domingo, 8 de setembro de 2024

OH! COMO?

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)



Hoje a vi com maquiagem em excesso, Cabelos pintados de verde e presos por muitas varetas multicoloridas, E ainda desbotadas, Cobertos  com um boné impossível, Tudo denunciando um gosto brega que não lhe combina,

Oh! Boné impossível? Como?

Não sei explicar, Nunca cobriu a cabeça nem com lenço, E a expressão de seu rosto não era propriamente de alegria ou exaltação, Mas de alienação mental, Ela fincou os olhos na ponta do nariz, Atarantando todos os sentimentos externos,

Oh! Olhos fincados na ponta do nariz? Como?

Não sei explicar, Tentei chamar sua atenção, Mas não ligou para mim, Estava é ocupada dando uma bola, baforando colunas salomônicas de fumaça,

Oh! Dando uma bola? Como?

Não sei explicar, Sempre foi extrovertida, Barulhenta, Gostou de cantar, De conversar pelos cafés, De passear entre o lobo e o cão nas ruas desertas, Mas agora está exagerando e se perdendo,

Oh! Entre o lobo e o cão? Como?

Não sei explicar,Ela sempre acordou cedo em dia de fazer, Nunca deixou de cumprir o dever, Já agora, Não sei mais, Está saindo da cama só depois das onze, 

Oh! Dia de fazer? Como?

Não sei explicar, Ela não diferencia mais a segunda do domingo, Leva a vida na base de semanas furadas todos os meses, Cansei de lhe pedir para largar os vícios e voltar à vida, Mas não adianta,

Oh! Semanas furadas? Como?

Não sei explicar, A verdade é que não a quero mais, E não vim aqui só para te contar, Vim também para tentar fazer um pé de alferes a você, Porque sempre gostei mais de você do que dela,

Oh! Pé de alferes? Como?

Não sei explicar, Quero dizer, Colorir nossa amizade, Sem compromisso, Por uns tempos, Juntar meu momento temporal com seu momento iluminado, Como num casamento de raposa, Que tal?

Oh! Casamento de raposa? Como?

Ei, Não tenha medo, Não sou do tipo de raposa querendo tomar conta de seu galinheiro, Não quero bagunçar sua vida como minha ex bagunçou a dela própria, Quero apenas experimentar, E se for importante para você, Podemos pensar em algo mais estável, Quem sabe um romance passageiro possa acabar indo das baixadas aos firmes, Depois dos firmes aos platôs, E, finalmente, dos platôs aos cimos serranos,

Oh! Aos firmes? Como?

Casando com você, E se você não quiser casar, Podemos simplesmente sair por aí sem destino, Casando somente a frieza de suas mesmas perguntas com seu frio de serra no mês dos frios que haverá pelo caminho,

Oh! Mês dos frios? Como?

Não sei explicar, Mas garanto-lhe que não são carnes em conservas ou defumadas, Vamos nessa, Minha inglesa fleumática? Ou seria minha  alemã sisuda e pensadora? Ou minha holandesa empreendedora e paciente? Ou será que vou me surpreender com uma espanhola ousada, Exaltada nas paixões, Ambiciosa  e aventureira?

Oh! Como? Que dom tenho eu de viver-te por tantas feições estrangeiradas e falar-te por tantas expressões desusadas?



2 comentários:

  1. Alceu,
    este texto me remete à um "eu" que todos temos, mas que insistentemente escondemos dentro de uma carapaça
    social que vai sufocando nossa naturalidade todinha. E que um belo dia descobre-se cheio de imaginação, e isso
    surpreende, porque só faz bem.
    Como ruir todo um império, construído á duras penas, de ideias tão sólidas e consistentes?
    O problema é desvencilhar-se de velhos hábitos, não é verdade?
    Bom texto. :)

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