segunda-feira, 11 de novembro de 2024

PARÁGRAFOS 95 A 98 DO LIVRO VALE DA AMOREIRA


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

O daimon de Tilly costumava lhe dizer que a vida em si já é uma expiação e o aconselhava a carregar sua cruz com classe e jamais cair na tentação do satanás de aliviar o peso do seu fardo, e não ter com ele nenhum tipo de envolvimento, nem por brincadeira. O daimon de Tilly era adivinho, filósofo, profeta e cristológico.
Cuide para que não recaiam sobre ti carmas recalcitrantes por teres envaidecido o arqui-inimigo de deus na sua própria casa com a desculpa de que uma vez lá estando nada te custaria saudá-lo. Em verdade te digo, chegará um dia em que encontrarás o tinhoso numa boa hora e ele tentará te seduzir e te fazer hóspede em sua morada, se demorará na sua mestria cerimonial e tardará em lhe servir uma saideira de modo que para se desvencilhar dele terás que ser mais ardiloso que o próprio.
Tilly costumava participar a Onedin tudo o que seu daimon lhe dizia, e Onedin não só se encantava com essas histórias de gênios como também adorava remedá-las, parafraseá-las e parodiá-las, pelo simples prazer de entreter sua mente. Não existe nenhuma palavra no vocabulário desta língua ou de qualquer outra estrangeira que possa explicar Onedin. Espirituoso é um vocábulo atraente e tentador, mas está muito distante de uma definição apropriada para o caráter de Onedin. A maior dificuldade de se encontrar palavras para explicar a personalidade de Onedin talvez resida no fato dele sempre parecer se situar exatamente na fronteira que separa um gênio de um louco. Ele não era nem um, nem outro e tampouco um meio termo dos dois. Talvez fosse um novo tipo psicológico ainda não descoberto pelos cientistas. Talvez ele fosse aquela resposta que Tilly recebeu do Dr. Allen Hynek: Se eu dissesse de onde ele vem eu estaria mentindo, pois ninguém nem mesmo sabe o que ele é. Mas, como dizia aquele presidente ignorante e obtuso da América, make no mistake about it, Onedin era humano e deste globo terrestre e nele vivia embora ele fosse capaz de se desvencilhar o suficiente de todos os laços da realidade relativa para criar seu próprio mundo. E ele viva como qualquer cidadão que tem o direito de entrar numa biblioteca pública, folhear e tomar livros emprestados, devolve-los e consultar outros. Ele também ouvia vozes, mas nunca as atribuía a daimons. Nunca acreditou que alguém pensasse ou falasse por ele. Sempre achou que as vozes eram apenas ecos de seus próprios pensamentos, típicas de uma pessoa que, como ele, tinha o costume de constantemente falar com seus botões e confabular com sua consciência. Ele também tinha visões, mas nunca se deixou envolver por elas, e também jamais abstraiu delas qualquer ideia própria. Ele simplesmente as contemplava enquanto seu incansável inconsciente se incumbia do resto. Onedin era sociável, participativo, oferecido e de raciocínio rápido. Ele respondia a tudo, no ato, sem pensar muito e sem nenhuma intenção de zombar ou de pousar de engraçado e intelectual. Nenhuma pergunta ou observação a ele feita ficava sem resposta ou sem um comentário. Onedin só emudecia diante de Tilly, a quem ouvia atentamente, e para os demais falava tudo o que Tilly remoía em casa, sozinho, por horas a fio, lamentando-se sempre por não ter dito o que precisava ser dito na hora certa, e inutilmente se vangloriando de todas as respostas à altura que ele esculpia meticulosamente, imaginando o efeito que elas teriam produzido se fossem ditas nos instantes que já passaram e não voltam mais. Onedin era um anseio por rigidez de caráter aparentado por Tilly e este um sonho de liberalismo inconsciente representado por Onedin que não era santo, nem satânico, nem tão burro, e muito longe de ser brilhante, mas não totalmente desprovido de malícia beatificada, bondade mefistofélica, repentes irracionais e sobre-humanos. Era inútil querer encontrar em suas palavras beleza e elegância de expressão, vivacidade de matuto, ou ironia refinada e voltairiana. Onedin era também muito prestativo, ou pelo menos isso era o que ele fingia ser, e falava por falar, para não se omitir e não ser negligenciado, sempre com boa fluência e conteúdo, parecendo culto, mas era apenas um curioso, um palpiteiro afetado por criptomnésia crônica e, invariavelmente, se complicava, pois boa parte do que dizia sempre transgredia o contexto em que se encontrava. Onedin lembrava muita a morte quando esta cometia um deslize. Quanto mais ele queria consertar uma ideia mal formulada e mal compreendida, mais ele se alongava, iniciando um interminável corolário de complicações, mas ele sempre acabava encontrando meios de se safar tão intrincados quanto suas próprias enrascadas. Se não fosse o fato dele ter registrado esta história, ele seria mais uma pessoa inexplicável, passageira e esquecível, como Pacífico e Bombeiro, mais um ser cuja existência na terra passou completamente despercebida, um nome que nunca existiu para a posteridade, um ser sem sentido, como a terra antes do surgimento da capacidade reflexiva do homem e que não fazia sentido para os seres que a habitavam e nem para este universo que a abriga como uma das inúmeras e  pequenas incrustações num grão de areia do oceano. Se um dia Onedin apreendeu um pouco de ingenuidade no seu convívio com Tilly, este pouco de pureza que ele conservou foi contaminado pela perversão e hipocrisia da sociedade e pelo seu total desapego a juízos de conduta humana no que concerne conceitos do bem e do mal, mas o seu sarcasmo ficava reservado somente aos seus pensamentos que eram dirigidos mais enfática e desavergonhadamente aos perpetradores do mal, como o belzebu mutreteiro das advertências do daimon de Tilly.
Sabe, seu capeta, não querendo fazer média com o senhor, mas eu acho o seu inferno impecável. Estas fornalhas inspiradas no holocausto de Hiroshima são impagáveis. E eu que pensei que fosse encontrar aqui apenas aqueles caldeirões de pigmeus, fogueiras da santa inquisição e até mesmo aqueles fornos dos campos de concentração nazistas! Agora, essa sopa de merda que é servida aqui é simplesmente do cacete, ou melhor, do anus mesmo, e com certeza faria os mais finos paladares das moscas parasitas do distrito federal renderem-se ao seu inigualável sabor. E esse cheiro de enxofre então? É denso, substancioso e delirante! Nem todos os peidos de toda a humanidade soltos ao mesmo tempo se comparam a esse telecoteco em sovaco de nêga, cheio de manteiga de se lambuzar, e com catinga de macaco misturada com a de gambá. Estou tão chapado que vou voltar planando. O senhor me dá licença mas eu tenho que ir mesmo, mas eu retorno. Eu preciso ir porque não acho justo deixar meus amigos e convivas se iludindo com o reino absoluto dos céus depois de eu ter conhecido esta livre democracia terrena que não cobra dízimos e nem exige vestes nupciais para entrar. O senhor não perde por esperar! Este seu humilde e honrado penetra há de aqui regressar em breve como o melhor guia de almas e balas perdidas que esta zona maravilhosa cheia de encantos mil jamais viu.


ÚLTIMA MENSAGEM PARA DEIRDRE ULTRAMARI

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 


Querida Deirdre, Teu súbito e recente passamento serenou meu espírito, Por mais cruel e ignóbil que possa parecer este sentimento, Dizia minha avó espanhola que o pouco leva ao desespero, O muito à calma, Só espero que a efusão da saudade não me afete, Como fazem os ricos com os pobres para não serem importunados, E de todo aplaque-se à sucessão de meus dias sem você, Embora não acredite em vida após a morte, Falo com você como se você me ouvisse, Porque você sempre teve o outro lado como certo, Tamanha era sua fé, Não duvido pela mera quizila de descomprazer, Mas porque sempre ambicionei somente certezas científicas, Então te puxo para mim do montículo de terra sobre o último lugar para nos guardar, Sem sabermos onde estar, Cubro-me de suas lembranças, Estas me mergulham em devaneios, Quimeras, E bolinhas de sabão, A ponto de desejar que você possa ter projetado sua consciência para fora do corpo antes dele falecer, E que sua mente vaga por ai, Sem massa encefálica, Sem hora para se recolher, Recebendo e despachando pensamentos, É utópico, Você sabe, Uti non abuti, Porque me conheceu bem, Sempre me quis melhor ainda, E não quero que uma única nota de minha alegria se cale por sua triste partida, Você se decepcionaria muito comigo se eu o permitisse, Se você estiver verdadeiramente me captando, Deve estar de mãos nos quadris, Menos zangada do que surpresa, Você já sabe que não vou mais publicar meus livros, Você havia me convencido, Assenti, Dolorosa e profundamente áulico, Confesso, Por você enquanto viva, Mas não fiz nenhum juramento pelo resto de nossas vidas e que está sendo quebrado pelas suas costas, Nada mudou, Tudo continuará como sempre quis, Postagens nas redes sociais e nada mais, Não consigo conceber a fealdade de palavras solitárias, Só os gênios da literatura as fazem ganhar vida e beleza na companhia de leitores compulsivos, De mentes cultas, Não consigo apreciar o que escrevo sem o meu triunvirato, Esta minha trindade que insiste em colocar em harmonia a alta expressão do pensamento, A arte e ciência de combinar os sons de modo agradável à minha audição, E a representação gráfica, Fotográfica e plástica, Do ser e do objeto, Somente os três juntos alimentam meu espírito, Algo comparável somente à sua voz artística, De cortar a alma, Emprestada às minhas várias palestras performance que demandavam mais do que um personagem, E às vezes até cinco deles, Como em Contexto Para Uma Parábola, Dois dos quais femininos, Duas mulheres interpretadas brilhantemente por você, Com distintos e difíceis tons de falas, Ambas com diferentes sotaques semíticos, E mais ainda, Você elevava suas partes do texto às alturas rarefeitas em que costumava abonar-se, Para sensibilizar o público, Especialmente o masculino, Exprimindo a parte emocional e intuitiva da mulher, Por oposição à suposta parte intelectual do homem, E uma das homenagens que lhe faço aqui, É postar as duas músicas que você escolheu para sua participação em nossa apresentação, Iskanderia de Natacha Atlas quando é a Herodiana quem fala, E Waiting de Sheila Chandra, Quando é a vez de Maria Madalena, Você já sabe também que minha fase de palestras, Tanto as acadêmicas, Como as de performance, Terminaram, E decidi publicá-las no meu livro Um Bazar Chamado Pescoço de Cavalo, Exceto algumas, Como aquela chamada Gravidade. Porque achei-a pedante e presunçosa, Mesmo tendo ela caído no seu gosto, Mas se você continua de cara feia, Te pergunto: Que importância tenho eu para explicar aos outros o que escrevo e como? Nenhuma! Sou tão insignificante como Maravilhas Explicadas, Quem se interessa por esclarecimentos de um pretenso escritor amador? Nem mesmo eu, Um rude fariseu, Tenho interesse em ler e buscar explicações para as crônicas dos melhores colunistas do jornal O Estado de São Paulo, O melhor da América Latina, Que leio desde criança, Contudo, Mesmo a contragosto, E relutante, Você aquiesceu ao pequeno texto reescrito com o mesmo nome, Gravidade, Meu último que você leu pouco antes de seu adeus sem aviso-prévio no dia 02/03/2016, E apesar de ainda preferir a transcrição da palestra na íntegra no meu livro, Você teve a bondade de me felicitar pela minha fidelidade, Sem nenhuma concessão, À minha triádica escrita, As ideias nascidas do intelecto, Impulsionado pela alma, Nutrida por música e também pela intuição em busca de uma ilustração para materializar o conjunto, Nunca as músicas, Nem as ilustrações serviram de simples decorações de textos, Elas nunca se fizeram presentes por capricho e acaso, A música é e sempre será  a alma do intelecto e a imagem seus olhos, Se onde você se encontra lhe foi preservado o dom da reminiscência, Recordará que na palestra Gravidade foram poucos os que entenderam como o conto Além do Portão nasceu de uma interpretação da música Bylar pela alma, E ofereceu ocasião e uma demanda natural para se elaborar um contexto para tal interpretação, E eu decidi explorar as Experiências De Quase-Morte que aprendi com os vários livros de Kenneth Ring, Fui longe demais sobre algo que jamais saberemos, Ou talvez eu esteja errado e você possa já estar sabendo de tudo, Especulei sobre o que acontece com aqueles que decidem não voltar de um coma, Deixando o mundo real sem provas, Apenas com um cadáver, E não se esqueça que quase ninguém se empolgou com minha ingênua pretensão de um Grand Finale, Aquele último e longo parágrafo de duas páginas de livro, Escrito em português galego do século 14, E que me tomou três meses de leituras da época, Neste momento, Posso até ler seu pensamento retrucando: E o texto Abaixo do Décimo Nível? Todos que o leram jamais perceberam que foi escrito no ritmo de Águas de Março de Tom Jobim, E os presentes na palestra tampouco o entenderam apesar de minhas cuidadosas e prudentes elucidações, Você se lembra de alguém ter perguntado o significado de Abaixo do Décimo Nível? Como convencê-los de que há centenas de degraus na escada de nossa consciência, Desde o alerta total até a morte? Como fazê-los entender que, Na preparação para uma cirurgia, A anestesia geral faz nossa consciência descer somente até o décimo degrau, E abaixo dele há um verdadeiro universo de informações e experiências onde, Possivelmente, Reside parte do conhecimento absoluto que o cosmos nos concede de graça? Discutimos muito sobre isso, E certamente você não esqueceu da catarse da palestra, porque Gravidade foi escolhida como título, E porque a palestra foi ilustrada com a foto daquela mulher sem rosto, Parecendo um mar engolido pelos céus, Uma ilha sumida nos mares, Destilando mistérios, Curiosidades pelo elementar e absurdo, Sabe, Deirdre, As pessoas só têm tempo para sobreviver, E fora disso, Só querem o que o império romano oferecia ao povo: Panis e circenses, Só que o entretenimento dos romanos nada tinha a ver com a cultura de uma civilização esclarecida e inteligente como a Ateniense, Os gregos visavam conquistar o saber, E os romanos apenas o poder, Todos nós sempre soubemos que somos uma ínfima parte do todo, Mesmo assim queremos ser lembrados por alguma coisa, Queremos fazer algo que fez diferença no mundo, Algo que mudou a vida das pessoas para melhor, Mas não somos nada, Por isso deixo o que escrevo, Que nada tem de valor, Nestas chamadas redes sociais, Para ser esquecido, E não lembrado, Apenas para me convencer de que passei por este mundo, Nada importante, Simplesmente para certificar-me de que existi aqui uma única vez, Só isso, Gravidade foi escrita para explicar o que não interessa a ninguém, Explorando uma das três tríades que chamo de olhos da alma, Aquelas imagens que me desafiam a escrever sobre elas, Sem querer saber o que seus criadores pretendiam nos transmitir com suas artes e os nomes que lhes foram dadas, E Gravidade foi uma das raras imagens que minha alma não conseguiu atinar, E precisei, Pela primeira vez, Entrar em contato com a artista, Uma Argentina, E pedir a ela para me descrever o significado da foto, Inclusive a razão de seu nome, Foi um desafio para mim e para o público que continuou a ver navios, Mas, Em compensação, Tive o enorme prazer de compartilhar com você o que inferi das generosas elucubrações que ganhei da artista: Não preciso ver seu rosto, Porque em você não há nada de assustador e misterioso, Há quem sinta a gravidade caindo, Nos levando para casa, Subindo e vendo estrelas colidindo, Para saber de onde viemos, Há quem pense nas lembranças esquecidas de uma mulher que acredita que você um dia já foi, Até quem note os nítidos detalhes de seus sapatos, E ainda os ouve como moedas a tilintar, Te vejo como  reflexo da composição de um artista, Vejo você evocar e recriar uma atmosfera livre, Um desígnio singular que te define, Uma cintilação suave, Incerta e fina, Que bruxuleia incolor e sozinha, Indo de um puro rio a uma opaca névoa, Ainda não desfeita do sol nascido, Criando a ilusão de um ser desaparecendo no ar rarefeito, Uma ninfa etérea e real, Atraída pela gravidade sem peso, Flutuando em direção a uma luz que se acende em mim, Ao final, Deirdre, Ficou muito melhor a redução de quase duas horas de falação inútil a alguns minutos de leitura, Se bem que quase ninguém lê, Mas nada me deu mais satisfação do que reviver algumas das várias ilustrações que me inspiraram escritos, A mulher espectral que caminha solitária na escuridão de um casarão abandonado, Mas que precisa de uma lamparina para se guiar, Porquanto só quem vive precisa de luz, A jovem que derrama uma lágrima de terror perante o horror, E que para mim se afigura como o feminino santificado que abençoa e enfrenta o medo, A outra que não sorri e foi fotografada num momento de acidez, Mais uma outra que fita o vazio infinito, Sem nenhuma esperança, Por algo que perdeu para sempre, E, Por último, Aquela que esbanja charme, Numa fria indagação, Dissimulando seu interesse do porquê, Na madrugada do dia seguinte à sua morte, Enquanto seu corpo aguardava a dissolução em poeira, Pensamentos vários tramitavam em minha mente, Todos voltados para você, À luz brilhante das estrelas, E refleti: Delas viemos, Para elas voltamos, E por que não sonhar que estamos viajando entre elas, Prócion, A cintilação de uma lâmpada suspensa, Castor e Pólux, Os padroeiros de nossas aventuras pelo espaço, Nossos fogos de Santelmo, E para mim a única Helena que você sempre foi, Minha Betelgeuse, O braço de minha guerreira, Do centro regulador de minha psique, Rígel, O seu pé de algo maior, Não se exaspere com este meu cansativo palavreado, Gastei toda esta saliva para lhe dedicar um poema, Sonhos Com Estrelas, Que gostaria que você lesse, Mas não se perturbe, Jamais serei um cão Meara se lamuriando sobre o corpo de seu dono Arcturo, Não me lembrarei de você somente na data de seu aniversário, Como Vega e Altair, Vivendo em lados opostos da abóboda celeste, E com permissão de se encontrarem somente uma vez por ano, Nunca fizemos nenhum pacto, Daqueles que quem morrer primeiro volta para avisar o outro, Nunca fizemos promessas, Portanto, Deirdre, Resta-me te dizer, Não te prometer, Que por você, Doravante vou tentar transformar meus pálidos debuxos de morte-cores em aves-do-paraíso.

São Paulo, 01/10/2016

Minha Canção para Deirdre


Canção de Deirdre para a Herodiana

Canção de Deirdre para Maria Madalena

AZUL INFINITO

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Sei porque você fica aí, De pé, Olhando gente passar, Ouvindo gente falar, Tentando dar um sentido à sua vida, Pondo de lado os vícios e a cobiça, Para valorizar as virtudes da verdadeira amizade, E eu aqui me sento, Mergulho meu olhar no infinito, Fugindo da materialidade, Perdendo-me na transparência, No vazio, Da água, Do ar, À mercê da mulher, Como um barco vogando ao sabor da corrente, Porque nela tudo se suaviza, Tudo perde forma e substância, O mar deixa de ser mar para ser apenas um cursor, Como pássaro voando ao capricho do vento, Porque nela tudo se desmaterializa, Tudo perde movimento e som, O céu deixa de ser céu para ser apenas sua cor, Sei que você está em busca de um sorriso para dar alívio à alma aflita, De alguém para quem chorar, Alguém para você proteger, Evitando a leviandade do jovem, Que faz sexo só para partir corações, E ainda não me levanto, Passo para o outro lado do espelho, Caminhando para a divagação, Abandonando o repouso terreno, O contentamento comigo mesmo, Num sonho, Com Rígel, Com Mégil, A viver pela mulher, Como uma supernova acrescentando mais luz ao universo, Porque nela tudo se acalma, Tudo ganha solene profundidade, A estrela deixa de ser estrela para ser apenas seu fulgor, Porque nela tudo se realiza, Tudo ganha simpatia e gentileza, A mulher não deixa de ser mulher, Porque nela tudo se relativiza, Nela tudo é tratado com absoluto amor.

INGLESA BAFFLED FOR BEING CHOSEN