Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chines com direito autoral protegido pela Lei 9610/98a
Fertilidade da terra, Amarela,
Minha eternidade, Sua pele não escurece os mais puros alabastros de Esparta, Nem
substitui o negro, Para anunciar meu declínio, Minha velhice, E minha
aproximação da morte, Porquanto branca é sua afinidade, Tua é a cor da fruta
pêssego, Seiva iluminadora de meu corpo, Macio veludo que o recobre, Lançado à
luz pela minha verdadeira mãe ocidental, Me imortaliza a cada 3 mil anos, Me dá
o oráculo, Sua madeira pessegueiro me dá o pincel de adivinhação, Ao movimento
do forcado laqueado de vermelho, Princípio da vida, Diurna e noturna, Quando
seus pecados são como o escarlate, Como neve eles embranquecem, Tal qual a matiz
áurea tirante ao alvo, Quando eles purpuram a uva, Como lã se convertem, Abuse
de minha própria inteligência, Do meu conhecimento do bem e do mal, Prove de
minha maçã proibida, Ou reflita melhor enquanto ela ainda é verde, Que embala as
ramas nas matas, Enquanto há esperança, Enquanto sou fértil, Pevides de melão,
Sementes de melancia, A te fecundar, E você a me alimentar, Pois a vida parte de
mim, E desabrocha em você, Entre seus braços, Aos desígnios da providência, À
epifania de luzes, Sem rosto e sem forma, Com aspecto de uma pedra de jaspe e
coralina, Com um trono envolvido por um arco-íris, E reflexos de esmeralda,
Minha longevidade, Não priva a luz, Divide-se entre a servidão a três
flores-de-lis douradas e à abóboda lápis-lazúli, Minha imaterialidade,
Par le sang de Dieu, Sang bleu, Une peur bleue, Je n´y vois que du
bleu, Minha marginalidade, Não anoitece, Desapega-se dos valores deste
mundo, Vai de encontro ao Branco virginal, Ao sabor agridoce do mirtilo, De
muitos sêmenes, E no lusco-fusco da madrugada, Você é a jabuticaba, Preta e
bela, Filha de Jerusalém, Canta a noite, Mãe dos deuses e dos homens, Origem de
todas coisas criadas, A vênus, Quando você enluta teus doces dias, Ressoa
internamente a escuridão, No lugar do alvo, Torna-se um nada sem possibilidades,
Como um nada morto depois da morte do sol, Como um silêncio eterno, Sem futuro,
Sem esperança, Quando você desenluta, Produz sobre minha alma o mesmo efeito de
um dorido silêncio que vem da lua, Absoluto, Vivo, Transborda as possibilidades
vivas, Um nada, Pleno de alegria juvenil, Anterior a todo nascimento, A todo
começo, Branco e frio, Como ressoava nos tempos da era glaciária, A filha de
Deus, Que me toma consigo, Me leva, Sozinho, Para um lugar retirado, Num alto
monte, E ali transfigura a noção de amor, Diante de todos os frutos e cores,
Despojando-se da veste profana, Tornando-a resplandecente, Extremamente branca,
De uma alvura tal como nenhum lavandeiro na terra pode alvejar, Como nenhum
homem mulher de coração pode sonhar.