Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)
Nossas vidas já fizeram parte da mesma natureza, Como as
águas dos rios que correm juntas e não se distinguem, E seguem seus cursos,
Intrépidas, Até desembocarem no oceano, Cada uma a seu tempo, Desde o tempo de
nascer da mesma fonte no alto das montanhas, Descer ao campo, Ouvir seus
rumores, O fresco ramalhar das árvores, o rouco perene das corredeiras que nos
rolam pesadamente por entre os penhascos escuros, Até nos despejarmos em queda
livre, Como num salto para a morte, E lá embaixo nos reencontramos espalhados,
Acalmamos a correnteza, Ganhamos longos atalhos, De lances de beleza, Adentramos
outro prado florido, E, Distraídos, Nos desviamos por afluentes que vieram ao
nosso encontro, Nos devolvem aos nossos leitos, E de longe ouvimos praias de
tempestades que nos fecharão, Ouvimos a maré alta invadir nosso estuário,
Salgando nossa doçura e nossa paixão, E no refluxo, Nos dividindo, Levando-nos a
chegar separados no mar, E no encontro com esta imensidão, Sem dizer águas vão,
Enterramos uma afiada faca de indiferença em todas as lembranças do que fomos e
ainda somos, Nos fazemos de vela para o esquecimento, Acreditando que um milagre
será como nossas águas num balaio.