quarta-feira, 17 de julho de 2024

INTUIÇÃO E MAGIA

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luos-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 




Solitário e perdido em pensamentos, balançando na rede de quatro chinelos, Sob pouca luz deitada pelo lampião, O jardim de inverno vê a noite cair com o mesmo viço das tenras primaveras de meu espírito, Os últimos raios de sol ainda ouvem o canto dos pássaros que mistura-se ao murmúrio das ondas lavando a praia, Uma repentina viração atravessa as persianas a lufadas brandas e acaricia-me o corpo, E nela viaja uma voz celestial e arredia que toca minha  alma, Tirando presságios do canto do eterno feminino, E sai à ligeireza no feitio misterioso, No feitio do crepúsculo Nortumbriano, Rumo ao norte, Onde não sei seu nome, Onde nunca vi seu rosto, E saio a procurá-la nos lugares que não frequenta, Dos quais vive longe e não tem companhias, Mas ninguém atina com a descrição de onde de súbito passou tão fascinante cantar como se tivesse sido subtraído de seu lar, E abandonam-me na multidão para folhear milhões de faces até meus olhos se encontrarem com os dela, Sem precisar pedir-lhe para produzir sons melodiosos e encantados, Pois reconheço-a pelo seu encanto que chegou pelos céus, Atravessando oceanos, Levando-me a perde-la de vista, Até embrenhar-me noutra multidão da qual vivo longe, Que não frequento, E surpreendo-me com a companhia de sua voz que ecoa pelo ar, Trazendo-me de volta ao meu remanso, Onde não há sol para partir, Apenas jardins de flores para juntar sedas-azul e guanambis, Zumbidos de abelhas e silenciosos mares de unções, E uma suave aragem que se demora até o anoitecer das estrelas, Com seu rosto e seu nome nela impregnados, E seu canto inebriado na funda contemplação da arte de causar emoção,  Brilhando-me o  êxtase em todo seu esplendor.






AQUELA QUE VEM COM A MARÉ


Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/9


Água calma, espraiada ao sabor da cor do céu brigadeiro, do mar profundo em dia translúcido, espelha a esmeralda das encostas, a safira do firmamento límpido, o dourado do sol alto, o arco-íris da bonança, dando reflexos multicoloridos à vida submersa, à que brota na superfície, à que se ergue às alturas, à que prolifera neste paraíso, e teu silêncio é rompido pelo distante espocar de nuvens esparsas que se uniram para gotejar, cada pingo rufando silencioso, águas do empíreo com as águas da terra, espargindo o doce sobre a graça, o espírito e a vivacidade, em harmonia e comunhão, cada um deixando-se tocar e se penetrar, aumentando e diminuindo o volume, orquestrando o entorno revezado e concomitante, miúdo e torrencial, abrandando com o vento austero que arregaça as ondas, rugindo com grandiosidade e elegância, donas do mundo que enfrentam a lua e por ela não recuam, mas se impõem e aquietam-se quando lhes apraz, então surgem seus contornos graciosos, de expressão severa e bela, para experimentar os ares do continente a desfraldarem seus cabelos, caminhar pelos prados verdejantes a encantarem-se com seus movimentos, pelas ribeiras sombrias a revelarem seus mistérios, pelos bosques passarinhados a juntarem-se ao seu canto, e a ele também me junto para cantar-lhe uma canção de amor impossível, mas esperançoso, entre o meu mundo e o seu, entre a terra e o mar, o mito e a realidade, cercado de enigmas que só o coração pode desvendar, de simplicidade que você é capaz de entender, de paixão que você é capaz de sentir, que vem de um lugar antigo que traz saudade, que tem águas transportando casais enamorados por entre as edificações, que nos convida a valsar, a relembrar os tempos de cavalheirismo, e como é lindo vê-la embalar-se ao som envolvente, descontrair seus lábios carnudos e descerrar um largo sorriso, rodopiar e rodar sua saia alegremente ainda que por poucos segundos, e como é sublime e lastimoso vê-la valer-se deste instante de felicidade para abrir sua voz e entoar sua despedida.