quinta-feira, 6 de abril de 2023

TEM ALGUÉM NOS ESPERANDO NO AEROPORTO?

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 



Depois da apresentação no Ed Sullivan e de um concerto em Washington, os Beatles rumaram para a Flórida. Carol Gallagher era uma aeromoça americana e ficou sabendo, no último instante, que os Beatles estariam no seu voo de duas horas de Nova Iorque para Miami. Ela já era fã de suas músicas pelo rádio e agora teria o privilégio de vê-los cara a cara e ainda servi-los. Carol levou semanas para refazer-se da emoção de tê-los conhecido justamente em sua primeira visita ao seu país em 1964. John, ao lado de sua esposa Cynthia, permaneceu quieto o tempo todo, sentado na última fileira. Os outros não paravam de distribuir autógrafos. Eles primavam pela alegria, simpatia e um senso de humor que Carol nunca vira antes. Eles davam a nítida impressão de que não estavam levando a sério esta ideia de conquistar o maior mercado de consumo do mundo. Na verdade, eles não levavam os Beatles a sério. Para eles, tudo não passava de uma grande aventura. Eles deviam estar pensando: Já que estão nos pagando, por que não aproveitar e divertir-se? Ringo era o mais hilário. Ele insistiu em colocar um colete salva-vidas antes de aterrissar e queria, a todo custo, ver da janela do avião algum tubarão no mar. Paul era a prova cabal de que os Beatles não esperavam tornar-se famosos nos EUA. Ele perguntou à Carol:Será que vai ter alguém nos esperando no aeroporto? Ao descer do avião, milhares de pessoas enlouquecidas os aguardavam do lado de fora. Elas, na maioria mulheres, pularam a grade e invadiram a pista. Os 4 membros dos Beatles foram logo colocados em limousines e partiram, seguidos a pé por uma multidão ensandecida. O público queria dar a eles as honras de heróis, como se fossem astronautas voltando da primeira viagem tripulada à Lua. Algumas das celebridades americanas, com uma pontinha de inveja, diziam que eles entregaram a América de bandeja para os Beatles. É verdade que eles não precisaram conquistar nada; o mundo todo prostrou-se aos seus pés como súditos reconhecendo a majestade de seus reis.