sexta-feira, 16 de setembro de 2022

THE BRITISH INVASION - THE ROLLING STONES

 


THE BRITISH INVASION - THIS MORTAL COIL

 


THE BRITISH INVASION - THE BEATLES


 

THE BRITISH INVASION - WET LEG

 




THE BRITISH INVASION - CORNERSHOP

 


THE BRITISH INVASION - CHUMBAWAMBA

 








THE BRITISH INVASION: FLORENCE AND THE MACHINE


 

THE BRITISH INVASION - REPUBLICA

 






















MITOLOGIA CRISTÃ: SIMÃO DE CIRENE

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98 




Uma única pessoa, anônima, mudou a história do mundo ocidental para sempre ao INVENTAR o primeiro evangelho da maior religião da humanidade. A identidade desta pessoa e a cidade onde ela morou permanecerão em segredo, por enquanto, porque pretendo escrever um livro sobre ela. Esta pessoa era da aristocracia e engajou-se no movimento religioso inaugurado por Paulo de Tarso. Ela não pretendia escrever uma biografia de Jesus, pois ela sabia que estava escrevendo apenas sobre um mito. Seu propósito era duplo: criar uma cartilha para ser lida nos encontros com a comunidade cristã que ela comandava e, de certa forma, dar substância e verossimilhança ao proselitismo místico de Paulo de Tarso e, também, diminuir sua importância como inventor da nova crença. Seu evangelho é conhecido como MARCOS, nome de uma pessoa inventado pela igreja cristã tardia e que nunca existiu. Com esse evangelho, esta pessoa, que vou chamar aqui de MARCOS somente para efeitos práticos de identificação, criou um novo gênero literário que incluía a execução inverossímil de João Batista, a paixão, também inverossímil, de Jesus, parábolas, provérbios, histórias de milagres, controvérsias com supostos oponentes de Jesus e vários símiles em forma de quiasmo. Esta pessoa foi a mais irônica de todos os evangelistas. Ela é a inventora da maior história já contada na terra. Seu evangelho, no entanto, não ficou restrito à comunidade cristã de sua cidade, mas espalhou-se por todo o mundo dominado pelos romanos e caiu no gosto de muitas pessoas que, como ela, entraram no movimento cristão em várias colonias do império. Muitas pessoas começaram a copiar o evangelho de MARCOS, a expandi-lo, reeditá-lo e a inventar novos evangelhos, sempre inspirados no livro de MARCOS. Muitas pessoas no império romano, adulteraram os textos de MARCOS, inventaram novas histórias, suas próprias parábolas e seus próprios milagres. Não se sabe, ao certo, quantos evangelhos foram escritos. Com certeza eles passam de 50. Muitos foram perdidos para sempre e são conhecidos apenas através de referências a eles feitas por apologistas cristãos enquanto tais evangelhos existiam. Muitos só existem em forma de fragmentos. Outros, completos, foram banidos pela igreja como sendo apócrifos (hereges). Hoje, são famosos apenas aqueles quatro que a igreja sancionou como sendo autênticos e válidos, os canônicos: MARCOS, MATEUS, LUCAS e JOÃO. Três desses quatro evangelhos são chamados de sinóticos, por causa da enorme semelhança entre eles: MARCOS, MATEUS e LUCAS. Para entender estas semelhanças, basta entender como MATEUS E LUCAS inventaram seus próprios evangelhos.
MATEUS gostou muito do evangelho de MARCOS e COPIOU 90% dele! O evangelho de MATEUS é 53% maior que o de MARCOS e é composto das seguintes partes: 60% copiado de MARCOS, 15% copiado de um evangelho perdido e apelidado de Q, da palavra QUELLE, que em alemão significa FONTE, e 25% de material próprio de MATEUS (inventado por ele ou copiado de alguma outra fonte perdida). Os números aqui foram arredondados de 1 a 3 pontos percentuais, para cima e para baixo, apenas para facilitar a leitura.
LUCAS também gostou do evangelho de MARCOS e copiou parte dele, menos do que MATEUS, apenas 25%. O evangelho de LUCAS tem, praticamente, o mesmo tamanho do evangelho de MATEUS, com a diferença que LUCAS tem mais material próprio do que copiado dos outros: 25% de MARCOS, os mesmos 15% copiados do evangelho perdido chamado Q e 60% de material próprio. Aqui, também, os percentuais foram arredondados.
O propósito deste texto é mostrar como diferentes evangelistas reeditavam material copiado de um fonte comum para mostrar um diferente ponto de vista sobre um mesmo tema. Como exemplo, eu escolhi uma passagem que ambos, MATEUS e LUCAS, copiaram do evangelho Q. As diferenças parecem não alterar o significado, mas, com um pouco de atenção e um pouco de leitura sobre o assunto, o leitor perceberá divergentes pontos de vista. Prestem atenção nestes versos. Há muitas sutilezas neles:
MATEUS 5:38-42
...se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele...
LUCAS 6:29-30
...se alguém lhe dá um tapa numa face, ofereça também a outra; se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica...
Notaram as diferenças? Elas são claras! Lucas fala apenas em oferecer a outra face se você receber um tapa numa delas, mas Mateus recomenda oferecer a face ESQUERDA se você receber um tapa na face DIREITA! Estes detalhes fazem alguma diferença na interpretação da passagem? Sim, fazem uma enorme diferença!
Lucas recomenda dar, também, a TÚNICA se alguém lhe tirar o MANTO. Mateus inverte a ordem. Ele recomenda dar, também, o MANTO se alguém lhe demandar a TÚNICA. Faz alguma diferença a ordem dos fatores, MANTO – TÚNICA e TÚNICA – MANTO? Sim, faz uma enorme diferença!
Lucas omite a frase de Mateus: ‘Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele...’ e isso, também, faz diferença!
MATEUS é o mais beato de todos os evangelistas. É o que mais recorre a frases do Antigo Testamento. É aquele que quer passar aos seu leitores a ideia de que Jesus é o novo Moisés. Nos versos acima citados, MATEUS se insurge contra a aplicação de leis tradicionais, religiosas e administrativas no que refere-se a insultos, empréstimos e direitos romanos.
LUCAS é o menos beato de todos. É o que menos recorre a citações do Antigo Testamento e, onde ele encontra tais citações, ele as substitui por frases mais universais. Na mesma passagem acima, a recomendação de LUCAS é NÃO resistir ou revidar uma violência e um roubo, sem entrar no mérito das ações previstas em lei para coibir e punir tais atos ilícitos. Eis as diferenças entre os dois evangelistas:
1) BATER NA FACE
VERSÃO DE MATEUS
A maioria das pessoas é DESTRA e quando um DESTRO bate na face DIREITA de alguém com a mão direita, ele bate com as costas das mãos e não com a palma da mão. Na Palestina do primeiro seculo da era cristã, bater com as costas das mãos na face de alguém era considerado um INSULTO GRAVE e sujeito ao pagamento de uma multa, de acordo com os costumes da época. MATEUS é contra tais leis e é por isso que ele diz que ao invés de pedir o pagamento da multa quando você é esbofeteado na face direita, você deve esquecer o insulto e a multa e, ainda, oferecer a face esquerda (que será atingida com a palma da mão e doerá mais ainda).
VERSÃO DE LUCAS.
Lucas não está preocupado com as LEIS vigentes. Ele apenas pede para que não se resista a uma violência. Por isso ele diz apenas que, se alguém te agredir com um tapa numa das faces, você deve oferecer a outra como prova de que é contra a retaliação.
2) TÚNICA E MANTO
VERSÃO DE MATEUS
Túnica é a roupa de baixo que se usava para dormir. Manto é a capa que se usava por cima da roupa de baixo para sair de casa. No Antigo Testamento, mais precisamente no Deuteronômio, há uma lei que diz: ‘se você emprestar dinheiro a alguém você pode pedir como garantia a túnica do sujeito. Se ele não devolver o dinheiro, você pode, por lei, ficar com a túnica dele'. Agora, imagine esta situação: o sujeito não consegue pagar a dívida e perde a túnica. A gente deduz que, se o sujeito for pobre e tiver apenas uma única túnica, ele não poderá sair de casa (para trabalhar, por exemplo). MATEUS torna-se até irônico, sem querer, ao insurgir-se contra esta lei: ‘Se alguém te demandar a túnica, dê-lhe, também, o manto.' Aqui, eu imagino a seguinte ironia: ‘Já que não posso sair de casa sem a roupa de baixo, o que vou ficar fazendo em casa com um manto? Então, vou ficar pelado dentro de casa de uma vez, sem túnica e sem manto’!
VERSÃO DE LUCAS
Em quais circunstancias você poderia ter o manto roubado? Aqui vai um exemplo bem simples. Você peregrina de uma cidade a outra durante três dias, como, por exemplo, ir da Galileia a Jerusalém para a páscoa. À noite, você precisa parar para dormir ao relento. Você dorme com a túnica e se cobre com o manto. Mas um ladrão aparece na surdina, lhe rouba o manto e sai correndo. Ao invés de sair atrás do ladrão, Lucas recomenda que se dê ao ladrão a túnica também. Daí você vai ficar, literalmente, pelado no meio do mato! Outra ironia!
SER FORÇADO A ANDAR PELOS OUTROS
Todos vocês já estão cansados de ver aquela famosa cena de filmes policiais americanos quando um agente, perseguindo um ladrão a pé, pára um carro qualquer, mostra o distintivo de policial, e pede o carro do sujeito para ir atrás do criminoso. E nos EUA é assim mesmo: você tem que fazer o que a autoridade manda. No império romano era a mesmíssima coisa. Se você voltasse para casa montado num burro, você poderia ser parado por um soldado romano e ter seu burro emprestado para que ele não se atrasasse onde quer que ele precisasse ir. Você tinha que dar o seu animal sem reclamar. Outro exemplo: um soldado romano tem que levar um pacote pesado até a Fortaleza Antônia. Ele pára o primeiro que ele vê e lhe diz: ‘Ei, você ai, venha ajudar-me a levar este pacote pesado até a casa de Pilatos’. O mesmo ocorre com Simão de Cirene. Na via-crúcis Jesus cai pela terceira vez e não aguenta mais carregar a cruz. O soldado pega o primeiro que ele vê na frente e diz: 'Ei, você ai, ajuda este desgraçado a carregar a cruz até o calvário’.
A VERSÃO DE MATEUS
Já está explicada acima. Basta acrescentar que há um pouquinho de ironia em Mateus: ‘Pode deixar, eu ando não 1, mas até 2 km’. Quem tinha coragem de dizer não a um soldado romano?
VERSÃO DE LUCAS
Por que Lucas omite esta passagem? Por duas razões: ele não considerava uma violência as leis impostas pelos romanos no que diz respeito ao uso de bens e indivíduos a serviço público do império. A outra razão é que o público de LUCAS é gentio e já está acostumado com as regras romanas. Lucas não está interessado nas leis, nem judaicas, nem romanas.
Estas diferenças aqui apresentadas são bem pequenas. Leiam os três evangelhos sinóticos com MUITA atenção e vocês descobrirão grandes diferenças de arrepiar os cabelos e tirar o sono dos cristãos tementes a Deus!