sexta-feira, 15 de novembro de 2024

PRÓXIMO DA EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)


EQM, abreviação de EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE, é um fenômeno cientificamente comprovado. Ocorre, no entanto que muita gente, especialmente os espiritualistas, afirma, sem nenhuma evidência, que a EQM é uma prova de que existe vida após a morte. Isto é uma ilusão. Desde os anos 80 eu acompanho o trabalho de excelentes psiquiatras americanos que se atém, única e exclusivamente, à ciência, sem misticismos, dogmas e fé cega. Eu vou postar muitos textos sobre este tema, mas hoje vou apenas fazer uma introdução.

 

A EQM ocorre quando uma pessoa desmaia, perde a consciência, entra em coma e, às vezes, chega a ser declarada clinicamente morta, em decorrência de vários tipos de acidentes, como um infarto, um traumatismo craniano numa queda ou num acidente de carro. Enquanto médicos e enfermeiras se empenham, arduamente, para salvar a vida do paciente, a pessoa correndo risco de morte sente que está fora do corpo, geralmente flutuando rente ao teto de uma UTI, vê a si mesma deitada na cama, entubada e rodeada de médicos e enfermeiras tentando ressuscitá-la. Ela está calma e não sente medo. Tenta falar com todos os presentes na UTI, mas ninguém a ouve. Ela acha estranho e, às vezes, até se diverte com tanta preocupação com ela, uma vez que ela tem uma sensação de bem estar indescritível, e esta é a principal característica da EQM. A partir deste ponto, a experiência toma vários rumos e em geral, eles podem ser resumidos, mas não limitados, a dois tipos mais recorrentes. Num a pessoa mergulha numa escuridão total, entra numa espécie de túnel e o percorre lenta ou velozmente até vislumbrar uma forte luz branca e nela mergulha, se encontra e conversa com várias pessoas, gente estranha, mas também amigos e familiares que já faleceram. No outro tipo, enquanto flutua junto ao teto da UTI, a pessoa sente que atrás dela há uma paisagem magnífica, semelhante a um parque ou jardim, brilhando com as cores mais vivas, com um prado de verde esmeralda, cercado por grades e com um enorme portão de ferro através do qual se pode entrar no parque. A região cintila sob a luz forte do sol e todas as cores têm um esplendor extraordinário. As encostas do parque são flanqueadas por árvores verde-escuras. A pessoa tem a impressão que o parque é semelhante a uma floresta onde pé humano jamais pisou. A pessoa sabe que está diante da entrada para outro mundo e sabe que se ela olhar diretamente para este cenário espetacular será tentada a atravessar o portão e deixar a vida.

 

Os dois rumos aqui descritos em linhas gerais têm 3 aspectos em comum: a suprema sensação de bem estar, a irresistível tentação de não mais voltar e, paradoxalmente, a necessidade de voltar porque sente ou alguém lhe diz que não chegou sua hora de morrer.

 

Os médicos e as enfermeiras pulam de alegria quando a pessoa sai do coma e volta à vida, mas ficam incrédulos quando a pessoa descreve nos mínimos detalhes todos acontecimentos dentro da UTI exatamente da maneira como se passaram na realidade. Com tudo que aprendi com os estudos de psiquiatras americanos, percebi que o que a pessoa descreve sobre sua EQM varia de acordo com diferentes fatores: suas crenças religiosas, o ambiente social no qual foi criada e se encontra, seu grau de escolaridade, seu nível cultural, sua saúde física e mental antes da EQM e outros.

 

Eu conheço duas pessoas honestíssimas que tiveram uma EQM, e de cujas sinceridades e veracidades não tenho nenhum motivo sequer para duvidar. Uma tem um nível cultural elevadíssimo, escreveu livros, tem doutorado e sempre foi chamada pelas melhores universidades do país para ser juíza de bancada em defesas de tese. Ela é cristã, espírita kardecista ferrenha e acredita piamente na vida após a morte; Ela me disse que durante uma cirurgia com anestesia geral, ela saiu do corpo e encontrou-se com um espírito superior que lhe deu preciosos ensinamentos durante sua EQM. Portanto, ela foi muito além de um encontro com familiares e amigos que já faleceram.

 

A outra é muito culta e inteligente, e ocupou cargos públicos de alta hierarquia. Ela não é espírita, mas respeita a espiritualidade. Ela me disse que durante um procedimento cirúrgico, após tomar anestesia local, ela tevê uma espécie de choque anafilático, desmaiou e teve uma EQM. O que ela viu foi aquele monumental parque parecendo uma floresta não habitada e que lhe provocava uma tentadora vontade de abrir o portão e entrar.

 

Agora farei um breve retrospecto das pesquisas sobre EQM. Na década de setenta do século passado, a psiquiatra americana, Elizabeth Kluber Ross popularizou o fenômeno da EQM, através de palestras, entrevistas e seminários. Trabalhando com pacientes terminais, ela alegou ter conversado com mais de mil pessoas e, com base nos depoimentos de todas essas pessoas, homens, mulheres e crianças, ela afirmou, categoricamente, que existe vida após a morte, mas sem nenhum embasamento científico. Elizabeth nunca publicou um livro sobre suas pesquisas. Mesmo assim, ela foi considerada pioneira no assunto e a mais renomada – e polêmica – tanatogista dos EUA. Sem quase nenhuma ajuda e contando apenas com seu árduo trabalho, sua eminência e seu carisma, Elizabeth despertou o interesse público e de profissionais na EQM.

 

Um destes profissionais, o médico americano Dr. Raymond A. Moody  seguindo os passos de Elizabeth, publicou um livro relatando seus onze anos de pesquisa da EQM. Seu livro Vida Após A Vida tornou-se um Best-Seller mundial, traduzido em 24 idiomas, inclusive no Brasil. No embalo de seu sucesso, Raymond publicou seu segundo livro, Reflexões Sobre Vida Após a Vida e anunciou, oficialmente, que realmente existe vida após a morte. Assim como a disseminação pública dos resultados das investigações de Elizabeth  os livros de Raymond não apresentaram quaisquer fundamentos científicos incontestáveis para sustentar suas afirmações. A popularidade destes dois notáveis profissionais da medicina acabaram por ofuscar o fato de que eles não foram pioneiros nos estudos da EQM.

 

Quase meio século antes deles, outros eminentes pesquisadores ocuparam-se deste assunto. Nos anos trinta, Edmund Gurney, F.W.H Meyers e Sir William Barret estudaram a EQM sob o título Pesquisa Psíquica. Mais recentemente, Karlis Osis e Erlendur Haraldsson, chamados de parapsicólogos, abordaram as características fenomenológicas e as mudanças de humor associadas com a EQM, revelando uma notável semelhança interna com os relatos de Elizabeth e Raymond 

 

O geologista suíço, Professor Albert Heim, sofreu um acidente nas montanhas que quase o levou à morte. Por isso, ele passou 25 anos entrevistando pessoas que tiverem experiência de quase morte e publicou um obra sobre o assunto que caiu no esquecimento. No início dos anos 70, O psiquiatra Russel Noyes Jr, e seu colega, Ray Kletti, recuperam o trabalho de Albert e o traduziram para o inglês. Russel e Ray deram continuidade às pesquisas de Albert e chegaram a uma conclusão contrária às de Elizabeth e Raymond. Eles propuseram o termo despersonalização como uma defesa do ego para se proteger contra uma insuportável perspectiva de morte iminente. As pesquisas de Albert, seguidas por Russel e Ray, inspiraram outros profissionais interessados na EQM. O psicoanalista checo, Stanislav Grof, tornou-se uma das maiores autoridades nos efeitos do LSD na consciência humana, e a antropologista americana, Joan Halifax, uma estudiosa das experiências visionárias, foi coautora do livro O Encontro Humano Com A Morte, que compara a prototípica EQM com a experiência induzida por drogas psicodélicas, causadoras de psicoses, mormente o LSD. Sobre as experiências com drogas alucinógenas, é de grande importância a contribuição do americano, Doutor. Ronald K. Siegel, cujas pesquisas foram publicadas, em 1992, no bom livro Cérebro Em Chamas. Ronald convidava voluntários a virem ao seu laboratório para experimentos. As cobaias deitavam em colchões e tomavam LSD, enquanto Ronald anotava todas as alucinações descritas pelas cobaias. Ele mesmo, o Ronald, tomou LSD para constatar os relatos de seus convidados.

 

Concluímos, portanto, que a EQM ocorre não somente por acidentes com perda de consciência, mas ela pode ser induzida por drogas com alteração no estado consciencial. Músicos famosos, usuários de drogas, já confessaram em público que compuseram muitas músicas inspirados pelos efeitos de alucinógenos.. Os Beatles foram os mais criativos com estas experimentações. John Lennon e George Harisson eram os mais viciados em LSD. Eles diziam que empreediam uma viagem ao mundo da fantasia, com todos os 5 sentidos super aguçados, viam coisas que nunca tinham visto e tinham aquela perfeita e amplamente conhecida sensação de bem estar.. 

 

No entanto, não é qualquer droga que proporciona efeitos agradáveis. Pete Townshend, e mentor do The Who, a lendária banda de rock britânica, teve um experiência horrível com drogas. Ele diz que costumava tomar LSD, uma droga que produz um tranco, um mal estar durante meia hora, mas depois a mente começa a planar e entra numa viagem agradável. Em 1967, quando a banda voltava do Festival de Monterey, nos Estados Unidos, lhe deram uma droga mais potente: a STP, manipulada pelo químico americano conhecido apenas como Owsley..Pete tomou essa droga no avião retornando para a Inglaterra. O efeito foi horrível. O tal do tranco durou umas 4 horas. O mal estar era pior que tortura medieval. Pete passou tão mal que acabou saindo do corpo, e se viu flutuando junto ao teto do avião durante uma hora e meia, vendo a si mesmo no assento. Durante esses 90 minutos ele entrava e saia do corpo. E cada vez que ele voltava ao corpo sentia o mesmo mal estar. Enquanto estava fora do corpo, ele se sentia vivo, mas inconsciente do mundo ao redor. Quando o tranco, finalmente, parou, ao invés de planar numa viagem maravilhosa e ver imagens e cores vivas e exuberantes, ele passou uma semana inteira tentando se lembrar quem ele era e o que fazia na vida. Isso nos mostra que certas drogas não proporcionam aquela sensação de bem estar indescritível da EQM.

 

Os espiritualistas pensam que numa EQM o que se separa do corpo é o espírito da pessoa e que ela visita outras dimensões espirituais e conversa com espíritos de pessoas que já morreram, e como já disse anteriormente, isso é uma ilusão. Os espiritualistas não sabem explicar porque é tão comum e recorrente com várias pessoas em todo o mundo a EQM seguida daquela visão de um enorme parque, ou jardim, ou floresta, completamente desabitado. Embora haja variantes na EQM, as predominantes são aquelas duas que já expliquei: a pessoa que mergulha numa escuridão, percorre um longo caminho, até se encontrar e conversar com amigos e familiares que já faleceram; e aquela em que a pessoa sente que atrás dela há uma paisagem magnífica, semelhante a um parque, jardim ou floresta desabrida, com uma esplendorosa vegetação de outro mundo. A primeira variante á fácil de explicar: o paciente da EQM manifesta seu inconsciente individual que contém todas suas crenças, religiosidade e influências de terceiros, por isso ele logo pensa em vida após a morte. A segunda é bem mais complexa, porque o paciente entre em contato com o inconsciente coletivo e por isso jamais volta falando em vida após a morte. Esta segunda, o jardim ou parque ou floresta completamente desabitado, é um arquétipo sobre o qual vou falar nos próximos vídeos.

 

Por ignorarem a ciência, os espiritualistas e místicos não sabem que durante uma síncope ou estado de coma, o sistema simpático do cérebro não está paralisado e é considerado como um portador de funções psíquicas o que prova a existência de pensamentos e percepções transcerebrais. O mesmo pode se dizer do estado normal de inconsciência durante o sono que contém sonhos potencialmente conscientes e que os sonhos são produzidos, não tanto pela atividade do córtex cerebral adormecido, quanto pelo sistema simpático do cérebro não afetado pelo sono e, por isso, os sonhos são, também, de natureza transcerebral como a EQM. Pouca gente sabe que o ser humano é capaz de projetar a consciência para fora do cérebro em qualquer estado: vigil, onírico e numa EQM. Pouca gente sabe que a paranormalidade, chamada pela ciência de percepção extrassensorial é semelhante ao Q.I. Uns tem menos, outros tem mais. Uns direcionam sua inteligência para uma determinada área, outros para outra área completamente diferente. Pouca gente sabe que a CIA dos EUA e KGB da Ex União Soviética, usavam, na guerra fria, e continuam usando até hoje, paranormais com o dom da visão remota, a capacidade de projetar a consciência para fora do cérebro a milhares de quilômetros de distância para fins de espionagem. Pouca gente sabe que a polícia civil americana usa paranormais com visão remota para localizar pessoas desaparecidas e o índice de acerto é de 100%; A minha percepção extrassensorial está nos sonhos que já levaram minha consciência para o passado e o futuro, para lugares onde nunca estive e que, muitos anos depois, constatei que existem, e para lugares com pessoas em situações litigiosas ou polêmicas que eu desconhecia completamente e que constatei serem verdadeiras ao conversar com as pessoas envolvidas em tais situações. Eu tive uma EQM, mas de menos de 1 minuto, por isso digo que estive próximo dela. Não vou aqui descrever minha experiência na sua totalidade. Vou apenas destacar 4 detalhes: 1) Mergulhei em completa escuridão, por isso não posso fazer nenhuma análise do campo visual de minha EQM; 2) Eu estava confortavelmente deitado e sentindo aquele tão propalado bem estar indescritível; 3) Duas mulheres, invisíveis na escuridão, conversavam sem parar. Uma do meu lado direito e outra do meu lado esquerdo. A do lado direito é a que mais falava sobre um assunto que nada tinha a ver comigo. Eu não as via, mas as vozes delas eram bem mais nítidas do que as vozes de pessoas que ouvimos em sonhos 4) Quando recobrei a consciência, eu estava um pouco decepcionado e o primeiro pensamento que me veio à mente foi: Por que me tiraram daquele lugar tão bom?