viena, Para ver suas cores nascendo por toda parte quando a luz vai despertando, Quando as nuvens derramadeiras dão lugar às noctilucentes, E um arco-íris vem te procurar. 


TURNING POINT OF AN IDLE CHAT


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

Ele está de malinha pronta
Ele sempre viaja
Sozinho assim?
Ele nunca apronta
O que houver que haja
Não pula a cerca até o fim?
Você é mesmo marota
Será que ele brigou com ela?
Ele não briga com ninguém
Nunca deixaria uma linda garota
E você me acha bela?
Igual a você não tem
Então por que não me leva embora?
Com pouca roupa ele não vai longe
Nem a Paris, nem a Veneza
Talvez para terra de Pandora
Ou para o Tibete e ser um monge
Fazer voto de pureza?
Pode ser um momento de indecisão
Veja o brilho em seu olhar
Então deve ser a terra de Vitória
E se forem olhos de desilusão?
Veja seu modo de andar
Não parece uma postura que sugere glória
Será que vai tomar um banho de civilização?
Pode muito bem estar feliz neste inferno
Alugar isso aqui e vender Londres?
Veja o traje dele de descontração
Faz tempo que ele abandonou o terno
Até o linho da terra de Flandres
Ele é jovem por fora e sentimental por dentro
Corpo de homem e alma feminina
Jeans, camiseta preta, flores amarelas
Nem da esquerda, nem da direita, nem do centro
Conhece alguém assim com tanta adrenalina?
Você é uma delas
Isso me dá uma vontade!
Ele tinha jeito de me vou ou perco a cabeça de vez
Alguma coisa o fez mudar de ideia
Trocando conformismo por licenciosidade
Ou idealismo por falta de honradez
Ou a França pela terra de Medeia
Não é viagem a trabalho nem a passeio
Então vai pegar aquele trem só de ida?
Deve ter sido chamado para uma emergência
Ser um substituto por falta de outro meio
Ou ajudar alguém a cicatrizar uma ferida
Mas ele parece não ter urgência
E aquela história dele escrever um script para o cinema?
Mania passageira
E aquela dele dar curso sobre o Jesus histórico?
Pregação no deserto de dar pena
É aquela dele montar uma escola para ensinar língua estrangeira?
Ressuscitação de um passado fantasmagórico
Quem ele poderá substituir?
Talvez uma tragédia recente para excomungar uma antiga
É Antígona dando continuidade ao drama do irmão?
Ou Shakespeare copiando-a para Romeu e Julieta fazer essa história se repetir
Acha que para evitar o pior devemos fazer figa?
Pressinto que desta vez não
Veja sua expressão descontraída
Bonita como a minha?
Você não toma jeito
Você já viajou nesse trem só de ida?
Estamos nele, mas não chegamos ao fim da linha
Gosto muito deste carro leito
Por que não paramos na próxima estação para ver gente?
Já falta pouco para o nosso quando e o nosso onde
Será que ele embarca e segue viagem conosco?
Acho que ele vai voar até o sol poente
Ver o onde o sol se esconde?
Ver pela última vez o último raio fosco
Tem certeza que ele nunca pulou a cerca?
Isso não é jeito de falar
Que tal um modo de te seduzir?
Está querendo que eu me perca?
E se eu me comportar?
Talvez eu possa te incluir
Olha só, o trem parou e ele embarcou ao som do sino!
Vamos sentar ao lado dele e perguntar
Desculpe-me de ser tão enxerida
Nós queríamos saber qual é seu destino
Se não quiser, não precisa falar
Vou enfiar minha cabeça na privada deste trem
Puxar a descarga 
Esvaziar minha mente
E chegar em Vênus
Onde ninguém vai ligar para minhas flatulências
Desculpe minha intromissão
Só se Vênus tivesse uma temperatura entre 100 a 150 graus
Então existiria água na superfície do planeta
Por causa de sua pressão extremamente alta
No entanto a temperatura de Vênus chega a quase 500 graus
E uma vez que o ser humano é composto predominantemente de água
Você não vai conseguir soltar gases lá
Ao contrário
Lá você se tornará um verdadeiro flato
Ajudei?
Muito
Minha mãe sempre me disse que a vida é só um gás
Peguei o trem certo
Obrigado
Nossa, ele vai se perder ainda mais na vida
Perder os amigos e a família que nunca teve
Jogar fora seu nome
Recomeçar de um novo ponto de partida
Passar mais dez anos por onde já esteve
Beirar a privação até a fome
Perdoar-se em primeiro lugar
Renascer das cinzas e do seu amor próprio
Viver à margem de todas as convenções
Jamais orar como um hipócrita vulgar
Ser feliz no seu mundo alienatório
Passar o resto de sua vida sem nossas bendições


NÉVOAS PÚRPURAS

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Sou calistênico, E você minha Lucy in the Sky with Diamonds, Minha heroína, Soltaram minhas rédeas curtas, Acabaram com minha fobia social e meu acanhamento, Agora trago sua névoa púrpura, Misturo-a à minha que rechaça todo tipo de atenuação e transborda da tela onde você, Pintora, Tenta enclausurá-la com outras nuanças, E te transformo numa fera indomável, Faço você viajar, Atravessar a turba que a rodeia, Orlada de leandros floridos, Garbosa nas asas de vário caleidoscópio, Com meu amarelo coruscante, Que violenta tuas corolas brancas, Intensifica tuas carmíneas, Agudece teus vermelho-escuros tendentes ao violeta, Cega como um fluxo de metal em fusão, Teus heliotrópios de sois esvanecentes, E você vira minha doente, Para você meu nariz se alonga, Minha corcova protubera, Minha barriga cresce, Minhas roupas multicolorem, Minha fala treme e esganiça, Para você sou falso herói e fanfarrão, Tolo, Astuto e sinuoso, Sem dignidade, Teu palhaço no meio de qualquer multidão, De qualquer solidão.

VIDEOCLIPES SELECIONADOS POR INGLESA LUSO CHINESA - CARLA AZAR'S COVER OF THE BEATLES SONG : TOMORROW NEVER KNOWS - FOR THE MOVIE SUCKER PUNCH

 


IRMÃS

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

De seus pensamentos imagino que, Para que eu me torne tão bem morigerada, Nossa mãe cria juntamente a seus peitos todas as criaturas, Filhas do mesmo universo, Todas colaças, Geradas e sustentadas na resolução fraterna que depende só da vontade, E semelhança de intencionalidade consciente, Os tempos cronológicos com seus espaços tão distanciados, Perdem a razão de ser ante a intemporalidade e a transespacialidade de nossas existências, Que nos aproximam por minha intensa vibração interior, De quem se sente inferior, E que precisa que suas dores terebrantes sejam tomadas por irmãs de discreta superioridade, Guardem, Pois, Em suas casas vedadas ao meu mundo, E de vossas boas mentes, Minhas desavisadas preces, Que deveriam agradecer ao invés de suplicar, Aqui os pobres e míseros guardam seus lugares santos, E ali gente que abandonei, E mais além gente que nem sei, E acolá vossa abençoada empatia acolhe com simpatia todas as tristezas sem excessiva comiseração.