sexta-feira, 7 de julho de 2023

O SONHO MAIS DOCE

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Este texto escrito pelo meu amigo Alceu, vulgo Oxman, contém, segundo ele, informações fornecidas, durante um sonho, pelo inconsciente coletivo. Não são informações pessoais, e são obtidas através da projeção da consciência para fora do crânio durante o sono, e pertencem ao patrimônio coletivo da humanidade. Estas informações aleatórias e, aparentemente sem sentido, ocorrem quando a ‘anima’, o lado feminino do homem, estabelece uma ponte até o centro regulador da psique humana, que nós chamamos de deus. É muito difícil entender o que o inconsciente coletivo pretende dizer porque ele se comunica somente através de linguagem metafórica, porém a mensagem tem um propósito. O Alceu sabe de algumas coisas sobre as quais o inconsciente coletivo está dizendo, e, aos poucos, tem desvendado outras. Ele teve este sonho com o inconsciente coletivo há 30 anos. O Alceu está no vídeo DREAM A LITLLE DREAM OF ME, cantada em francês pela banda britânica THE BEAUTIFUL SOUTH. Mas o Alceu nunca gostou de aparecer. Ele está no meio dos carros dirigindo na Avenida Champs Élysées em direção ao Arco do Triunfo, está no barco passeando pelo Rio Sena, debaixo da Torre Eiffel, próximo ao teatro LE LIDO e caminhando, anonimamente, pelas ruas de Paris.
Gwendolyn Marie-Baxtor (vulga Inglesa Luso Chinesa),                     
7 de Julho de 2023

O sonho que tenho com você é o mais doce de Dóris. É o despir de meu espírito como se tira uma blusa, para entrar na sua casa da vida, andar pela bagunça que se espalha pelo seu chão e ouvir agora o que você iria dizer ao mundo só no futuro. Seu café está frio e seu jornal é de ontem, mas seu sorriso candente, embora me remonte a um passado recente, me prende somente à imponderabilidade deste momento. Seu lençol está encardido e a poeira se acumula. Sua roupa está rasgada e seus sapatos gastos. Com toda esta bagunça, você não deve ficar surpreso com tudo que desprezava nos outros. Você perdeu a mulher que todo homem deseja e precisa, mas ela voltará e colocará seu casaco furado no piso para você se deitar. No sono que você pegar, a melancolia que impermeia seu coração irá espairecer. Aquela mulher volta em mim de pés descalços, diz coisas e loisas e coloca nomes em todos os rostos que ela encontra em sua mente. Já estivemos aqui não sei quantas vezes e sempre recomeçamos como se fosse a primeira vez. Brrr, mas que frio faz aqui! A caminho de seu futuro, não hesite em partir de onde é menos recomendável, de seu pilhérico teclado, dos diabos, mas não se preocupe, sua sobrinha vem ao seu auxílio tocando um violino ligeiro, irrequieto e escriturado por um político nessa tessitura mais aguda. No ciclo corrompido em que você tem vivido, esta e outras mulheres farão a água suja de sua morada não tardar a esvair-se. Aquele piano que você não usa há muito tempo despertará para martelar a madeira revestida de feltro e brandir o recinto. As coisas não serão mais as mesmas, mas sua popularidade permanecerá inalterada. Aprenderá a cozinhar, conservará sua sagacidade, falará com a língua do corpo. Iniciar-se-á na prestidigitação sem ajuda de instrumentos. Aprenderá a pescar. A gravar. A inverter os acordes para um jazzista. Seu próximo sonho já acordou dentro de mim ainda mais doce. Despertou em mim aquela mulher dando voltas ao mundo em sua maleta, enrolada num pano branco, entrando em transe e dançando para você, como uma mulher Maria, com uma maneira apaixonada e poética, como de sentir e de viver. Seu último sonho já acordou dentro de mim, abriu-me os olhos e os ouvidos com a sublime sinfonia dos meninos que vêm do centro mundial das testemunhas do altíssimo e a eles se juntaram suas sete oitavas, suas quatro cordas afinadas em quintas juntas e a sagrada voz da negra que você levou de um cabaré para o estrelato. O espaço deixado por sua tristeza indefinida será preenchido pela grande fuga de Beethoven e de futebol! Pelo interlúdio vicioso e arenisco como um tapa de gato! Por prelúdio! Por blues à deriva! Por uma Ippanese barroca, rendendo preces a este nosso jogo de encontros que me permitem o direito de te escrever, mas não de te fazer perguntas. Pergunte a si mesmo o que sou para você. Pergunte ao balseiro. Grite para ele se ele não te ouve. Traga a água suja de volta para sua casa se quiser, mais brinquedos jamaicanos, um cantor country, um tema aleatório. Eu gosto dessas coisas. Traga um revolucionário, um arpejo, mais temas estocásticos. Leve-me ao melhor restaurante de Paris para jantar, deixa-me saudosa de palavras solitárias, inicia-me, faça de mim uma amante demente, engrandeça-me como um elefante, escreva-me um poema perturbado, ligue-me à lua, contorça-me, troque-me por Dóris, Dóris por Teresa, e Teresa por Atena. Você e nosso instrumento da alma e da mente nos adentra. Tudo está nesta doce lembrança de um sonho logo ao amanhecer.