sábado, 18 de março de 2023

VIDEOCLIPES SELECIONADOS POR INGLESA LUSO CHINESA - MONALISA TWINS LIVE COVER OF THE BEATLES SONG "YOU C'ANT DO THAT" COMPOSED BY JOHN LENNON

 


MULHERES DE PRETO

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)



Do lado de fora ela enluta com audácia diatônica, é elegante, fascinante, simplesmente deslumbrante. Do lado de dentro ela se esconde sem aberração cromática, é toda mistério, toda sortilégio, complexamente toda adultério. Ela aparece em sonhos bizarros que alguns homens tiveram uma vez na vida e outra na morte, sinistra com a mão esquerda, remota com os olhos videntes, mágica com a mente intuitiva. Ela desce o vestido plissado até entre o joelho e o pé, é atilada, letrada, tem classe arretada. Ela sobe a saia de abajur até entre as coxas e o umbigo, é atirada, aloucada, tem fala decorada. O homem afoito não dispensa a mulher de vestido camisola, pronta para o rala e rola, nem mesmo a de macacão e óculos escuros, pronta para conquistar a de terno e cartola. Do lado de fora ela se impermeabiliza e retém calor negro, é inabalável, quase inexpugnável, e se desconstrói nas cores. Do lado de dentro ela se transpassa e emite luz branca, é leal, quase angelical, e não descompõe os artifícios monocromáticos. Ela é o próprio sonho bizarro que alguns homens tiveram uma vez na vida e outra na morte, súbita no seu aparecimento, enigmática no seu comportamento, surpreendente no seu afastamento. Ela desce a saia pregueada até entre as coxas e a canela, de intrincado tratamento, de notório refreamento, carrega recalcamento. Ela sobe a saia amarrotada entre o joelho e a virilha, de extrovertida disposição, de livre obrigação, carrega diversão. O homem oportunista não dispensa a exótica de chapéu e vestido transparente, pronta para um papo cabeça, nem mesmo a de trança e vestido adolescente, pronta para se enturmar com a de laço na cintura e ar de me enlouqueça.



TEM GENTE NOVA NA TABA POR EXCELÊNCIA

Em meados dos anos 70 do século passado, Ormontowne presenciou um acontecimento insólito e misterioso. Ormontowne disse que jamais ousaria contar o que sabe porque ninguém neste mundo iria acreditar. Então, Ormontowne  resolveu escrever sobre isso de maneira fictícia, como num conto, e mudou completamente a relação de parentesco de membros da família para que ninguém jamais descobrisse os nomes das pessoas envolvidas. Ormontowne deu a este texto, ou conto, como queiram, o nome de TEM GENTE NOVA NA TABA POR EXCELÊNCIA. Escolheu uma ilustração e uma música tão estranhas quanto tudo o que Ormontowne  sabe sobre o fato.

 
Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.


Você passou pela minha vida bem rápido, em fração de minuto, e nela deixou uma marca profunda, mas, com o tempo, ela se fechou até a superfície, sem deixar sinal de sua presença, como estar anestesiada e ter uma penetração por um longo instrumento cirúrgico que logo cicatriza, e ninguém sabe que você foi perfurada, a não ser você mesma e seu cirurgião. Agora que estou morta quero acreditar que você não se esqueceu de mim, que você nunca saiu de perto de mim e sabe de tudo que estou a relembrar, mesmo contra todas as evidências de que isso é impossível, mas me conformo com esta impossibilidade tendo em vista como minha melhor amiga morreu e como minha sobrinha deixou claro para mim a ausência de determinismo e de propósitos em tudo que nos sucede. Ela dizia que não vivemos sob qualquer lei natural e que, se quisermos uma, podemos chamá-la de aleatória. Nossas vidas e todo o universo são um simples acaso, um acidente, e não têm nenhum significado. Ela dizia que o que aconteceu comigo naquela noite foi uma mera coincidência, cercada de mistério que jamais seria desvendado porque não era algo programado. E nunca foi mesmo. Naquela noite você deu um grande susto em mim e em minha melhor amiga. Fiquei com muito medo, mas minha amiga, mais corajosa, queria te desafiar, e eu consegui convence-la a ir embora, quando nos demos conta que quase 3 horas tinham passado em apenas trinta segundos. Ficamos apavoradas e saímos correndo. Cheguei em casa perto das onze horas. Meu marido e minhas filhas estavam desesperados à minha procura. Já haviam acionado a polícia e ligado para vários hospitais e prontos socorros. Como não sabia o que aconteceu comigo e minha amiga, contei-lhes a história que inventei e ensaiei no carro ao retornar. Disse-lhes que meu carro morreu de repente numa rua erma e que demorei muito tempo até encontrar alguém que pudesse me ajudar. Era a bateria que arriou e precisava ser trocada. Meu marido acreditou e se tranquilizou. Fomos dormir quase uma hora da manhã. Eu sabia que iria passar a noite em claro de tão agitada que estava. Mas precisava acordar às 6 como faço todos os dias, mesmo cansada, porque precisava comandar a fábrica. Meu marido logo pegou no sono, e eu fiquei bem quieta e absorta, repassando tudo que aconteceu naqueles 30 segundos. Eu não vi seu rosto, nem ouvi sua voz. Vi apenas o brilho intenso de sua camuflagem. Como sempre acontece, veio a fadiga mental e acabei adormecendo sem perceber, mas acho que não dormi mais do que 4 horas. Quando o despertador soou às 6, você foi a primeira coisa que me veio à mente, mas desta vez sem nenhum trauma. Quando levantei-me tive uma estranha sensação de bem-estar como nunca tivera antes. Me sentia como se tivesse tido um sono reparador de muitas horas seguidas. Estava alegre e com uma disposição descomunal. No chuveiro comecei a cantarolar enquanto tomava banho, algo que jamais fizera antes. Resolvi ir trabalhar com minha melhor roupa e meu perfume mais caro. No café da manhã meu marido ficou desconfiado e me perguntou onde eu ia vestida daquele jeito. Então, tive que improvisar outra história. Disse-lhe que receberia em nossa fábrica um novo e muito importante cliente para nossos negócios e que queria estar muito bem apresentável. Meu marido continuou a me estranhar porque, além de meu ótimo humor, eu comi três vezes mais do que normalmente como pela manhã. Comi demais mesmo, mas não senti nenhuma diferença. Me sentia como se tivesse tomado apenas uma xícara de chá. No carro, a caminho da fábrica, estava super feliz com minha família, minha fábrica de biscoitos, meu trabalho, enfim, com minha vida. Liguei o rádio e fui dirigindo ouvindo música, outra coisa que raramente fazia. Quando cheguei à fábrica, todos me olharam admirados. Antes de ir ao meu escritório, sempre percorria as instalações com minha supervisora. Ela me pediu para andar mais devagar. Só então percebi que estava dando largas passadas, com muita leveza, como se a gravidade tivesse caído pela metade, sem sentir o impacto de meus pés no chão, como se estivesse, literalmente, andando nas nuvens. Era muito estranho, mas eu achava natural. Ninguém repara  em nada quando se sente bem, só se espanta quando se sente mal. No escritório, como sempre, havia uma pilha de assuntos pendentes à espera de soluções. Pela primeira vez em minha vida consegui, em poucos horas, resolver problemas de uma semana inteira, encontrando solicitude e boa vontade em todos as pessoas com quem conversei por telefone. Saí mais cedo para almoçar e levei comigo algumas funcionárias, tamanha era minha vontade de compartilhar minha satisfação. Tudo transcorria bem. À tarde, sem ter nada com que me preocupar ou que exigisse minha atenção e orientação, resolvi rever alguns projetos de novos produtos que estavam engavetados havia muito tempo. De imediato, admirei-me com o fato de nunca tê-los levado adiante. Na hora decidi reativar todos eles ao mesmo tempo. Falei com várias pessoas e recebi de todas elas apoio e aceitação incondicionais, o que me permitiu vislumbrar um significativo aumento na minha linha de produtos e, consequentemente, expansão da empresa e contratação de mais empregados. Eu estava entusiasmada, exultante, e passei a trabalhar até quase dez da noite. Meu marido continuava muito cismado, mas ele sempre foi muito compreensível e sensato e acabou percebendo que tudo o que eu fazia era para o bem de nosso empreendimento e de nossa família. Qualquer desconfiança que ele pudesse ter se desfez, principalmente na hora de dormir, porque eu tinha vontade de fazer amor três vezes seguidas todas as noites. Ele ficou muito feliz com meu ânimo, mas depois da segunda vez ele se cansava e pegava no sono. Eu ainda permanecia acordada uma hora ou mais, sempre tendo novas ideias que eu poderia por em prática no dia seguinte. Tudo era intrigante, mas ainda assim sempre me parecia normal. Tudo o que fazia ou pensava fazer dava certo. Continuava repousando poucas horas e despertando com a sensação de ter descansado as 20 horas de um leão, sempre contente e animada. Esse estado de espírito durou exatamente duas semanas. Depois tudo voltou ao normal. Quando procurei minha amiga para lhe contar o que me sucedera, fiquei atônita ao saber que ela passou pela mesmíssima experiência que tive. Prometemos que isto seria mantido em segredo. Nem nossos maridos, nem nossos filhos jamais saberiam disso. Um ano mais tarde, minha amiga sofreu um acidente de carro fatal, na estrada já próxima de nossa cidade. O impacto foi violentíssimo e ela deveria ter morrido na hora, mas ainda foi levada com vida a um hospital. Quando eu e meu marido soubemos do ocorrido no dia seguinte, corremos para o hospital e, ao lá chegarmos, ficamos surpresos ao vê-la num quarto comum conversando normalmente com seu marido, com alta marcada para a manhã seguinte. Um dos médicos disse a ele que ali operou-se um verdadeiro milagre, porque minha amiga chegou em estado gravíssimo, foi colocada numa UTI e ele jamais teve qualquer esperança de que ela pudesse sair do estado de coma. Foi minha própria amiga quem me contou o que ocorreu. Ela esperou nossos maridos saírem juntos para tomar um café na lanchonete e me disse que não se lembrava do acidente porque perdeu a consciência e só acordou na UTI com muita dor, mas rapidamente aliviada com aquela mesma sensação de bem-estar que nós duas tivemos durante duas semanas um ano atrás. Nós duas estávamos perplexas. Coincidentemente, mais um ano depois, minha amiga teve outro acidente de carro na mesma estrada e desta vez não pode ser socorrida. Ela morreu no local. Fiquei muito tempo pensativa e perturbada. Eu, meu marido e meus três filhos costumávamos visitar meu cunhado em outra cidade. Ele é irmão de meu marido e tem dois filhos, um deles casado com uma moça extremamente inteligente. Minhas três filhas, com idades entre 15 e 18 anos, sempre gostaram muito de conversar com minha sobrinha. Ela é culta, solícita, bem versada em vários assuntos, tem uma paciência de Jó para responder, com clareza, a qualquer pergunta. Numa destas visitas, minhas filhas conversavam com minha sobrinha e, de repente, ela esbarrou num assunto que me fez lembrar de tudo o que se passou comigo e minha amiga. Quando minhas filhas  deixaram o recinto e fiquei a sós com minha sobrinha, resolvi dividir com ela o segredo que mantive com minha amiga que já não estava mais entre nós. Eu não poderia guardar aquele segredo só para mim. Precisava dividi-lo com alguém, e minha sobrinha era a pessoa mais indicada e confiável para isso. Conte-lhe tudo: aquela enigmática noite, aquelas duas semanas inesquecíveis, o acidente de minha amiga, sua recuperação e seu novo acidente seguido de morte. Minha sobrinha ouviu-me atentamente e estarreceu-me ao dizer que já havia ouvido falar de casos parecidos em outros lugares. No entanto, ela não tinha nenhuma explicação para tais fatos, e alertava-me para jamais cair na tentação de querer encontrar um motivo lógico e muito menos de procurar por esclarecimentos místicos. Ela nunca duvidou da veracidade de meu relato, mas sempre manteve a postura de uma cientista, de pés no chão, racional, do tipo São Tomé: ver para crer. 'Tudo o que acontece em nossas vidas é mero acaso', dizia ela. E mesmo que eu tentasse arrastá-la para algum tipo de abordagem menos racional, ela retrucava que o mais próximo que ela conseguia chegar a uma abordagem filosófica, para não dizer transcendente da fé, era citar uma célebre frase de Shakespeare: 'Entre o céu e a terra há mais mistério que nossa vã filosofia sonha'. Conformei-me e segui a minha vida com o que aprendi com minha sobrinha, até o dia de minha morte, e parece que fui antes da hora. Fui hospitalizada com um problema de saúde curável, mas morri. Tive a impressão de ter ouvido a minha cunhada dizer à minha sobrinha que estranhava minha morte prematura e que não duvidava de erro médico. Pensei muito em você. Por que você não veio me salvar como você salvou minha amiga naquele terrível acidente do qual ninguém neste mundo escapa? Levei para meu túmulo o que afigurou-me ser ecos de sua voz dizendo: 'Parece que houve gente nova na sua taba por excelência'. 'Mas o que você  quer dizer com ''taba por excelência''?'perguntei. E senti ter ouvido: 'Apenas o nome de sua última morada sobre a terra'.



música LOFTCRIES de PURITY RING

Green, green thunder and the, Loud, loud rain, Lead our woes asunder, 'Neath the proud, proud veins, Of trains let bleed the gunmen of our, Pumping earthly hearts, Wean or joys and plunder, Peel our shining teeth, Bid our hold on happiness, Beat weighty tests with lofty cries, Lofty cries with trembling thighs, Weepy chests with weepy sighs. Weepy skin with trembling thighs, You must be hovering over yourself, Watching us drip on each other's sides, Dear brother, collect all the liquids off of the floor, Use your oily fingers, Make a paste, let it form, Let it seep through your sockets and ears, Into your precious, ruptured skull, Let it seep, let it keep you from us, Patiently heal you, Patiently unreel you, Beat weighty tests with lofty cries, Lofty cries with, trembling thighs, Weepy chests with weepy sighs, Weepy skin with trembling thighs, You must be hovering over yourself, Watching us drip on each other's sides, Dear brother, collect all the, liquids off of the floor, Use your oily fingers, Pick up paste, let it form, (Lofticries), Beat weighty tests with lofty cries, Lofty cries with trembling thighs, Weepy chests with weepy sighs, Weepy skin with trembling thighs, (Lofticries), You must be hovering over yourself, Watching us drip on each other's sides.