quinta-feira, 20 de outubro de 2022

UM FIM DE SEMANA DONZELA

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)


Passe um fim de semana comigo, Antes que minha sorte acabe, Seus caprichos são imprevisíveis, Não haverá nenhum santo de guarda, Podemos xingar de tudo quanto é nome feio, A mulher do meu colega de Macau trabalha na Panam, Ela consegue passagens de ida e volta para Nova Iorque de graça, A empresa se aproveita do chinês, Com sotaque de Portugal, Para levar e trazer amostras de produtos de clientes americanos, Não vamos desperdiçar o viajante, E tampouco roubar-lhe a bagagem, O que há dentro dela? Oras, É o edifício Dakota onde John será assassinado dentro de 12 anos, Vamos saltar mais 9 anos no tempo, Este fino Senhor, Requestado, Por todas as valentes damas e cavaleiros, Igualmente amantes e guerreiros, Todos, Por causa de um só minuto de nostalgia e tédio da memória, Recomenda-se, Portanto, Que se abandone este dono da relatividade quando o sol estiver abaixo do horizonte, Pois não podemos salvá-lo no momento próprio, Olha só, Um bom hotel aqui na quinquagésima com a Lexington para o pernoite, Não precisamos mais descer em pousadas, Vamos subir, Cruzar a Park, Depois a Madison, Mas não viramos à direita, Hoje não é dia profesto, A quinta, Com seus olhos coruscantes, Compostura de excessivas feições de primor, Fica para trás, Seguimos adiante e entramos no Radio City Music Hall, Será que a tribo dos queridos gatinhos e a noite nos escolhem para ascendermos para a ionosfera e voltarmos para uma vida nova?, Não é aqui? Na Broadway? Então para lá vamos e aproveitamos para ver o que sobrou dos vinis novinhos em folha que perderão o lugar para os discos compactos, Sabe, Quanto mais te ouço, Mais te amo, De verdade, Você não é a distância que, Através da saudade, Transporta aos amantes a imagem da pessoa amada, Você me passeia como um filho embalado nos braços de uma mãe, Me distrai como uma criança com seu brinquedo, És minha árvore mais altiva, E, Enquanto caminho, Minha sombra cobre todos os frutos que você esparrama pelo chão, És um canto de ave que me leva mais alguns anos ao futuro, Para o Forte de Loh, Onde um rio, Feito canal, Corta a cidade, E meu coração, Suas águas plácidas correm ao nível do gramado, Quase a transbordar, E nelas meu barquinho de papel poderia navegar, Como os fenícios nas suas esguias trirremes, Procurando a pálida estrela polar, E essas águas? Elas são como diamantes, Achados aos punhados, A cada lavagem, Sabe, Quanto mais te escrevo, Mais te amo, De verdade, E por estar sempre correndo rios de tinta, Sem você minha bibliografia é paupérrima. 

ENFIM, SEU GUILHERME, SOMOS CAMPEÕES DO MUNDO



 Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98
Em 1957, meu pai deu início aos preparativos para deixar o ‘Pari’ dos depósitos de doces e fazer da região norte, do outro lado do Tietê, que abandonara sua agrestidade, sua última morada na superfície da terra. Foi um pedido de minha mãe, jovem e inexperiente, que queria sair imediatamente da casa onde morávamos para viver próximo de sua mãe. O motivo de tal súbita e urgente mudança foi uma morte na família. Primeiro, meu pai comprou um terreno para construir uma nova casa nos fins de semana e que levaria um ano para ficar pronta. Ao mesmo tempo, ele alugou uma casa na Vila Guilherme, onde nós permaneceríamos todo o ano de 1958. Dizem que várias ruas deste bairro receberam nomes de parentes do Seu Guilherme da Silva, o dono da antiga gleba. Sua esposa, Dona Maria Cândida, ficou com a principal via. Sua filha, Diva da Silva, ficou com uma secundária e perpendicular à da mãe, e foi nela que meu pai fixou nossa residência temporária, quase na esquina com a Rua Coronel Jordão. Seu Guilherme havia loteado todas suas terras, compradas da Dona Joaquina Ramalho Pinto de Castro, em sítios e chácaras, e estas, mais tarde, não resistiram ao progresso e foram divididas em terrenos para a construção de habitações. Meu pai e dois de seus irmãos compraram um grande lote e nele construíram uma daquelas antigas vilas, com rua sem saída e com várias casas conjugadas e simétricas, como as das periferias de Londres, mas bem mais modestas. Hoje se dá a esses tipos de construções o nome de condomínios. Meu pai e meus tios eram excelentes construtores. Aprenderam o ofício com o meu avô italiano. Mas eram péssimos negociantes e nada entendiam de economia. Venderam todas as casas com financiamento direto de seus bolsos esvaziados e devedores, sem intermediação de bancos, por um prazo quase a perder de vista e com prestações fixas e sem correção monetária. Anos depois, a inflação galopante os levou a passar as escrituras definitivas aos moradores antes da metade do prazo. O valor das prestações já não pagava nem mesmo o  custo de confecção dos carnês. Eles saíram no prejuízo. Receberam de volta pouco mais que o custo do empreendimento. Assim, meu pai e meus dois tios deram uma grande contribuição à Vila do Seu Guilherme, beneficiando cerca de trinta famílias com presentes de pai para filho: o sonho da casa própria por um preço irrisório e simbólico. Meus tios tomaram rumos diferentes do meu pai, que não baixava a cabeça e nem olhava para trás, contanto que o que ele fizera não tivesse prejudicado, mas, ao contrário, ajudado pessoas. Eu tinha 6 anos, um irmão de 2 e outro de 10. Eu estava começando a tatear o mundo exterior. Nos meses anteriores, vividos na Rua Pacheco e Silva, no Pari, eu não me lembro de ter brincado na rua uma única vez. Estranhamente, todas as lembranças da minha curta passagem por aquele bairro morreram junto com minha tia-mãe, Alice, que me chamava de filhão e não saiu daquela casa viva como profetizara. As únicas recordações que retive foram aquela grade de proteção à janela rente ao chão, que levava luz ao porão, e era vigiada por um vespeiro aguerrido, e as melancias que começaram a brotar na superfície do nosso quintal, às vésperas de nossa partida. Antes do Pari, na Rua Cantagalo, no Tatuapé, eu fiz apenas duas incursões fora de casa. Uma vez, acompanhado pelo meu irmão, que me levou até um terreno baldio onde alguém havia escondido um tesouro, um monte de bolinhas de gude coloridas. E trouxe-me de volta com um corte e vários pontos no pé esquerdo, que pisou em falso num caco de vidro. E outra vez com minha prima Janete, que descobriu, num vão estreito entre dois muros, vários cones de papelão para fios têxteis, e logo fez deles adereços de carnaval. A Rua Diva da Silva não era longa, mas, para uma criança como eu, ela parecia não ter fim. Às vezes eu acompanhava com os olhos meu irmão caminhando por ela até perdê-lo de vista. Um dia, resolvi segui-lo. Meus passos eram curtos, mas rápidos. Tinha medo de não chegar ao final da rua antes do dia acabar. Em poucos minutos, no entanto, eu já estava junto à esquina com a Rua Desembargador Urbano Marcondes e, do lado direito, descortinava-se diante de meus olhos o palco de um teatro mágico: crianças jogando futebol num campinho de terra. Então é assim que se pratica aquele esporte ao qual meu pai assiste todos os domingos na televisão! Então, é por isso que meus tios vêm frequentemente à minha casa, para assistir futebol! Enquanto eu encantava-me com a bola e os pés descalços levantando poeira, sem perceber eu adentrava o campo de jogo e meu irmão logo se deu conta da minha presença:
O que é que você está fazendo aqui?
Eu quero jogar também.
Que jogar o quê, moleque, volte já para casa antes que eu lhe de uns tabefes!
Meu pai foi o primeiro da família a comprar uma televisão. Por isso, muitos parentes vinham à minha casa nos finais de semana. Meu pai era especial. Logo que ele percebeu meu gosto pelo futebol, comprou-me uma pequena bola de ‘capotão’, que eu batia no quintal até ralar. Um garoto de minha idade, que morava quase em frente à minha casa, via-me com aquela bola todos os dias e chamou-me até sua casa para mostrar-me algo diferente: um jogo de botões.
Você não tem um?
Não, mas posso pedir ao meu pai para me comprar.
Tem com cores e distintivos de futebol.
É mesmo? Então, vou pedir ao meu pai para comprar um do Palmeiras.
Do Palmeiras, não! Compre do São Paulo que é o melhor de todos.
Meu pai era especial mesmo. A família Corintiana de minha mãe queria converter-me e, agora, meu pai resignadamente, e a contragosto, comprou-me um jogo de botão do São Paulo. Mas, no dia seguinte, ele me presenteou com uma camisa do Palmeiras e num domingo de 1959 levou-me ao Palestra Itália pela primeira vez, para assistir Palmeiras 6 X 1 Comercial (de Ribeirão Preto). Embora eu estivesse completamente fascinado pelo futebol que, um ano mais tarde, eu iria ver ao vivo, da arquibancada, eu ainda mantinha alguns estranhos vícios que começaram lá na Vila Guilherme. Eu costumava pegar um macacãozinho de meu irmão caçula, enche-lo de retalhos, improvisando-lhe uma cabeça de pano e balança-lo nos meus braços como um bebê, como uma boneca. Eu chamava-o de menino. Na idade adulta, quando fazia psicoterapia, perguntei se este costume não era indicativo de homossexualidade. Para minha surpresa, a psicóloga respondeu-me que era um fato insignificante da infância e de nenhuma relevância para minha análise. Mas, minha vizinha do lado esquerdo, uma mulher que adorava minha família, preocupava-se. Um dia ela surpreendeu-me com um  boneco de pano de verdade: um palhaço, como o torresmo. Isso aconteceu quando estávamos de mudança para o novo bairro. Definitivamente, meu pai esteve muito acima da média. Ele vinha almoçar em casa todos os dias. Certa vez, chegou todo feliz e orgulhoso com seu primeiro carro: um Bel-Air 54. Durante o almoço, ele prometeu que antes de voltar ao trabalho ia nos levar para dar uma volta. Meu irmão mais velho estava na escola. Eu sentei no meio, entre meu pai e meu irmãozinho, junto à porta. O carro mal rodou alguns metros e a porta do passageiro abriu-se e meu irmão de dois anos voou de cabeça para fora. O lamaçal que cobria a sarjeta amorteceu sua queda e ele não sofreu nenhum ferimento. Só tomou um banho e meu pai, empolgado com o carro, agora se penitenciava com tamanho descuido.
Certa vez, meu pai estava agitado, com o som do rádio às alturas. Ele havia gritado gol' três vezes.
É o Palmeiras?
Não, é o Brasil!
Quando ele gritou gol pela quarta vez, pegou-me pela mão e levou-me até a Praça Oscar Silva, na esquina da Maria Cândida com a Coronel Jordão. Ali se aglomerava um mundaréu de gente frenética debaixo das árvores frondosas. No alto de um dos galhos, pendurava-se um alto-falante, ligado a um rádio que irradiava para toda a Vila o Brasil jogando contra a Suécia. Antes do jogo acabar, gritaram gol de Pelé. O radialista, com a voz rouca de emoção, distorcida pela transmissão, e meio fanha com os ecos do alto-falante, mal conseguia falar. O público, eufórico, ainda mantinha-se atento às palavras que saiam daquela pequena caixa mágica. De repente, o locutor gritou: Termina a partida, somos campeões do mundo. Aquele povo, como se tivesse ensaiado, bradou uníssono: somos campeões do mundo! Todos se abraçavam e lançavam seus chapéus para o alto. Aquele foi um momento em que eu vi o tempo parar. Os chapéus pareciam estar suspensos no céu, quando a energia potencial estava prestes a dar lugar à cinética e tudo pairava no ar alguns segundos. E os chapéus pareciam descer em câmera lenta, contrariando as leis da física, que determinam subida e queda na mesma velocidade. Eram as leis humanas que ali imperavam. Nunca tinha visto tanta gente feliz em minha vida. Até mesmo os balões e fogos de artifícios que se alçavam aos céus, pareciam estar sorrindo. Nos dias que se seguiram, ouvia-se no rádio o dia inteiro: A taça do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem possa. Eh eta esquadrão de ouro, é bom no samba, é bom no couro. A próxima surpresa que meu pai me fez foi presentear-me com o uniforme da seleção, camisa amarela, calção e meias brancas, que eu levei, com muito orgulho, para o novo bairro onde fui morar. E de lá, da Vila Guilherme, eu trouxe comigo algo que eu nunca vira nos rostos dos adultos: felicidade.

OUT OF THE BLUE



Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Não sei de onde brotam tantas ideias, Inéditas, Súbitas e intrometidas, Só podem ser do conhecimento absoluto, De entrada franca, Com programação imprevisível, Ouse o terapeuta subtrair uma gota de seu conteúdo a algum sonho seu recorrente e perturbador, E ele inunda o minúsculo espaço deixado vazio com um mar que transborda seu inconsciente, Atreva-se a enxota-lo, E ele te emoldura num carrossel, Vem e Vai, E quando passa pelos seus olhos, É Sempre nada de nada do que faz sentido, E, às vezes, Com palavras simples assim vindas de uma mulher: Oh meu amor, Sou sua fada, Vindo do nada, Com todo fervor, Meu deus da sincronicidade, Que prepara misteriosos elementos psicóides na natureza para unir as partes estranhas umas às outras para me impressionar com coincidências, Por acaso você já me deu alguma ideia que não tenha sido por acaso? Porventura é você que faz um disco voador surgir e desaparecer do nada? Como se ele tivesse se perdido e entrou pela porta errada? E as ilusões? É você também quem as engendra? Como o espírito daquele homem  pelado que apareceu no banheiro de meu quarto? Será que ele apenas se esqueceu por uns instantes que está morto e resolveu tomar um bom banho de ducha que só se encontra num hotel cinco vezes estrelado? Ou tem ele consciência que faz parte do nada e, de vez em quando, passeia pelo mundo? Bem sei que o louco não sabe que é louco porque nunca conheceu a sanidade, E que o morto não sabe que está morto porque não sabe o que era antes de existir, Fico pensando nos sonhos que me levam a lugares onde nunca estive e para os quais nunca atinei, E depois eles coincidem com a realidade e me deixam, Quando nada, Atônito com as verdades que eles me revelam, Do presente, Do passado, E do futuro não tenho como provar, Para não faltar à verdade, A bordo de uma de suas casualidades, Um navio graneleiro chamado internet, Veio esta linda mulher que se senta ao meu lado, Como um mimo que um potentado manda a outro, E ela, parafraseando Graciliano Ramos e Lígia Fagundes Teles, Acende a fogueira, Mesmo cercada de ar forte demais, Meu fogo atiça, Me acolhe como uma brasa ardendo na infelicidade e na preguiça, Resolve meus problemas existenciais, e emenda:
Oh meu amor, Homem com alma de mulher, Grande intelectual filosofando sobre a existência, Quão difícil é acompanhá-lo em reflexões tão profundas, Encontrou ocasião para trocarmos impressões sobre a oportunidade da vida e sobre o potencial do espírito na transcendência possível a cada patamar evolutivo, E de minha parte, Você já sabe, Eu era uma rocha ressurgindo à flor das águas, E com gestos simples e admiráveis, Você apanhou-me como uma mosca fulgurante, Curioso de me examinar e de me amar, Sem nunca me perguntar quantos homens descarregaram suas frustrações entre minhas pernas, Entrou para minha vida factícia de 26 anos, Com todo seu ardor, Abandonando seu pequeno mundo preso a encruzilhadas, Sem medo de ter medo, Com a certeza de recomeçar onde tudo lhe era pouco conhecido, Oh meu amor, Não chame isto de sorte de bilhete de loteria, Nem de geomancia, É nada dos nadas para sua valentia, Você é meu contato imediato do terceiro grau, A minha vez na vida e noutra na morte, Meu sonho revelador, Meu encosto redentor, Come my love, With your desire, Out of the blue, And into the fire.

QUIASMO RIMADO


Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.

A Estive no Vale da Amoreira e soube do crime proibido de se comentar
B Fui à casa da Cândida, conheci sua mãe e sua avó que gostam de conversar
C Estive na Galileia, vi Jesus e a rainha da Inglaterra
D Lady Jane levou-me ao convento na idade média onde minha amada se aferra
E Estive no consultório da Lilian para socorrer uma vida que estava por um fio
F Voei até Nimes nublada e acinzentada sobre a baixada Fluminense no Rio
G Encontrei-me com a civilização dos ursos humanos de diferentes ideologias
H Falei com meu pai pela última vez amarrado a uma cama e cheio de agonias
I Pediram-me para explicar a espada de Dâmocles que afeta dois casais
J Sai voando pela janela até a casa de meus pais
K Segui voando pelas ruas e atravessei a porta de cultos espirituais
L Voltei à Galileia e invadi a área reservada à crucificação
L Ali morri com uma lança romana cravando-me no chão
K Encontrei Dona Ana sentada trabalhando desde tempos imemoriais
J Só duas jovens freiras morenas reconheceram-me na minha invisibilidade
I Li no jornal que a insegurança do poder paira sobre nossa infidelidade
H Reencontrei meu pai num hospital na cidade de Campo de Marte que não tem mar
G Encontrei-me com os humanos do futuro que são todos gêmeos e falam bem devagar
F Visitei a Nimes romana no sul do território francês
E Trouxe de volta o rebelde e quase suicida japonês
D O amor de minha vida virou freira e trocou-me por Deus
C Fui levado ao Himalaia para ver o homem das neves lá do alto acenar adeus
B Na casa da minha amiga, o cão vivo é manso, mas o morto era bravo e ladrou
A Descobri quem matou, quem morreu e quem escapou


OBJETOS VOADORES NÃO IDENTIFICADOS


ESCRITO EM 2011


Na foto o americano Dr. J. Allen Hynek e o francês Jacques Vallée
 
Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

 
De volta à terra do Obama, sempre a trabalho, encontro ensejo para falar de um assunto polêmico, mas tão relegado ao último de todos os planos quanto o desinteresse do cidadão comum por astronomia. 'Está tão difícil ganhar a vida aqui na terra, por que eu iria preocupar-me com duas galáxias há bilhões de ano-luz que estão prestes a se chocar?' Não pretendo aqui fazer um simples resumo sobre o fenômeno, mas apenas dar minha opinião sobre o assunto, com base no meu contato pessoal com os dois únicos cientistas do mundo que trataram o assunto de forma séria e científica e com base nas minhas pesquisas de quase trinta anos. O fenômeno é mundial, mas foi aqui, nos EUA, onde ele parece ter, verdadeiramente, nascido. É neste país onde se registra o maior número de relatos destes OBJETOS VOADORES NÃO IDENTIFICADOS (ÓVNIS), popularmente chamados de 'discos voadores'. O assunto é tão intrigante a ponto de merecer a atenção do famoso psiquiatra Carl Jung, que escreveu, em 1958, um livro especialmente dedicado aos UFOS (UNIDENTIFIED FLYING OBJECTS - ÓVNIS), sob o título UM MITO MODERNO SOBRE COISAS VISTAS NO CÉU. Logicamente, Jung não tratou da possibilidade científica de tais objetos existirem de verdade, mas apenas sobre os efeitos psíquicos que eles causam nas pessoas que dizem terem visto tais objetos.
 
Os primeiros sinais da existência de tais objetos apareceram, na verdade, nos céus da Europa, no final da segunda guerra mundial, quando aliados em combate aéreo na Alemanha se viam cercados por estranhas bolas de fogos que eles chamavam de FOO FIGHTERS(CAÇAS OU AVIÕES DE FOGO) e que foram atribuídas aos Russos.
 
O assunto ganhou popularidade e provocou frenesi nos EUA quando o empresário e piloto particular, Kenneth Arnold, disse que, durante um voo, avistou nove objetos não identificados, voando em formação, no dia 24 de Junho de 1947 (GUARDEM ESTE ANO NA MEMÓRIA). Ao falar com a imprensa, ele não usou o termo DISCO VOADOR, mas apenas tentou descrever, à sua maneira, como eles se pareciam: PIRES, DISCO, PRATO, etc. Acrescentou, também, que os objetos faziam movimentos semelhantes àqueles quando atiramos uma pedra achatada na superfície de um lago e ela desliza sobre a água saltitando. Um dos jornalistas presentes sintetizou o que Arnold vira: FLYING DISC ou FLYING SAUCER (DISCO ou PIRES VOADOR), e o nome pegou.
 
Depois deste relato de Arnold, os EUA foram palco da maior onda de relatos de ÓVNIS já registrados na história. E, para apimentar ainda mais a opinião e temor públicos, APENAS 14 dias depois do relato de Arnold, habitantes da cidade de ROSWELL, no Estado do NOVO MÉXICO, viram um ÓVNI cair e se espatifar numa propriedade rural. Um fazendeiro encontrou todos os destroços do DISCO VOADOR e relatou tudo à imprensa. O incidente chegou aos ouvidos de um oficial da Força Aérea Americana de Roswell, chamado Walter Haut, e este enviou uma nota à imprensa informando que o governo americano havia capturado um disco voador. E logo se espalhou a notícia de que havia cinco ou sete ocupantes, mortos. No dia seguinte, o principal jornal de Roswell publicou na primeira página: EQUIPE DE TERRA DA FORÇA AÉREA CAPTURA UM DISCO VOADOR NUM RANCHO DE ROSWELL. Ao tomar conhecimento da notícia veiculada no jornal, oficiais do governo americano convocaram uma reunião com a imprensa para desmentir Walter Haut e afirmar que o que ele viu foi apenas os restos de um balão meteorológico e que, muitos anos mais tarde, seria esclarecido pelas autoridades tratar-se de um projeto secreto chamado MOGUL. Até hoje, nenhuma autoridade americana conseguiu provar que o objeto que caiu em Roswell em 1947 era apenas uma balão ou uma arma secreta dos EUA. O INCIDENTE ROSWELL entrou para a história como o caso mais convincente e factual sobre a existência destes ÓVNIS e deu origem a ideia de que os mesmos são visitantes extraterrestres por causa do boato de que o ÓVNI acidentado era pilotado por cinco ou sete seres humanoides. E 1947 entrou para a história como sendo o ano em que os ÓVNIS chegaram à terra em massa. As autoridades americanas abafaram o caso, e a vida continuou, com um aumento crescente de tais objetos em todo mundo.
 
Apesar do categórico e até irônico desmentido do Oitavo Comando da Força Aérea Americana incumbido do caso ROSWELL, CURIOSA e COINCIDENTEMENTE, a FORÇA AÉREA AMERICANA criou, em Setembro desde mesmo ano de 1947, um projeto especial para investigar ÓVNIS, chamado SIGN (SINAL). No dia 11 de Fevereiro de 1949 o nome do projeto foi substituído por GRUDGE (RANCOR). Finalmente, em 1951, o projeto ganhou um novo e definitivo nome que o tornaria famoso: BLUE BOOK (LIVRO AZUL). Os nomes em códigos não têm nada de especial.
 
De 1951 a 1969 o programa LIVRO AZUL teve sede na Base da Força Aérea de Wright-Patterson no Estado de Ohio. Os militares precisavam contratar profissionais de diferentes áreas, inclusive um astrônomo para analisar relatos de fenômenos astronômicos, meteoros, planetas, estrelas pulsantes e outras ocorrências naturais confundidas com ÓVNIS. O Dr. J. Allen Hynek era diretor do observatório McMillin da Universidade Estadual de Ohio e foi convidado para participar do projeto APENAS porque ele era um astrônomo que trabalhava perto da base Wright-Patterson.
 
Hynek, assim como todos os cientistas de sua época e dos dias de hoje, achava que estes relatos de ÓVNIS eram pura histeria do pós-guerra, histórias ridículas contadas por pessoas não confiáveis, mesmo assim ele aceitou o convite por ser uma oportunidade para ele mostrar os métodos utilizados pela ciência para desmistificar falsas crenças. No final das contas, Hynek acabou trabalhando para a Força Aérea durante 22 anos como consultor científico, e de cético passou a ser um crente sem jamais deixar de ser um CIENTISTA. E ele não se limitou a analisar fenômenos astronômicos. Fez trabalho de campo, investigando supostas marcas deixadas por ÓVNIS no solo e entrevistando pessoas que disseram terem sido abduzidas e examinadas pelos 'tripulantes' de ÓVNIS, via de regra, os famosos seres cinzas de pouco mais de um metro de altura e que já fazem parte do folclore UFOLÓGICO e HOLLYWOODIANO. Foi com base nesta longa e diversificada experiência com relatos de ÓVNIS que Hynek criou, pela primeira vez, uma metodologia para classificar os diferentes tipos de relatos e que ele publicou no seu livro THE UFO REPORT (O RELATÓRIO SOBRE ÓVNI) em 1972. Ele catalogou seis tipos de relatos básicos:
 
DAYLIGHT DISCS (DISCOS DIURNOS). Relatos destes objetos em forma de disco vistos a olho nu nos céus durante dia.
NOCTURNAL LIGHTS (LUZES NOTURNAS). Relatos de luzes vistas no céu à noite e que PODERIAM ser os mesmos ÓVNIS vistos durante o dia.
RADAR VISUAL (RADAR-VISUAL). Relatos de discos vistos a olho nu durante o dia e, simultaneamente, detectados num radar, o que, em tese, PROVA que os ÓVNIS são OBJETOS SÓLIDOS e não apenas ilusões  ópticas.
CLOSE ENCOUNTERS OF THE FIRST KIND (CONTATOS IMEDIATOS DO PRIMEIRO GRAU). Relatos de ÓVNIS bem próximos, permitindo ver características tais como forma, cor e movimentos.
CLOSE ENCOUNTERS OF THE SECOND KIND (CONTATOS IMEDIATOS DO SEGUNDO GRAU). Relatos de ÓVNIS que deixaram provas de suas presenças, tais como marcas no solo e na vegetação.
CLOSE ENCOUNTERS OF THE THIRD KIND (CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU). Relatos de ÓVNIS e seus OCUPANTES(TRIPULANTES).
 
Este livro foi escrito como uma resposta de Hynek ao encerramento do projeto LIVRO AZUL em 1968 por recomendação do RELATÓRIO CONDON, um estudo encomendado pela Força Aérea dos EUA junto à Universidade do Colorado. O famoso relatório concluiu que não valia a pena continuar pesquisando ÓVNIS porque eles não representavam nenhuma ameaça à segurança nacional do país. Talvez este tenha sido o principal motivo para a criação do projeto em 1947. Um problema que contradiz este objetivo foi o fato de que as autoridades prometeram, desde o início, que o público teria acesso às investigações e seus resultados, mas isto nunca aconteceu. Se os ÓVNIS eram assim tão desinteressantes, por que não deixar o público ter acesso às pesquisas de 22 anos destes IRRELEVANTES OBJETOS VOADORES? Este mistério terminou em 1975 quando, com base na Lei de Liberdade de Informação, todos os arquivos do projeto LIVRO AZUL foram colocados à disposição do público nos Arquivos Nacionais de Washington. Hynek aproveitou o momento para escrever um segundo livro, HYNEK UFO REPORT(RELATÓRIO SOBRE ÓVNI DE HYNEK), no qual ele discute vários casos de relatos INSOLÚVEIS.
 
Hynek tornou-se o primeiro e ÚNICO CIENTISTA a escrever sobre o fenômeno ÓVNI SÉRIA e CIENTIFICAMENTE. Depois dele, a única pessoa que pode ser levada a sério é o Francês Jacques Vallée de quem falarei mais adiante. Hynek sempre pesquisou os ÓVNIS sem qualquer associação destes objetos com uma possível origem extraterrestre. Como todo cientista sério, Hynek queria, em primeiro lugar, determinar O QUE SÃO estes objetos. Após o encerramento do projeto LIVRO AZUL Hynek continuou pesquisando os ÓVNIS por conta própria e criou um centro de pesquisas chamado CUFOS (Center for UFO Studies), sem fins lucrativos e financiados por contribuições espontâneas de pessoas físicas e jurídicas. Eu contribuí com uma assinatura do boletim mensal deste Centro de Estudos de 1973 a 1986, ano no qual Hynek faleceu aos 75 anos de idade.
 
Hynek discordou, veementemente, das conclusões do Relatório Condon, mas nunca saiu por ai pregando teorias de conspiração e acobertamento por parte de governo americano. Sua maior queixa era o inexplicável desprezo dos responsáveis pelo programa LIVRO AZUL, assim como de seus colegas cientistas, pelo grande número de casos de relatos de ÓVNIS que  permaneceram INEXPLICÁVEIS para os próprios autores do Relatório Condon.
 
Em 1977, o produtor cinematográfico, Steven Spielberg, resolveu fazer um filme sobre ÓVNIS e alienígenas e convidou Hynek para ser seu consultor científico. O filme é de ficção e Hynek foi convidado por sua longa experiência nas pesquisas de ÓVNIS e, sobretudo, por ser a única autoridade séria e com conhecimentos profundos sobre o fenômeno. Hynek colaborou  com informações sobre como as pessoas comportavam-se cada vez que um ÓVNI era avistado, não simplesmente por um civil, mas também por uma autoridade. Spielberg pediu a Hynek para que ele lhe desse permissão para dar como título do filme uma de suas categorias de relatos de ÓVNIS e é por isso que o filme chama-se CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU. Hynek faz uma rápida aparição no final do filme, de barba e segurando um cachimbo, quando os alienígenas desembarcam da 'nave mãe'.
 
Em 1978, Hynek fez um pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas, pedindo para que fosse formada na ONU uma única autoridade mundial a cargo das pesquisas científicas sobre os ÓVNIS. Neste mesmo ano, eu assisti a um seminário de Hynek sobre ÓVNIS de três noites seguidas. Os mais fanáticos que esperavam ouvir revelações bombásticas decepcionaram-se. Hynek manteve uma postura extremamente científica e descartou completamente a possibilidade de uma origem extraterrestre dos ÓVNIS. No final do seminário, consegui uma entrevista com ele e, aproveitei para colher seu autógrafo nos dois livros que ele escreveu, já mencionados acima, e que na época estavam disponíveis somente em inglês. Nunca me esqueci da primeira coisa que Hynek me disse: 'Se eu lhe disser de onde eles são estarei mentindo para você porque nem eu mesmo sei O QUE ELES SÃO'. Hynek disse-me que os ÓVNIS EXISTEM, mas ninguém sabe o que eles são, nem mesmo o governo americano. Hynek sempre evitou falar em público sobre o caso ROSWELL que foi reaberto nos anos setenta com depoimentos de várias testemunhas. Ele confirmou que 95% dos relatos, fotos e vídeos sobre ÓVNIS são falsos, mas 5% deles são enigmáticos e inexplicáveis. Ele mesmo teve a oportunidade de investigar CENTENAS destes 5% de casos intrigantes. Para Hynek, a prova incontestável de que os ÓVNIS existem é o fato de que eles foram detectados VÁRIAS VEZES nos radares, e ele mesmo foi testemunha de um caso destes na base de Wright Petterson. Hynek disse-me que um dia um ÓVNI foi detectado no radar da base, em plena luz do dia, e, imediatamente, dois caças saíram no seu encalço e o alcançaram. Apenas um caça continuou a perseguição próximo da velocidade do som. Hynek disse que ele entrou na sala de radar da base sem permissão mas, por causa do alvoroço que a aparição do ÓVNI causou, não só ele, mas várias pessoas não autorizadas entraram na sala de radar. Hynek VIU o caça e o ÓVNI no radar. Hynek ouviu o piloto do caça descrever o ÓVNI à base em terra: 'Ele tem forma de disco, é prateado, não tem som, não solta fumaça, não tem portas, nem janelas, voa em velocidade constante. Está bem à minha frente e posso derrubá-lo com um míssil'. Antes de receber autorização para atingir o ÓVNI, a base pediu ao piloto para se comunicar com o ÓVNI e pedir a ele para descer imediatamente por estar invadindo o espaço aéreo dos EUA. O piloto fez três tentativas, sem nenhum sucesso e, então, recebeu autorização para derrubar o ÓVNI. Quando o míssil foi disparado, o ÓVNI dividiu-se em DOIS, DO MESMO TAMANHO, FORMA E COR, SEM PERDER MASSA, e os dois continuaram voando na mesma velocidade constante, à frente do caça, e o míssil passou no meio dos dois. Hynek viu no radar OS TRÊS, o caça e os dois ÓVNIS. Antes de receber nova ordem da base, os dois ÓVNIS arremeteram verticalmente numa velocidade espantosa e desapareceram do radar e do contato visual do piloto. Hynek perguntou-me: 'O que é isso? Desafia nossas leis da física! E para que fazer isso?' Esta é uma das razões pelas quais Hynek não acreditava na hipótese extraterrestre, e disse-me em seguida: 'Eu não acredito que uma civilização muito superior à nossa viria de tão longe, desafiando tudo que conhecemos, apenas para brincar conosco, assustar carros nas estradas, perseguir aviões, fazer malabarismos no ar, ser flagrado no solo'. Então, perguntei-lhe: 'Certamente existe INTELIGÊNCIA por trás dos ÓVNIS, não?'. 'Sim', respondeu Hynek, 'existe INTELIGÊNCIA, e este aspecto deve ser levado mais a sério ainda, tendo-se em conta que a maioria daqueles 5% de relatos não solucionados foram feitos não apenas por civis de comprovada idoneidade, mas também por pessoas treinadas: astrônomos, pilotos de avião, policiais e militares'.
 
Hynek permaneceu confuso sobre a origem dos ÓVNIS até sua morte. Ao mesmo tempo em que ele acreditava na existência física dos ÓVNIS, como provaram os radares, e numa inteligência por trás desses objetos, como ele pode comprovar através da investigação minuciosa de vários relatos feitos for pessoas fidedignas, ele passou a considerar a hipótese de uma inteligência EXTRA DIMENSIONAL, uma tecnologia que combina o físico e o psíquico, o mundo físico e o mental. Hynek sustentou essa hipótese com os exemplos de relatos de materialização e desmaterialização de ÓVNIS na frente de observadores, de fotos de ÓVNIS que aparecem num negativo e desaparecem noutro, mudança súbita de forma dos ÓVNIS, comunicação telepática nos casos de contatos imediatos do terceiro grau nos quais os supostos alienígenas parecem estar à vontade na atmosfera e gravidade da terra, o silêncio absoluto da natureza em torno de um ÓVNI avistado no solo, levitação de pessoas e objetos, etc. Hynek perguntava-se: 'Estamos diante de DOIS aspectos de um fenômeno ou DOIS fenômenos distintos?'
 
A teoria EXTRA DIMENSIONAL foi a última defendida pelo francês Jacques Vallée, o outro cientista tão SÉRIO quanto Hynek nas pesquisas sobre ÓVNIS. Vallée é matemático, astrofísico e cientista da computação. Mudou-se para os EUA no início dos anos 60 e trabalhou em projetos da NASA (ele fez o primeiro mapeamento do planeta Marte para os americanos). Vallée interessou-se pelos ÓVNIS e estudou-os a fundo, incentivado pelo seu mentor, Hynek, com quem escreveu um livro em parceria. Ao contrário de Hynek, Vallée iniciou suas pesquisas partindo do princípio de que os ÓVNIS são naves vindas de outros planetas, mas, com o decorrer do tempo, convenceu-se de que a teoria extraterrestre não se coadunava com as evidências encontradas em milhares de relatos. Vallée passou a considerar os ÓVNIS como parte da mesma fenomenologia que inclui cultos, movimentos religiosos, demônios, anjos, fantasmas, visões crípticas e fenômenos psíquicos em geral. Ele explora esta  tese muito bem no seu famoso livro PASSPORT TO MAGONIA: FROM FOLKLORE TO FLYING SAUCERS (PASSAPORTE PARA MAGONIA: DO FOLCLORE AOS DISCOS VOADORES). Vallée foi o primeiro a associar o milagre de Fátima com o relato de um ÓVNI. Vallée escreveu muitos livros sobre o assunto e eu li todos eles. Como ele também se tornou uma celebridade no fenômeno ÓVNI, ao lado de Hynek. No filme de Spielberg, Jacques Vallée foi usado como modelo na vida real do personagem fictício frâncês Claude Lacombe (vivido pelo ator francês François Truffault), um cientista do governo francês investigando atividades ufólogicas nos EUA. Este personagem fictício francês atua como comandante da operação de contato com os alienígenas no filme CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU. Quem assistiu a este filme que foi sucesso de bilheteria agora entende o  surrealismo e a utopia  de se colocar um FRANCÊS no comando das Forças Armadas Americanas em Solo Americano numa operação de contato com alienígenas (em ficção científica vale tudo).
 
Eu conversei pouco com Vallée, mas tempo suficiente para saber que ele acredita, piamente, na hipótese EXTRA DIMENSIONAL como sendo um extensão da hipótese EXTRATERRESTRE, ou seja, os ÓVNIS podem ser de qualquer lugar, entidades multidimensionais que estão além da equação tempo/espaço e que coexistem com os seres humanos sem serem detectados por nós com frequência. Vallée disse-me, ainda, que eles manipulam o espaço e o tempo e a psique humana quando e como eles querem, sem interferir no cotidiano de nossas vidas.
 
Independente de tudo que aprendi conversando com Hynek e Vallée, sempre achei, também, improvável a hipótese extraterrestre. Não acredito que os ÓVNIS sejam, simplesmente, naves de outras planetas em visita à terra. Eu estudei este assunto por mais de 25 anos. Li os  dois livros de Hynek e todos os livros de Vallée. Li também livros e revistas de outros autores e aproveito para recomendar ao leitor interessado no assunto para ter MUITO CUIDADO ao ler qualquer livro ou artigo de revista que não tenha sido escrito por Hynek ou Vallée. Estes dois são os ÚNICOS E VERDADEIROS CIENTISTAS QUE TRATARAM DESTE ASSUNTO CONTROVERSO COM SERIEDADE E DEDICAÇÃO CIENTÍFICA. Tenham cuidado ao lerem livros e revistas dos chamados UFÓLOGOS que são, na maioria, pseudo cientistas, místicos e sensacionalistas. Se você quiser inteirar-se BEM sobre o assunto, comece lendo o melhor livro sobre ÓVNIS já escrito, o primeiro de Hynek mencionado acima.
 
Minha opinião de que os ÓVNIS não são naves extraterrestres baseia-se no fato de que a evolução do fenômeno ÓVNI, desde 1947 até os dias de hoje, tem um COMPONENTE MUITO HUMANO. Os ÓVNIS e seus SUPOSTOS OCUPANTES parecem comportar-se como NÓS, humanos, nos comportaríamos se pudéssemos fazer viagens interestelares e explorar outros planetas com vida inferior à nossa. Existe um PADRÃO HUMANO em muitos relatos. Há um caso famoso, investigado por Hynek e que ele mesmo disse ser A PEDRA DA ROSETA DO FENÔMENO ÓVNI. Este caso foi investigado, também, pela CIA e pelo FBI. Na cidade de Socorro, no Estado do Novo México, um policial perseguia um carro em alta velocidade quando sua atenção foi desviada para o que parecia ser um pequeno avião em dificuldades, soltando fumaça e caindo atrás de uma pequena colina. O policial abandonou a perseguição, dirigiu até o local da queda do objeto, subiu a pequena colina a pé e lá de cima viu um pequeno objeto ovalado com dois seres de estatura baixa do lado de fora. Ao verem o policial, os dois seres entraram correndo no objeto e este disparou como um foguete e sumiu na atmosfera. O objeto deixou marcas no solo de 'seu trem de aterrissagem', quatro pernas mecânicas. Hyenk, assim como o FBI e a CIA, fizeram cálculos das distâncias e ângulos entre as marcas deixadas no solo que determinaram o tamanho do objeto, seu peso e seu centro de gravidade que coincidia com marcas da queimadura no solo. Agora, pensem bem nisso. Muitos relatos afirmam que os ÓVNIS desafiam as nossas leis da física, fazem curvas de 90 graus (que explodiria qualquer nave humana), e também curvas de 360 graus, isto é, aparecem viajando em alta velocidade, de repente param e andam de marcha ré na mesma velocidade. Além disso, eles PAIRAM no ar por quanto tempo eles querem. PAIRAM, movem-se lentamente, bruscamente, fazem zigue-zague e ficam de novo PARADOS no ar. Se  eles conseguem fazer todos estas incríveis acrobacias, por que na hora de aterrissar no solo eles precisam usar algo tão PRIMITIVO e HUMANO como quatro perninhas? Uma vez que eles manipulam a gravidade terrestre como querem, eles poderiam, simplesmente, PAIRAR a alguns centímetros do solo, sem tocá-lo! Há outro aspecto deste fenômeno que descarta a hipótese extraterrestre. Muita gente diz ter visto objetos em plena luz do dia, muitos dos quais foram confirmados como sendo sólidos por terem sido detectados por radar. Por outro lado, há pessoas que descrevem luzes estranhas nos céus à noite. Seriam estas luzes os mesmos discos que são vistos durante o dia? Por que uma INTELIGÊNCIA muito mais avançada que a nossa se comportaria tão primitivamente como nós, ou seja: de dia viajam de luz apagada, mas à noite precisam acender a luz! Isto é MUITO PRIMITIVO para uma nave que vem de outro planeta. Nós mesmos, humanos, Americanos e Russos, construímos naves com fuselagem toda negra, invisíveis à noite, silenciosas, e que não podem ser detectadas por radares! Pensem nesse paradoxo: temos naves que não são detectadas por radares, mas há ÓVNIS que não conseguem ludibriar NOSSOS radares! E tem mais: nos famosos casos de abdução, como pode uma civilização super adiantada fazer algo tão PRIMITIVO e HUMANO como colocar pacientes numa mesinha, examiná-los com instrumentos cirúrgicos e colher amostras de cabelos e pele? Isso é MUITO HUMANO! Por isso, concordo com a explicação de Hynek sobre a possibilidade de estarmos diante não APENAS DE DOIS, mas mais de DOIS FENÔMENOS DISTINTOS.
 
Muito bem. Os defensores da hipótese extraterrestre vão dizer que eles são tão superiores a nós que não estão nem aí com a gente, não têm medo de nós e se expõem sem qualquer constrangimento.
 
Conheço muitas pessoas que me disseram terem visto coisas anormais e eu as respeito, mas sou São Tomé: só acredito vendo. Não duvido das pessoas que dizem terem visto COISAS INCOMUNS. Eu mesmo já vi coisas incomuns em meus sonhos nas quais NENHUMA PESSOA jamais acreditará. Assim, eu fico com Vallée que coloca os ÓVNIS na mesma cesta juntamente com outros fenômenos psíquicos. Eu conheço pessoas que me contaram casos de outras pessoas que dizem terem visto ÓVNIS. Conheço duas pessoas IDÔNEAS que foram testemunhas de ÓVNIS. Eu tenho certeza absoluta que estas pessoas me disseram a verdade. Uma dessas pessoas já faleceu. O caso dela é estranho demais e nem vou descrevê-lo aqui porque envolve abdução inconsciente, manipulação do tempo, manipulação psíquica COM RESULTADOS BENÉFICOS PARA O ABDUZIDO. Escrevi um texto sobre este caso em forma de conto, com nomes trocados (lugares e pessoas) para preservar a identidade e privacidade dos envolvidos. Este texto será publicado neste blog. O outro caso envolve um casal, ainda vivo que viu, juntamente com uma cidade inteira, um disco voador PASSEAR nos céus daquele pequeno município com menos de 5 mil habitantes. Ninguém no Brasil e fora do Brasil conhece este caso. Nenhum 'UFÓLOGO' (pseudo cientista) conhece este caso. Ocorreu  numa pequena cidade do interior do Estado de São Paulo. Era uma tarde de domingo. Por volta das 17:00 horas o céu está azul, sem nenhuma nuvem. Minha testemunha, o homem do casal, está saindo de um pequeno estádio de onde acabara de assistir a uma partida de futebol. Havia muita gente na rua. Mulheres e crianças conversam e brincam nas calçadas e praças. De repente, TODOS na cidade veem um ÓVNI aproximando-se numa altitude bem mais baixa do que a de um avião comercial, lentamente, sem pressa. Todos apontam para o objeto. Todos olham para cima. O objeto passa bem por cima da cidade, lentamente, com se estivesse fazendo turismo e apreciando a paisagem. Minha outra testemunha, a mulher do casal, vê o objeto por baixo, REDONDO, girando em torno de si mesmo, e voando em linha reta, em velocidade lenta e constante, sem nenhum som, sem nenhuma fumaça. Na medida em que o objeto se afasta é possível vê-lo de perfil, em forma de disco, prateado, como DUAS BACIAS EMBORCADAS, conforme descrição de minhas duas testemunhas. Todos acharam que se tratava de um novo tipo de avião. A cidade não tinha nenhum meio de comunicação. A cidade NUNCA ouvira falar em disco voador. Adivinhem o ano!  1 9 4 7 !
 
Enquanto não temos respostas definitivas para os ÓVNIS, todos os mistérios da psique humana e as secretas naves humanas que querem passar da velocidade supersônica para a espantosa velocidade hipersônica (que é a usada por estes ÓVNIS na atmosfera da terra. Encerro com a fantástica conclusão de Carl Jung sobre a análise de um sonho que ele teve com ÓVNIS e que ele descreveu no seu livro acima citado: 'ELES NÃO SÃO PROJEÇÕES DE NOSSAS MENTES. NÓS SOMOS PROJEÇÕES DA MENTE DELES'.

UMA NOTA ATUAL: neste ano de 2021, o Pentágono americano confirmou serem verídicos os vídeos vazados na internet mostrando caças americanos perseguindo ÓVNIS viajando a uma velocidade impressionante e, portanto, inalcançáveis. O Pentágono afirmou que estes ÓVNIS não são armas secretas americanas, mas também não sabem o que eles são. O Pentágono prometeu divulgar ao público, ainda neste ano, um relatório sobre o que eles investigaram e descobriram sobre a natureza destes misteriosos ÓVNIS.