quinta-feira, 27 de julho de 2023

ESPÍRITO SEGUNDO UM DAIMON E UM HUMANO

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

POR UM DAIMON

O espírito cábula que não se manifesta nem a cada lua azul. Joga só com o nome e pelo nome não atende quando invocado no reduto do seu suplicante ou em estância forânea.Tem ojeriza draculiana da luz do dia que desce com o fogo do sol e derrete o orvalho da terra que não se debela com a água da chuva e só bruxuleia com o sopro do ar.

O espírito psicóide que vem do nada e vem do azul. Sintoniza um sincrônico e, sem ser chamado, a ele se reapresenta para onde quer que seu refúgio tenha se mudado. Colhe fôlego do ar e nele se camufla quando desce à terra, esgueirando-se pela água que não molha e pelo fogo que não queima.

O espírito desarmado que não traz inimigo e também não põe azul sobre azul. Fala com os olhos e pela mente se expressa em sonho, mas adormece os sentidos na vigília. Renova suas feições da terra e confunde como fogo amigo. Testemunha a água de lágrimas assustadas e o ar gentilmente abanado pelas preces murmuradas.

O espírito anacrônico que não deixa seu nome entrar num livro azul e o abandona numa lápide. Zela pelos que ficaram e dele não se sabe o que se espera, mas a ele mais se pede do que se tem para dar. Materializa-se como vapor de água que não pode ser bebida pela terra. Desaparece como o fogo da vela que se extingue com o aroma de incenso que esteriliza o ar.


POR UM HUMANO

Cadê você, seu inconstante,que não sai do lado oculto da lua, que tem mais fama que o nome que eu uso para te invocar, e que sempre me deixa falando sozinho,tanto no meu lugar que me amedronta,como no lugar dos outros que não me afronta?E por que esse seu apego pelo umbral da noite,que traz caligem aos meus dias iluminados, que nascem com o orvalho da terra e se derretem com o fogo do sol, que não se debela com água de tempestades, tampouco tremula com o ar de ventanias?

Eis aí você, seu casual,que surge do nada, do lado invisível da lua,e vem me procurar só por meio de sincronicidade, e mesmo que eu não te chame,faz sua aparição parecer mera coincidência,para onde quer que meu lugar tenha se mudado!E por que você vem buscar ar do meu arfar,e ainda nele se disfarça quando desce à terra,valendo-se da minha água que não te molha,e de meu fogo que não te queima?

Aqui me tens, seu pacificador,que não faz se acompanhar de inimigos, e não lança o lado obscuro da lua contra sua própria obscuridade!Fale comigo com seus olhos!Faça telepatia comigo nos meus sonhos! Acorde durante minha vigília!Mostre-me sua feição renovada da terra! Não me confunda com fogo amigo!Veja a água das minhas lágrimas assustadas!Sinta o ar das minhas preces murmuradas!

Para onde você vai, seu atemporal, que teima em não aparecer no lado visível da lua e se deixa abandonar sempre no seu lado sombrio? Zele pelos que ficam comigo,porque não sei o que de você esperar, e só sei que mais lhe peço do que tenho para lhe dar! Apareça diante de mim como vapor d'água, que não pode ser bebida pela terra, e desapareça com o apagar do fogo de minha vela, e se dissipe com meu incenso que esteriliza o ar!

Eu sou feito de água, terra, fogo e ar e você é o irrepresentável que quintessencia minha alma vulgar.


Man gets tired
 Spirit don't
 Man surrenders
 Spirit won't
 Man crawls
 Spirit flies
 Spirit lives when man dies
 Man seems
 Spirit is
 Man dreams
 The spirit lives
 Man is tethered
 Spirit is free
 What spirit is man can be