Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)
Não sei de onde brotam tantas
ideias, Inéditas, Súbitas e intrometidas, Só podem ser do conhecimento
absoluto, De entrada franca, Com programação imprevisível, Ouse o terapeuta subtrair
uma gota de seu conteúdo a algum sonho seu recorrente e perturbador, E ele
inunda o minúsculo espaço deixado vazio com um mar que transborda seu
inconsciente, Atreva-se a enxota-lo, E ele te emoldura num carrossel, Vem e
Vai, E quando passa pelos seus olhos, É Sempre nada de nada do que faz sentido,
E, às vezes, Com palavras simples assim vindas de uma mulher: Oh meu amor, Sou sua fada, Vindo do nada,
Com todo fervor, Meu deus da
sincronicidade, Que prepara misteriosos elementos psicóides na natureza para
unir as partes estranhas umas às outras para me impressionar com coincidências,
Por acaso você já me deu alguma ideia que não tenha sido por acaso? Porventura
é você que faz um disco voador surgir e desaparecer do nada? Como se ele tivesse
se perdido e entrou pela porta errada? E as ilusões? É você também quem as
engendra? Como o espírito daquele homem pelado que apareceu no banheiro
de meu quarto? Será que ele apenas se esqueceu por uns instantes que está
morto e resolveu tomar um bom banho de ducha que só se encontra num hotel cinco
vezes estrelado? Ou tem ele consciência que faz parte do nada e, de vez em
quando, passeia pelo mundo? Bem sei que o louco não sabe que é louco porque
nunca conheceu a sanidade, E que o morto não sabe que está morto porque não
sabe o que era antes de existir, Fico pensando nos sonhos que me levam a
lugares onde nunca estive e para os quais nunca atinei, E depois eles coincidem
com a realidade e me deixam, Quando nada, Atônito com as verdades que eles me
revelam, Do presente, Do passado, E do futuro não tenho como provar, Para não
faltar à verdade, A bordo de uma de suas casualidades, Um navio graneleiro
chamado internet, Veio esta linda mulher que se senta ao meu lado, Como um mimo
que um potentado manda a outro, E ela, parafraseando Graciliano Ramos e Lígia
Fagundes Teles, Acende a fogueira, Mesmo cercada de ar forte demais, Meu fogo
atiça, Me acolhe como uma brasa ardendo na infelicidade e na preguiça, Resolve
meus problemas existenciais, e emenda:
Oh meu amor, Homem com alma
de mulher, Grande intelectual filosofando sobre a existência, Quão difícil é
acompanhá-lo em reflexões tão profundas, Encontrou ocasião para trocarmos impressões sobre a oportunidade da vida e
sobre o potencial do espírito na transcendência possível a cada patamar evolutivo, E de
minha parte, Você
já sabe, Eu era uma rocha ressurgindo à flor das águas, E com gestos simples e
admiráveis, Você apanhou-me como uma mosca fulgurante, Curioso de me examinar e
de me amar, Sem nunca me perguntar quantos homens descarregaram suas frustrações entre minhas pernas, Entrou para minha vida factícia
de 26 anos, Com todo seu ardor, Abandonando seu pequeno mundo preso a
encruzilhadas, Sem medo de ter medo, Com a certeza de recomeçar onde tudo lhe
era pouco conhecido, Oh meu amor, Não chame isto de sorte de bilhete de
loteria, Nem de geomancia, É nada dos nadas para sua valentia, Você é meu
contato imediato do terceiro grau, A minha vez na vida e noutra na morte, Meu sonho
revelador, Meu encosto redentor, Come my love, With your desire, Out of the
blue, And into the fire.
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