domingo, 25 de agosto de 2024

BRECHÓ DE ALFARRÁBIOS

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa, com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.

BRECHÓ DE ALFARRÁBIOS – ESCRITO EM 2020 E REEDITADO EM 31/03/2021

Confinado em casa desde Março de 2020, andei vasculhando, em Julho do ano passado, meus 2 mil livros e revistas(hoje reduzidos a pouco mais de 200) espalhados por vários cômodos da casa, e encontrei vários sincretismos dos quais já nem me lembrava. Alguns bem estranhos e exóticos. Outros mais down to earth. Aqui vão 9 e um bônus entre os 1750 que precisei vender no ano passado para sobreviver nestes tempos de pandemia, desemprego e de câncer esperando pela vacina contra metástase:

1) CRONISTAS DO ESTADÃO, de Moacir Amâncio, de 1991. O livro reúne Raul Pompéia, Vicente de Carvalho, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, Amadeu Amaral, Rui Barbosa, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Érico de Veríssimo, Oswald de Andrade, Alfredo Mesquita, Afonso Schmidt, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Vivaldo Coaracy, Guilherme de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Luís Martins, Gustavo Corção, Caio Fernando Abreu, João Antônio, Raul Drewnick, Fernando Sabino, Ariovaldo Bonas, Augusto Nunes, Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Osmar Freitas Junior, Paulo Francis, Rachel de Queirós. NÃO RECOMENDO ESTE LIVRO PARA QUEM ESTAVA ACOSTUMADO COM AS CRÔNICAS DE DANIEL PIZA.  

2) A DICTIONARY OF SAMARITAN ARAMAIC, de Abraham Tal, publicado na Holanda. São dois volumes com mais de mil páginas. É lido da direita para a esquerda. Os vocábulos são escritos em grafia aramaica com tradução em grafia inglesa. Na capa há um símbolo (que parece representar dois homens da idade média, um de pé e outro montado num animal) circundado pelas palavras TUTA SUB AEGIDE PALLAS – 1683. Difícil entender quando e porque comprei e tentei ler isso. Tive que aumentar o peso de meu fardo voluntário e aprender um pouco de aramaico (da Galileia e da Samaria). Recomendo este livro para quem acha que a quarentena vai durar mais uns dois anos.

3) COMMERCIAL CORRESPONDENCE IN FOUR LANGUAGES, inglês, francês, alemão, espanhol. Capa e contracapa perdidas, portanto não sei a data de publicação. Este livro foi minha primeira cartilha quando ingressei na área de comércio internacional em 1974. Exemplo: DEATH OF A STAFF MEMBER = DÉCÈS D’UN MEMBRE DE PERSONNEL = TODESANZEIGE EINES BETRIEBSANGEHÖRIGEN = DESFUNCIÓN DE UN MIEMBRO DEL PERSONAL, páginas 76/77. Leia a elegância do anúncio DÉCÈS D’UN MEMBRE DE PERSONNEL: 
NOUS REGRETTONS DE VOUS INFORMER DE LA PERTE IMPRÉVUE QUE NOUS VERNONS D’ÉPROUVER PAR SUITE DE LA MORT SUBITE DE MONSIEUR ALCEU NATALI. IL SERA REMPLACÊ PROVISOIREMENT PAR MADAME MACEDO JUSQU’À CE QUE NOUS AYONS TROUVÉ UN REMPLAÇANT. Recomendo este livro para quem não tem computador e celular (como eu)e posta cartas no correio.

4) O SISTEMA SOVIÉTICO, de Fernando Haddad, de 1992. Recomendo este livro aos seguidores de Karl Marx que disse: A HISTÓRIA COMEÇA COM UMA FARSA E TERMINA EM TRAGÉDIA.

5) JAMES THE BROTHER OF JESUS, de Robert Eisenman, de 1997. Um livro de quase mil páginas e um índice remissivo de mais de 100 páginas. Até hoje, não sei porque cargas-d ’água tive a pachorra de comprar e LER um livro como este. Não recomendo este livro às pessoas que acreditam que Jesus não existiu e que um sujeito anônimo tomou as dores do assassinato de seu mestre, João Batista, foi a Jerusalém, e lá, literalmente, chutou o pau da barraca, teve seus 15 minutos de fama de Andy Warhol, foi preso e executado sumariamente, e virou uma celebridade do cristianismo.

6) SETE FACES DO TERROR, de vários autores, de 1992. Olha só os títulos das sete histórias: BENÇA, MÃE; A MARCA DA SERPENTE; POSSUÍDA PELAS TREVAS; TYBI, O GUARDIÃO DOS GATOS; GAROTO INVENTADO; LUA CHEIA DE SANGUE; UM HOMEM FEITO DE NUVEM. Recomendo este livro à criançada, hoje adulta, que leu as histórias divertidas no livro DER STRUWWELPETER, com desenhos cômicos, do psiquiatra alemão Heinrich Hoffmann; 

7) THE PSYCHOLOGICAL BASIS OF PERFUMARY, de Paul Jellinek, English Language Edition 1997. Roubei este livro de uma famosa livraria de Manhattan, New York, em 1989, por dois motivos sórdidos, e me recuso a revelá-los aqui. As madames podem encontrar este livro na Amazon brasileira, brand new, capa dura, ao preço módico de R$2.296,56.

8) ENGLISH AS A SECOND F*CKING LANGUAGE, de Sterling Johnson, de 1995. O autor nos ensina a xingar da forma mais efetiva possível. Ele enumera as sete palavras básicas e mais comuns: SHIT, F*CK, PISS, CUNT, ASSHOLE, MOTHER-F*CKER, COCK SUCKER. Exemplo do bom uso da palavra que ele chama de MOTHER OF ALL WORDS: 
John: Mary, would you like to attend opera this evening? Mary: F*cking-A! Should I wear my black dress? John: Why the f*ck not? Mary: F*cked if I know – Oh, f*ck! I just remembered. It got f*cked up in the wash. John: Well, f*ck the opera. Let´s stay home and f*ck. Mary: Good f*cking idea. 
O famoso escritor ficcionista, Stephen King, escreveu: GREAT F*CKING BOOK! Recomendo este livro a todos que dominam a língua inglesa e que costumam falar palavrões somente em pensamento.

9) THE UFO EXPERIENCE – A SCIENTIFIC INQUIRY, de J. Allen Hynek, de 1972. Ele me concedeu uma entrevista em 1978 e autografou meu livro. Hynek, formado em astronomia, foi consultor técnico durante 20 anos do projeto do governo americano chamado BLUE BOOK, cujo objetivo era CAÇAR um Óvni. Hynek faleceu em 1987. Ele foi o autor da metodologia para pesquisa sobre UFOs e que faz uso da nomenclatura CLOSE ENCOUNTERS que Steven Spielberg pegou emprestado para o filme CLOSE ENCOUNTERS OF THE THIRD KIND (CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU). Conversei com um sujeito da CIA nos EUA e ele me disse que os governos americano e russo continuam, até hoje, disputando, ferrenhamente, quem consegue derrubar um Óvni primeiro, e os dois continuam apanhando de goleada dos Óvnis desde 1947. Recomendo este livro científico e indispensável para todos que não acreditam em discos voadores.

10) BONUS: Como costumo fazer viagens astrais todas as noites, o que me permite conhecer o futuro, não me surpreendi de ter encontrado no meu brechó de alfarrábios o livro MEMORIAL DE TILLY E ONEDIN, que escrevi em 2070, no reduto do Inconsciente Coletivo, em parceria com Machado de Assis, o melhor escritor brasileiro de todos os tempos, e psicografado por minha neta Deirdre Ultramari. Recomendo este livro a todos os leitores que já dobraram o Cabo da Boa Esperança e estão na lista de espera!

NOTA DE RODAPÉ: A nova tradução de Machado de Assis em inglês, lançada nos EUA em Março deste ano, esgotou em um dia. Os americanos, que consideram Machado de Assis um gênio, adoraram "Memórias Póstumas de Brás Cubas" que está zerado na Amazon e na livraria Barnes & Noble (quanta saudade, B&N! – Oh my god, I think it is karma!).

EPÍSTOLA ÀS LÉSBIAS E AOS MILÉSIOS

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98


Ela é feia e de baixa estatura como ele, e quando feios e baixos se multiplicam tornam-se depravados e turbulentos, e quando nos vemos frente a frente com depravados e turbulentos chamejamos avisos rubros, porque eles vestem roupa cargo sem nada rubro por baixo e poderiam ser Safo ou ninguém, Alceu como eu, porque sem máscaras poucos conseguem ser alguém. E elas socializam com os maridos como se quisessem provar que não se separarão, e eles são gárgulas encharcados de vodka e cerveja, levando a vida conjugal em banho-maria, fazendo amor em salmoura, e ninguém sabe se eles têm sido mais falsos fora do vidro de condimento do que dentro, e poderiam ser Zen ou ninguém, Maria como judia, porque sem máscaras eles não conseguem ser alguém. E ela é beata tanto quanto ele delira, e quando beatos e delirantes se juntam tornam-se requisitados e endeusados, e quando contrariamos os desígnios dos requisitados e endeusados eles correm de burro quando foge, porque vestimos camiseta gola de padre com colete ultrajante por cima e poderíamos ser Mara ou outrem, Alfredo como remedo, porque sem bengalas não chegamos até ninguém. E ela é famosa e homem como ele, e quando famosos e másculos se exilam tornam-se suicidas e combatentes, e quando estamos frente a frente com suicidas e combatentes chamejamos avisos amarelos, porque eles se travestem de fervor sem continência dourada por dentro e poderiam ser lírico ou ninguém, político como poético, porque amor e liberdade não têm porém. E elas dão ouvidos aos estranhos como se quisessem provar que eles não falharão, e eles são milongueiros soterrados em promessas e mentiras, levando uma vida em banho-joão, fazendo amor em conserva, e só Deus sabe o que eles verdadeiramente são entre quatro paredes e além delas, e poderiam ser Armando ou ninguém, Armando como ando, porque quem não usa máscaras não se detém.

ESPORA ORIONIS - O QUE FAZER QUANDO O SOL ESTÁ FRIO DEMAIS - MISSÃO 'O TEMPO TEM PRESSA' - GALLERIA MELONELLA & DANAUS CHRYSIPPUS

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chines com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

- Chegamos! Estamos em Brindisi. Nosso convidado está acordando e, IMEDIATAMENTE, seguiremos pela Via Ápia. Assimilei, PRONTAMENTE, não apenas esta língua morta do século 21, mas também o senso de humor da nação do convidado. Para nosso sinal codificado, escolhi esta música de outra língua morta do final do século 20. A linguagem exótica ainda serve para o século 22. Gostaram?

- Você parece ter adotado a humanidade deste tempo com tanto fervor a ponto de escolher uma música para sincronizar sonhos, Non, Je Ne Regrette Rien do filme INCEPTION!

- Quase isso! Câmbio! Fui!


[Verses] Indenture made us bend then, In our folly, Draw their arms, Service on a station to Feltham, Roar the loudest, Notes for all, Seekers to the advantage, Stop being lovers, Don’t you know, [Chorus], Human reasoning, Yes, I grow some secret knowledge, Marjoram aurora borealis, There’s no more but change your myths, Our lips are the same yeah, There’s no need, Your terrible corroded cut heels, Won’t lend a knee to this [Verses] December mud is the last month, I’m awful sorry, Rosario, Tempers true to the running, Facing my last flood, Letting it show, Stumble and some nerve on, Back at the rest place, Hello it’s me [Chorus], There’s nothing to reckon, It’s not secret knowledge, Marjoram aurora borealis, There’s no more but change your myths, Our lips are the same yeah, There’s no need, Your terrible corroded cut heels, Won’t lend a knee to this, There’s no use, Your terrible corroded cut heels, Won’t lend a knee to this, There’s nothing to reckon, It’s not secret knowledge Marjoram aurora borealis, There’s no more but change your myths, Our lips are the same yeah, There’s no need, Your terrible corroded cut heels, Won’t lend a knee to this, There’s no use, Your terrible corroded cut heels, Won’t lend a knee to this

- O que é isso? Como vim parar aqui? Que lugar é este? Quem é você?  
- Calma, Danaus! Está tudo bem. Uma coisa de cada vez. Estamos caminhando pela Regina Viarum!
- Calma o quê! De repente me vejo num lugar estranho, com alguém que não conheço, dizendo nomes esquisitos. Isto só pode ser um sonho. Vamos lá, me diga que é um sonho, mesmo que seja um Lucid Dream!
-  Não é um sonho. Tudo aqui é real. Seu estado é vígil.
- Mas, afinal de contas, quem é você? Se parece comigo! É a minha cara!
- Eu estou bronzeada, mas você é tão branco que parece albino. Meu nome é Galleria.
- Para onde estamos indo?
- Para a capital do império.
-  Império?
- Sim, o império romano.
- E por que estamos usando túnicas para ir a Roma?
-  Porque é assim que eles se vestem lá!
- Você deve estar brincando comigo. Fui raptado por jihadistas ou estou sendo levado a um baile à fantasia?
- Gosto do seu senso de humor, mas isto não é brincadeira. Você vê algum carro circulando nesta via?
- Claro que não! Isso aqui é uma estrada para carroças. Aqui é uma região rural!
- Neste tempo não existem automóveis.
- Neste tempo? Que tempo?
- Acredito que estamos entre 60 e 120 da era comum ou, como diziam os antigos cristãos, entre 60 e 120 D.C. Depois te confirmo.
- Não é possível! Você está dizendo que viajei para o passado?
- Por que não? Você já viajou para o futuro, esqueceu?
- Ave Maria, isso já é demais para mim. Me diga de uma vez por todas. Por que fui trazido para cá?
- Estou realizando seu sonho.
- Sonho? Qual deles? Tenho tantos que nunca realizei!
- Pense no mais importante de todos!
- Ser um escritor famoso?
- Não! Vou te ajudar. Mulher híbrida te lembra algo?
- Não faço a mínima ideia!
- Está bem. Você se lembra, uma vez, de se ver, de repente, em meio a turistas guiados por um homem, todos caminhando ladeira acima, e subitamente um jovem urso, andando ereto a passos largos, ultrapassa o grupo, esbravejando, um tanto ameaçador?
- O quêêêêê? Você está se referindo àquele episódio maluco com ursos falantes na superfície e humanos clonados no subterrâneo? Como você sabe disso?
- Eu estava lá! Ano 2446 e.c.! Você até escreveu sobre isso no seu livro O CÍRCULO DE BACHIR!
- Caramba! Você sabe tudo sobre mim! Eu já nem lembrava disso!
- A viagem no tempo provoca estes lapsos de memória, mas você a recobra rapidamente.
- E o que você quis dizer com mulher híbrida?
- Lembra-se que lá no underground você quis entrar numa sala e uma clonada o proibiu, educadamente, mas disse que um dia você voltaria? E seu guia disse: 'Quem sabe você se encontre com uma híbrida quando voltar'!
- Sim lembro. Mas jamais voltei para aquele lugar, ou melhor, para aquele ano no futuro!
- Já voltou sim. A sala se abriu na sua mente e aqui está você, no passado, para realizar seu sonho! Eu sou a mulher híbrida!
- Impossível! Você é minha gêmea idêntica. Gêmeos idênticos só podem ser do mesmo sexo. Como você explica isso?
- Isso não é possível no seu tempo, mas no meu já é.
- Gêmea idêntica e híbrida ao mesmo tempo! Não faz sentido.
- Como dizem os alienígenas para os quais você costuma orar à noite quando está desesperado, isso é o que menos importa. Minha missão aqui não é te explicar o futuro, mas realizar seu sonho.
-  Afinal, que sonho é este?
- Antes preciso que você se lembre do motivo que o levou a viajar para o ano 2446 e.c. há muito tempo. Quer uma dica?
- Claro!
- Um seriado de ficção científica.
- The 400?
- Não, você não sonhou com isso.
- Taken?
- Também não.
- Não consigo lembrar. Talvez seja o efeito da viagem no tempo.
- Que tal Farscape?
- Meu Deus! Aquele seriado brega! Eu estava numa fase maluca, maluca como você. Eu assistia àquela porcaria e me entretinha! E ainda gravei todos os capítulos, acredita?
- Sim, eu sei. Conte o sonho que você teve com este seriado.
- Para quê? Você já o conhece?
- Neste momento há muita gente do meu tempo nos assistindo. Muitos não conhecem sua história. Conta o sonho para eles.
- Quer dizer que estou sendo vigiado, servindo de cobaia para vocês!
- Ao contrário. Muitos estão aprendendo com sua experiência. Logo você saberá como. Confie em mim, por favor.
- Você não fala como os clonados, sempre repetindo uma pergunta antes de respondê-la, fala?
- Nem tanto, mas tive que me adaptar ao seu modo de falar, obsoleto e estranhíssimo para nós do século 31.
- 31? Você disse que estava lá, no século 25!
- Viajei para o século 25 para acompanhar sua experiência com os clonados. Muito bem, agora, como vocês dizem, chega de conversa e conte seu sonho.
- Isto é bem excêntrico, mas tudo bem, já passei por coisa pior. Vamos lá, então. Eu sonhei justamente com o primeiro capítulo. Eu era um cover do astronauta americano John Robert Crichton, testando uma nova nave espacial, e acabei entrando numa ponte de Einstein-Rosen, o popular buraco de minhoca, e fui parar noutra galáxia, dentro de uma nave travando uma batalha com outra. A nave chamava-se Moya, uma nave-prisão viva, com uma tripulação de condenados pelo regime opressor dos chamados Pacificadores. Os condenados eram todos de planetas diferentes e falavam línguas diferentes, mas todos se entendiam graças a um dispositivo enfiado por robozinhos no calcanhar, permitindo que todos se comunicassem como se falassem a mesma língua. Assim que me viu, aquela morenaça de cara brava, a Oficial Aeryn Sun, uma Pacificadora renegada, me considerou um inimigo invasor e partiu para cima de mim para me matar. Eu pedia calma a ela, tentando explicar que assisti ao seriado e que eu era o John Crichton, mas ela não me entendia e queria me matar. Por sorte, aquele grandalhão, o Luxan Ka D’Argo, interveio e acionou o robozinho que instala o tradutor. Assim, pude me explicar e as coisas se acalmaram. O Luxan Ka D’Argo deu ordem para a nave cair fora dali. Ela deu uma arrancada assustadora. Num segundo saiu do ponto zero para a velocidade da luz. A gente simplesmente despareceu e reapareceu noutro lugar muito distante. A partir deste ponto, mais nada tem a ver com o seriado. A nave se aproximou de algo que parecia um planeta negro e pousou sobre ele. Todos desceram na sua superfície, eu, Aeryn Sun, Ka D´argo e aquela Delvian azulona chamada Pa’u Zotoh Zhaan. Não era um planeta. Era uma estrela anã moribunda, escura e salpicada de fagulhas vermelhas, bruxuleantes e definhando. Parecia uma fogueira apagada, só carvão com alguns pequenos focos de brasas piscando. Ka D´argo conduzia a incursão e decidiu que não havia mais nada a fazer ali. Todos voltaram para a nave e eu não fazia a mínima ideia do propósito de caminhar sobre a superfície de uma estrela morta. Todos foram dormir e me ofereceram um quarto. Entrei, fechei a porta e deitei. De repente, apareceu, pendurada no teto, uma faixa, daquelas plastificadas ou de pano que são exibidas em ruas para anunciar um evento ou para fazer algum tipo de propaganda. A faixa era longa e larga, e nela estava escrito: O QUE FAZER QUANDO O SOL ESTÁ FRIO DEMAIS. E assim terminou o sonho. Eu associei a mensagem àquela estrela agonizante. No entanto, o que ela significava? Por que é preciso saber o que fazer quando uma estrela está fria demais? O que significa um sol frio demais? Mesmo que ela fosse uma anã marrom, sua temperatura superficial seria, no mínimo, de 700 graus. Ninguém pode caminhar sobre um inferno como este. O que você acha?  
- A mensagem da faixa é, na verdade, uma metáfora que logo logo você vai entender. Você estava procurando por algo e conseguiu, em parte, mas não na sua plenitude. Então, resolvemos te presentear com algo com o qual você nem mesmo sonhou. Sabe o que vamos fazer em Roma?
- Me diga logo!
- Vamos nos encontrar com a mulher apressada, aquela que inventou a história mais bem contada nos anais da humanidade! Aquela que você tanto pesquisou!
- Sério? Mal posso acreditar. Isto é muito mais que um presente. É um privilégio sem precedentes! Nem em sonho imaginei que eu veria isso. Confesso que eu venderia minha alma ao diabo para viver neste tempo e ver esta mulher inventando a história meticulosamente. Estou muito emocionado e nem sei como agradecer,  Gal...
- Galleria. É por isso que chamei minha missão de O Tempo Tem Pressa.
- Devo agradecer a Deus?
- Agradeça aos humanos do século 31!
- Por que você a chama de mulher apressada?
- Você conhece a história a fundo. Nunca percebeu que ela tem a mania de usar frequentemente o advérbio IMEDIATAMENTE. Muitas das ações que ela descreve são sempre tomadas rapidamente, como se estivesse sempre com pressa.
- Nossa! Li tanto este livro e nunca  percebi isso. Interessante! E qual é o nome dela?
- Ela não diz, mas você vai descobrir.
- O que vamos fazer lá? Apenas conhecê-la? Dizer, olá, muito prazer, como vai a senhora?
- Não. Você vai acompanhar, passo a passo, todo o processo de elaboração da história.
- Meu Deus! Estou pasmo! Depois disso já posso morrer feliz. Como vai ser? Vamos simplesmente bater na porta dela e dizer: Olá, viemos de longe e gostaríamos de entrevistar a mulher apressada.
- Não. Ela está esperando por mim.
- Ela te conhece?
- Não. Eu fiz chegar aos ouvidos dela que há uma moça da palestina que tem informações privilegiadas sobre a história que ela vai escrever.
- Como você vai explicar a ela que tem estas informações privilegiadas?
- Vou dizer que sou filha de um general romano que serviu em toda a Palestina. Ele se casou com uma samaritana. Portanto, vou me apresentar como uma romana samaritana. Isto te lembra alguma coisa?
- Romana samaritana? Não sei. Mais uma pegadinha sua?
- Pense num sujeito talentoso que aparenta ser samaritano e que conta uma história sobre os bastidores do império romano!
- Escravos Talentosos! Puxa, você assistiu à minha palestra?
- Nós assistimos. Excelente trabalho de pesquisa!
- Como você vai explicar à mulher apressada que você sabe que ela planeja escrever uma história que moldará a moral de parte de meu mundo?
- Ela nunca esteve na Palestina e é por isso que comete erros de geografia. Ela depende de muitos informantes judeus que foram deportados como escravos para Roma, depois de serem derrotados na chamada Guerra dos Judeus em 70 e.c., e também de judeus da diáspora que, por livre e espontânea vontade, se mudaram para Roma, e trouxeram da Palestina informações que foram passadas de boca em boca, através do que vocês chamam de tradição oral. Se bem que, como você testemunhará, devemos dar mais valor à criatividade da mulher apressada do que crédito aos seus informantes. Eu sou uma informante especial porque estou sendo enviada por recomendação de um general romano!
- E como eu entro nesta história?
- Neste tempo, uma mulher não pode fazer uma longa viagem sozinha. Ela será conduzida pelo seu irmão gêmeo. Além disso, eu tenho comigo uma carta de referência escrita por um general e, por isso, estamos sendo escoltados por soldados.
- Não vejo nenhum soldado!
- Parte deles está 500 metros à nossa frente, e outra parte 500 metros atrás de nós.
- Você pretende dar sugestões sobre o que a mulher apressada deve escrever?
- Sim!
- Mas assim você vai mudar a história. Vai interferir no passado. Como fica o paradoxo?
- Nenhuma viagem no tempo, para o passado ou para o futuro, interfere na história. Você mesmo encontrou uma solução no seu texto O HOMEM SONHADO!
-  Você leu tudo o que escrevi! Sinto-me honrado. Mas O HOMEM SONHADO é um sonho e ficção!
- Não se preocupe como nós no futuro resolvemos o paradoxo da viagem no tempo. Concentre-se na mulher apressada. Sua aventura será fascinante!
- Por que eu fui escolhido? Sou um zé ninguém, apenas um curioso. No meu mundo há uma quantidade enorme de acadêmicos com um vasto conhecimento que faz me sentir um estudante do mobral. E também não entendo porque vocês estão empreendendo esta aventura só para me presentear, para realizar um sonho que nunca tive.
- Na verdade, é um de nossos projetos e decidimos levar alguém do século 21. Quer saber porquê? Vocês têm algumas máximas interessantes. Por exemplo: 'Pedi, e vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta será aberta para vós. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, se lhe abrirá'. Você bateu e a porta se abriu, buscou e encontrou. Você é muito estudioso. Vai a fundo. Leu muitos livros acadêmicos e, ao contrário de muitos catedráticos de seu tempo, você não tem medo de dizer a verdade! Seus textos CONTEXTO PARA UMA PARÁBOLA, ESCRAVOS TALENTOSOS e aquele que se parece com o nome da banda inglesa, THE JESUS AND MARY CHAIN, que você alterou para THE JESUS AND JOHN CHAIN, te credenciam a participar deste projeto. Mais perguntas?
- Estou extasiado! Sim tenho mais algumas perguntas. Onde ficaremos em Roma?
- A mulher apressada vai nos hospedar em sua casa.
- Ave Maria! Que loucura! Quanto tempo vai levar até a mulher terminar o livro. Temo que, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein, eu volte mais novo e encontre meus familiares e amigos bem velhos ou até mortos.
- Lembre-se que a mulher é apressada, e a teoria de Einstein se aplica a viagens na velocidade da luz e sempre constante. E esse não é nosso caso. Mais perguntas?
- Falta muito para chegar?
- Deixamos Benevento e Taranto para trás há algum tempo. Já passamos por Cápua, mais da metade do caminho. Deve faltar uns 250 km.
- Como pode ser? Começamos a caminhar faz uns 5 minutos?
- Nós manipulamos o tempo. Vamos chegar antes do anoitecer. Agora deve ser 5 horas da tarde.
- Incrível! Já que você manipula o tempo, porque a gente não aterrissou direto em Roma?
- Já pensou você acordando da viagem na casa da mulher apressada, apavorado e perguntando: O que é isso? Como vim parar aqui? Que lugar é este? Quem é você?  Você iria assustar a mulher apressada e estragar todo o projeto. Além disso, antes de chegar à casa dela eu precisava te explicar tudo que venho te explicando até agora. Mais perguntas?
- A mulher apressada não vai estranhar ao ver um casal de gêmeos idênticos?
- Sim, ela vai, mas a curiosidade dela sobre o que tenho para informar fará com que esta questão fique em segundo plano. Mais perguntas?
- Que língua vamos falar?
- Já instalei na sua cabeça um dispositivo muito melhor do que aquele do robozinho de Farscape. A mulher apressada fala Grego Clássico, Grego Coiné, Latim, Hebraico, Sírio-Aramaico e Aramaico Samaritano. Estamos preparados para entender e falar qualquer uma dessas línguas. Aliás, estou o tempo todo falando na língua do meu século 31. Você me entende por causa do dispositivo. Mais perguntas?
- Sim, com que nomes vamos nos apresentar
- Vou me apresentar como Galleria Mellonella e você é Danaus Chrysippus, meu irmão gêmeo.
- Que nomes são estes? Em Latim?
- São nomes de borboletas.
- Borboletas? Por quê?
- Eu adoro as borboletas de seu tempo que não existem mais no meu século. Encontrei uma música do final do século 20 só com nomes de borboletas. Quer ouvir?
- Claro!
- Aperte o botão do vídeo na sua cintura e acompanhe a letra holográfica à sua frente.
- Nossa, sua tecnologia é da hora!
- Não estou usando tecnologia de meu tempo porque temos suporte alienígena e você não iria entender. Estou usando tecnologia do século 22, a mais próxima de sua capacidade para entender os avanços da humanidade. 



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