domingo, 18 de agosto de 2024

SONHOS COM ESTRELAS

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 


Precisei de uma alma bastante amiga, Para sair robustecido na fé e na crença, Deste impasse, Emprestei de nossa mãe terra, Para penhorar meu amor, O céu veio nos buscar, E antes do sol nascer, Elevou-nos, Brilhando telas, E exalando âmbares, Por amazonas cupidinosas, Anti-ares, Apontando com seus arcos certeiros, Seus lindos seios cortados, Elas são de nosso torrão, Estão em nossa bandeira, Que continuamos hasteando, Atravessando as estrelas, Flautas encantadas que afugentam todo perigo, Atraíram-nos para as fantasias que pensávamos existir só no país das maravilhas, Com nosso avanço pela galáxia, Entrevemos, De longe, Nosso sol, Como um pastor sentado à borda de um tênue regato de gases e poeira, Como num braço de ribeiras de várzeas, Aparecem-nos arabescos caprichosos, Românticos, E devaneios poéticos, Eis ali os dois irmãos inseparáveis, Os filhos de Leda, A cabeça do primeiro gêmeo, E os pés do segundo, Ambos guardados com absoluta felicidade pelas mãos do guerreiro do centro, E nas extremidades vemos a  princesa tecelã, E o pastor de gado, Que se veem só uma vez por ano, E quando chega o dia, Lançam-se de encontro um ao outro como num voo de águia, Parecendo vegetais felizes, Mergulhando as sôfregas raízes, A procurar no solo ávidas seivas em seus lábios, Eles, Assim como nós, Ao contrário do romancista que entra na literatura com o pé direito, Têm os pés esquerdos de algo central, De algo maior, E se apartam pé ante pé, Sem solércia, Sem Negaça, Até que o brilho de seus olhos se reduzem ao som de um pulsar, E simplesmente sentem, Só com a imaginação, Sem o coração, Que já fora de leão, E agora é um pequeno rei, Mitológico, Do tempo da virgem Erígona, Seu pai Icário, E seu cão Maera, Aqueles que se seguem, Ao clarão de belas supernovas, Faróis para todos navegantes do universo, Como o piloto do navio de Menelau em sua expedição para reaver Helena de Troia depois dela ter sido levada por Páris, Como eu que tenho você, Mulher e amada ao pé de si, Que me faz um homem feliz e completo, Te trago de volta, Correndo, Levando conosco uma braçada de cosmos retardatários, Colhidos pelo caminho que trilhamos, Levados pela boa vontade de nossos sonhos.

O FAZEDOR DE CRUZ

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98


Desesperando-se da terra, Voltou-se para Deus, E a braços com todos seus sofrimentos, Estendeu-Lhe o direito na escuridão, Deu de mão ao mundo e suas aflições, Trocaria o guarda-roupa variado como toda fortuna por um vestido único e perpétuo de salvação, Adormeceu e sonhou com o sonho do barco pesqueiro, No qual o que ia na proa não era pescador, Era mais que um carpinteiro, Que fazia cruzes para os dominadores, E parecia um feiticeiro, Porque fazia-lhe delirar com imagens de gente e criaturas que só existiriam no futuro, Como se estivesse desafiando-lhe com uma enigmática trindade, E quando acordou do segundo sonho, Estando ainda a sonhar o primeiro, De súbito viu-se em desabalada carreira, Por um solo árido, Salpicado de outeiros com escassa vegetação, Sentindo-se uma ladra maltrapilha, Tendo as mãos sujas com coisas alheias, E a consciência molhada com sangue de outrem, E atrás de si dois de seus pares da mesma laia, Sedentos para por fim aos cem mil pecados dentro de seu coração, E apesar de seus largos passos, A distância de seus algozes diminuía, Até chegar o fim da linha que surgiu à sua frente com uma colina quase intransponível, E lá estava Deus, Soprando-lhe invisível ao topo, Um cimo assustador que fez seus verdugos darem meia volta e desaparecem no infinito, Mas a pecante não conteve seu impulso, Ultrapassou um círculo externo de mulheres agachadas e vestidas de negro, E depois outro interno de soldados de pé vestidos de escarlate, Que guardavam três miseráveis pregados em cruzes, Mas sua imperdoável intromissão a um ritual do poder, Custo-lhe uma chave de braço que prostrou-lhe no chão, Seguida de uma lança que atravessou suas costas e a cravou na terra, E antes de entregar seu espírito a Deus, Esforçou-se para erguer a cabeça, Para não morrer com aqueles condenados antes de olhá-los, E estando a noventa graus de sua visão, O do meio que tinha o rosto voltado para o leste, Virou-se para ela, E apesar da face desfigurada de flagelo, Reconhecia-lhe o fazedor de cruz, Que lá do alto, Fincou seus olhos nos dela, Despregou a mão esquerda da cruz, E com prego e sangue a estendeu para ela, Em reposta às suas súplicas nas noites solitárias, E enquanto o sol já caminhava para o oeste, Uma vez rompidos os liames do ceticismo que a prendiam à materialidade, Restou-lhe insípido, Ao acordar, O excedente de sua alma sobrevivente à esperança.


CHUVA DE VERÃO


Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

Chuva de verão pingando no seu rosto, Boca aberta sentindo seu gosto, Beijo de abelha lambendo mel, Montada numa bicicleta pedalando o céu, Olhos azuis levando o mundo de vento em popa, Deitado à esquerda e sacudindo tua roupa, Vestida de sorriso borrifando o chão, Peito de capacho acompanhando a multidão, Mentes distantes resfriando o suor, Pingos de alegria cantando de cor, Chuva de verão suspendendo o espaço, Corpo leve sentindo o teu abraço, Alma descoberta puxando a respiração, Sopro de Deus levitando tua emoção, Flechada de cupido viajando à deriva, Casal de namorados procurando-a viva, Coração feminino dando uma carona, Pernas abertas voando nos ombros de madona, Mãos espalmadas esperando receber amor, Águas de luz abençoada esterilizando estes ares de calor.