Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)
Em meu seio você se esconde,
Como à noite, Incauta colibri, Pronta para seu açoite, Abuse sua matumba-preta,
Já se tem nove sois, Ligados de clandestinidade, Acoitada para a escuridão, Com
o tempo a estar suave, E abandonados seus telheiros para o coito, Sua boa serva,
Sua pior senhora, Deita sobre mim seu açoita-cavalo, Cavalgue-o e dispare-o
comigo, Entre oito e dez chibatadas, E abandone-me esfolada, Um pé de milho
solitário, De verdes espadanas esfolhadas, Minhas chagas têm melhor carnadura
que outras, Nove delas cicatrizam depressa de golpes fundos, As demais podem
dissipar num mês pelo sangue, Mas uma, Entre depois das oito e antes das dez, Vem à luz, Orfanada de
seu amo, Cevada em senzala, De açúcar e café, Até, Antes da primeira
ingenuidade, Quando no lugar do senhor-velho, Vem o novo, A me chamar de Isaura,
Sem nove-horas, Para ensinar língua de senhorio, A dedilhar delicadezas com uma
mão de cinco dedos, Dois lábios, E dois olhos fechados.