terça-feira, 30 de julho de 2024

A TERRA É FEMININA


 Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Minha imperatriz romana, Aurora de meus pensamentos de que meus romances escondidos pouco interesse despertam em seus olhos de boa mente, Onde raios de luzes boreais andam eminentes, Ninguém jamais verá seu sentimento inquieto e secreto, Nenhum coração te apunhalará no mundo, Deixa-me segurar suas mãos de anéis, Em braços de ferro, Te levar para regiões devolutas, Para onde a coragem é sarmatiana, Intrépida como os antigos saxônicos diante da morte, Ardente como nosso amor diante da chama que não se vê, Vamos fazer a Bretanha francesa atravessar o mar até a grande ilha, Onde vive Morgana com sua senhora do lago, E lá fazer nossa pátria suspirada de suas mais doces esperanças, As únicas impaciências de sua alma, De poucos fogos, De muitos amigos em espírito, Gente nossa, Sem fossos, Barbacãs, Sem a muralha de Adriano, Onde Elisabete jamais venderá nenhuma de suas convicções, Qualquer nação de bicho fêmea, Incluída esta deusa Europa, Que tem nomes femininos dos romanos, A Bretanha Inglesa, a Normandia, A Gália, A Ibéria, A Germania, A Itália,  A Grécia, E a Gaia que é a Mãe-Terra.


VIAGEM NO TEMPO





Texto de autoria de AstMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa protegido pela Lei 9610/98.


REAL TIME TRAVEL: DEPARTING IN 2021 AND ARRIVING AT OXMANTOWN ROAD IN DUBLIN, IRELAND, IN 1903. VIAGEM NO TEMPO: EU PARTI EM 2021 E CHEGUEI NA RUA OXMANTOWN EM DUBLIN, IRLANDA, EM 1903.

BELOW YOU CAN READ AND LISTEN TO THE ORMONTOWNE'S ABSTRACT AND SONGS. LOGO ABAIXO VOCÊ PODE LER UM 'ABSTRACT' E AS MÚSICAS QUE ESCOLHI PARA ESTA VIAGEM.

THE ABSTRACT NAMED 'CLOSE ENCOUNTER WITH A SHADOW OF THE PAST' IS A REFERENCE TO THIS REAL TIME TRAVEL, TO THE PAST, WHEN THIS ROAD HAD ONLY SMALL FACTORIES AND WAS COMPLETELY DESOLATE. I MANAGED TO GET THE PICTURE OF THIS ROAD  WHEN I WAS THERE IN 1903 (SEE PICTURE ABOVE). O ABSTRACT, CHAMADO DE CONTATO IMEDIATO COM UMA SOMBRA DO PASSADO, É UMA REFERÊNCIA A ESTA VIAGEM NO TEMPO, PARA O PASSADO, QUANDO ESTA RUA TINHA APENAS PEQUENAS FÁBRICAS E ERA COMPLETAMENTE DESOLADA. QUANDO EU ESTIVE LÁ, EM 1903, EU DEI UM JEITO DE CONSEGUIR UMA FOTO DA RUA (VEJA A FOTO ACIMA). A FOTO FOI TIRADA DE COSTAS PARA A RUA KILDARE, AO FINAL DA OXMANTOWN ROAD.

THIS ROAD WAS FOUNDED BY THE VIKINGS IN THE 12TH CENTURY.  AT THAT TIME THEY WERE CALLED 'OSTMEN'. NOWADAYS THE NAME OF THE ROAD IS OXMANTOWN. THE VIDEO SHOWS THE DUBLIN BUS ROUTE 172 DRIVING ALONG THE MODERN OXMANTOWN ROAD TOWARDS KILDARE STREET. ESTA RUA FOI FUNDADA PELOS VIKINGS NO SÉCULO 12 E ERAM CHAMADOS DE OSTMEN. HOJE EM DIA O NOME DA RUA MUDOU PARA OXMANTOWN ROAD. O VÍDEO ABAIXO MOSTRA UM ONIBUS DE DUBLIN, DA LINHA 172, TRANSITANDO PELA MODERNA OXMANTOWN ROAD ATÉ A RUA KILDARE

THE VIDEO SHOWS THE DUBLIN BUS ROUTE 172 DRIVING ALONG THE MODERN OXMANTOWN ROAD TOWARDS KILDARE STREET.

A FOTO FOI TIRADA DE COSTAS PARA A RUA KILDARE, AO FINAL DA OXMANTOWN ROAD

ABSTRACT = RESUMO ACADÊMICO DE UMA TESE, MAS NESTE CASO, O ABSTRACT TEM UMA CONOTAÇÃO POÉTICA E VERDADEIRA - REALMENTE ACONTECEU

(NÃO POSSO, AINDA, AMPLIAR ESTE ABSTRACT QUE ESCREVI SOBRE ESTA VIAGEM NO TEMPO E QUE, UM DIA,  PODERÁ SERÁ TRANSFORMADA EM LIVRO - TRATA-SE DE UM DRAMA NÃO RESOLVIDO NO PASSADO, COM REPERCUSÃO NO PRESENTE, E EU PRECISO, SE UM DIA CONSEGUIR ENQUANTO ESTIVER VIVO, LÁ VOLTAR PARA DEIXAR TUDO NO LUGAR AS COISAS QUE ACHO QUE ANDEI DESARRUMANDO POR LÁ E QUE REMONTAM A UM PASSADO MAIS DISTANTE QUE 1903)


THERE WE GO

I'M ON A TRAIN TO DUBLIN. I'LL BE THERE IN A COUPLE OF HOURS. WHEN I GET THERE WE'LL CELEBRATE OUR NUMINOUSNESS ON YOUR ORMONTOWNE ROAD. DON'T STOP PLAYING. PLAY ON AND ON LEST OUR IMAGINATION DAYS ARE GONE. WE'LL NEVER SEE OUR HISTORIES COME TO AN END. EVEN OUR PROLOGUES WILL SEEM BOUNDLESS. WHAT HAPPENED IN 1903 DOES NOT SURPRISE ME, AS YOU KNOW WE TRAVELLED TO THE PAST MORE THAN A FEW TIMES, AND ONLY ONCE TO THE FUTURE, BUT THAT'S ANOTHER STORY. WHAT AMAZES ME IS MEETING WITH YOU AGAIN IN THE BEGINNING OF THE 20TH CENTURY, AND NOT IN OUR PRESENT DAYS, THE FIRST 22 YEARS OF THE 21ST CENTURY. THAT'S SOMETHING I CAN'T UNDERSTAND, EVEN THOUGH YOU LIKE THINGS THAT CAN'T BE EXPLAINED. YOU KNOW WHAT? WHOEVER IS READING THIS WILL THINK THAT I AM NUTS. BUT YOU'RE MY BOLTS! GOOD PUNNING, AIN'T IT? OK, JUST FAIR TO MIDDLING. RIGHT NOW SOMETHING CROSSED MY MIND. WHO'S THE SCREW DRIVER THAT FASTEN US TOGETHER? COINCIDENCE? CHANCE? WHAT ABOUT SYNCRONICITY? YEAH, THAT WOULD BE AS WASTING TIME AS TRYING TO FIND THE MEANING OF LIFE. FORGET IT! YOU'D BETTER KEEP ON PLAYING. MUSIC IS THE ONLY THING THAT MAKES LIFE WORTH LIVING. YOU KNOW, PEOPLE SAY MUSIC CAN CHEER YOU UP AND EASE YOUR MIND AND SOUL.. BUT IT TURNS OUT THAT SOME OF THEM INVENTED IN MY DREAMS TOSS AND TURN ME IN THE STILL OF THE NIGHT, GET ME OUT OF MY BRAIN ON THE 5:15, OUT OF MY BRAIN ON THIS TRAIN TO DUBLIN. YOU MIGHT AS WELL UNRAVEL THE MYSTERIES OF THOSE CREATIVE AND AMAZING JOURNEY DRIVERS. AFTER ALL, I'VE NEVER MISSED A TRAIN YOU'RE ON, HAVE NEVER BROKEN ITS RHYTHM, NEVER TOOK IT IN VAIN.



segunda-feira, 29 de julho de 2024

MULHER DE CORAÇÃO

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chines com direito autoral protegido pela Lei 9610/98a




Fertilidade da terra, Amarela, Minha eternidade, Sua pele não escurece os mais puros alabastros de Esparta, Nem substitui o negro, Para anunciar meu declínio, Minha velhice, E minha aproximação da morte, Porquanto branca é sua afinidade, Tua é a cor da fruta pêssego, Seiva iluminadora de meu corpo, Macio veludo que o recobre,  Lançado à luz pela minha verdadeira mãe ocidental, Me imortaliza a cada 3 mil anos, Me dá o oráculo, Sua madeira pessegueiro me dá o pincel de adivinhação, Ao movimento do forcado laqueado de vermelho, Princípio da vida, Diurna e noturna, Quando seus pecados são como o escarlate, Como neve eles embranquecem, Tal qual a matiz áurea tirante ao alvo, Quando eles purpuram a uva, Como lã se convertem, Abuse de minha própria inteligência, Do meu conhecimento do bem e do mal, Prove de minha maçã proibida, Ou reflita melhor enquanto ela ainda é verde, Que embala as ramas nas matas, Enquanto há esperança, Enquanto sou fértil, Pevides de melão, Sementes de melancia, A te fecundar, E você a me alimentar, Pois a vida parte de mim, E desabrocha em você, Entre seus braços, Aos desígnios da providência, À epifania de luzes, Sem rosto e sem forma, Com aspecto de uma pedra de jaspe e coralina, Com um trono envolvido por um arco-íris, E reflexos de esmeralda, Minha longevidade, Não priva a luz, Divide-se entre a servidão a três flores-de-lis douradas e à abóboda lápis-lazúli, Minha imaterialidade, Par le sang de Dieu, Sang bleu, Une peur bleue, Je n´y vois que du bleu, Minha marginalidade, Não anoitece, Desapega-se dos valores deste mundo, Vai de encontro ao Branco virginal, Ao sabor agridoce do mirtilo, De muitos sêmenes, E no lusco-fusco da madrugada, Você é a jabuticaba, Preta e bela, Filha de  Jerusalém, Canta a noite, Mãe dos deuses e dos homens, Origem de todas coisas criadas, A vênus, Quando você enluta teus doces dias, Ressoa internamente a escuridão, No lugar do alvo, Torna-se um nada sem possibilidades, Como um nada morto depois da morte do sol, Como um silêncio eterno, Sem futuro, Sem esperança, Quando você desenluta, Produz sobre minha alma o mesmo efeito de um dorido silêncio que vem da lua, Absoluto, Vivo, Transborda as possibilidades vivas, Um nada, Pleno de alegria juvenil, Anterior a todo nascimento, A todo começo, Branco e frio, Como ressoava nos tempos da era glaciária, A filha de Deus, Que me toma consigo, Me leva, Sozinho, Para um lugar retirado, Num alto monte, E ali transfigura a noção de amor, Diante de todos os frutos e cores, Despojando-se da veste profana, Tornando-a resplandecente, Extremamente branca, De uma alvura tal como nenhum lavandeiro na terra pode alvejar, Como nenhum homem mulher de coração pode sonhar.


domingo, 28 de julho de 2024

TRÊS TERÇOS POR UM QUARTO QUARTEIRÃO

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa, com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Meu melhor amigo da música teve a vida tirada à força, Antes de completar menos de dois terços da minha, Não me pergunte como cheguei até aqui, Se o universo se esqueceu de mim, Porque ainda ocupo o espaço de outro, Meu melhor amigo das letras teve a vida levada pela natureza, Antes de completar menos de dois terços da minha, Não me pergunte porque ela preferiu a mim, Se o universo teve influência em sua decisão, Se os dois agem apenas por instinto animal, Posso ser um enfermo durante a noite que não pode ser abandonado, Que é preciso ter alguém para me medicar a tempo e a horas, Posso ser um vaso ruim durante o dia que não pode ser quebrado, Esperando que as ausências de amigos se prolonguem, Até que nossa solidão a dois nos separe completamente, O melhor amigo que nunca conheci teve a vida tirada por acidente, Ao completar pouco mais de um terço da minha, Pergunto-me se há sorte que me protege, Se há mero acaso que faz algum sentido, Se há privilégio algum concedido pela morte, O melhor amigo que nunca conheci teve a vida tirada pelo destino, Ao completar pouco mais de um terço da minha, Pergunto-me o que a vida quer de mim, Já que o universo nunca lhe deu qualquer significado, E seus filhos só cuidam de meus pecados, Não devo passar de uma desordem na evolução do universo e que desconhece o que é ser perdoado, Que se parece com amor, E pode tanto comigo, Que donde entre por meu melhor e desconhecido amigo, Se levanta por senhor, Não devo ser um milagre de cera, De couro, E de prata, Que gente que me desconhece, Traz para colocar nos devidos lugares de uma sacristia, Que se parece com felicidade, E pode tanto com minha mão, Que donde entre pela vigésima quinta idade, Se levanta de três terços por um quarto quarteirão.

O SONHO MAIS DOCE

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa, com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Este texto escrito por mim e pelo meu amigo AustMathr contém, segundo ele, informações fornecidas, durante um sonho com o inconsciente coletivo. Não são informações pessoais, e são obtidas através da projeção da consciência para fora do crânio durante o sono, e pertencem ao patrimônio coletivo da humanidade. Estas informações aleatórias e, aparentemente sem sentido, ocorrem quando a ‘anima’, o lado feminino do homem, estabelece uma ponte até o centro regulador da psique humana, que nós chamamos de deus. É muito difícil entender o que o inconsciente coletivo pretende dizer porque ele se comunica somente através de linguagem metafórica, porém a mensagem tem um propósito. AustMathr sabe de algumas coisas sobre as quais o inconsciente coletivo está dizendo, e, aos poucos, tem desvendado outras. Ele teve este sonho com o inconsciente coletivo há 30 anos. AustMathr está no vídeo DREAM A LITLLE DREAM OF ME, cantada em francês pela banda britânica THE BEAUTIFUL SOUTH. Mas AustMathr nunca gostou de aparecer. Ele está no meio dos carros dirigindo na Avenida Champs Élysées em direção ao Arco do Triunfo, está no barco passeando pelo Rio Sena, debaixo da Torre Eiffel, próximo ao teatro LE LIDO e caminhando, anonimamente, pelas ruas de Paris. Sou eu quem o filmou o tempo todo, sem ele perceber, mas vocês não o verão em nenhum momento.
Inglesa Luso-Chinesa,  8 de Maio de 2024

O sonho que tenho com você é o mais doce de Dóris. É o despir de meu espírito como se tira uma blusa, para entrar na sua casa da vida, andar pela bagunça que se espalha pelo seu chão e ouvir agora o que você iria dizer ao mundo só no futuro. Seu café está frio e seu jornal é de ontem, mas seu sorriso candente, embora me remonte a um passado recente, me prende somente à imponderabilidade deste momento. Seu lençol está encardido e a poeira se acumula. Sua roupa está rasgada e seus sapatos gastos. Com toda esta bagunça, você não deve ficar surpreso com tudo que desprezava nos outros. Você perdeu a mulher que todo homem deseja e precisa, mas ela voltará e colocará seu casaco furado no piso para você se deitar. No sono que você pegar, a melancolia que impermeia seu coração irá espairecer. Aquela mulher volta em mim de pés descalços, diz coisas e loisas e coloca nomes em todos os rostos que ela encontra em sua mente. Já estivemos aqui não sei quantas vezes e sempre recomeçamos como se fosse a primeira vez. Brrr, mas que frio faz aqui! A caminho de seu futuro, não hesite em partir de onde é menos recomendável, de seu pilhérico teclado, dos diabos, mas não se preocupe, sua sobrinha vem ao seu auxílio tocando um violino ligeiro, irrequieto e escriturado por um político nessa tessitura mais aguda. No ciclo corrompido em que você tem vivido, esta e outras mulheres farão a água suja de sua morada não tardar a esvair-se. Aquele piano que você não usa há muito tempo despertará para martelar a madeira revestida de feltro e brandir o recinto. As coisas não serão mais as mesmas, mas sua popularidade permanecerá inalterada. Aprenderá a cozinhar, conservará sua sagacidade, falará com a língua do corpo. Iniciar-se-á na prestidigitação sem ajuda de instrumentos. Aprenderá a pescar. A gravar. A inverter os acordes para um jazzista. Seu próximo sonho já acordou dentro de mim ainda mais doce. Despertou em mim aquela mulher dando voltas ao mundo em sua maleta, enrolada num pano branco, entrando em transe e dançando para você, como uma mulher Maria, com uma maneira apaixonada e poética, como de sentir e de viver. Seu último sonho já acordou dentro de mim, abriu-me os olhos e os ouvidos com a sublime sinfonia dos meninos que vêm do centro mundial das testemunhas do altíssimo e a eles se juntaram suas sete oitavas, suas quatro cordas afinadas em quintas juntas e a sagrada voz da negra que você levou de um cabaré para o estrelato. O espaço deixado por sua tristeza indefinida será preenchido pela grande fuga de Beethoven e de futebol! Pelo interlúdio vicioso e arenisco como um tapa de gato! Por prelúdio! Por blues à deriva! Por uma Ippanese barroca, rendendo preces a este nosso jogo de encontros que me permitem o direito de te escrever, mas não de te fazer perguntas. Pergunte a si mesmo o que sou para você. Pergunte ao balseiro. Grite para ele se ele não te ouve. Traga a água suja de volta para sua casa se quiser, mais brinquedos jamaicanos, um cantor country, um tema aleatório. Eu gosto dessas coisas. Traga um revolucionário, um arpejo, mais temas estocásticos. Leve-me ao melhor restaurante de Paris para jantar, deixa-me saudosa de palavras solitárias, inicia-me, faça de mim uma amante demente, engrandeça-me como um elefante, escreva-me um poema perturbado, ligue-me à lua, contorça-me, troque-me por Dóris, Dóris por Teresa, e Teresa por Atena. Você e nosso instrumento da alma e da mente nos adentra. Tudo está nesta doce lembrança de um sonho logo ao amanhecer.



SOU MÚSICA


Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Sou o dom das musas, levo a todos seus sentidos, particularmente para seus ouvidos, minha matéria-prima em agradável combinação. No curso de minha propagação pelo espaço os sons vibrarão com sua efervescência. Tiro sua alma para cair nos braços da linguagem mais eloquente, e no curso de sua eternidade pelo universo as esferas lhe acompanharão na minha cadência. Sou seu antidepressivo, tiro-lhe da fossa e lhe devolvo à vida que levava antes. Sou sua heroína, elevo seu astral até onde Lúcia flutua com seus diamantes. Acompanho-te desde criança e agora você faz sexo com a dança. E eu te marco com sua melhor lembrança. Sem mim a vida seria um erro, sem você um mundo irracional. Quando te julgam insano os que te veem dançando é porque não me ouvem. Quando você me canta com alegria e por amor está sempre acima do bem e do mal. Sou sua exorcista. Liberto seus demônios interiores. Sou sua extroversão. Liberto seus recalques e seus temores. Sou a soltura de sua franga, Mesmo que você seja heterossexual, por alguns minutos faço você esquecer seu gênero, como os incontáveis que me tornam universal. Sou sua manifestação corporal, Seu relaxamento mental, sua descarga emocional, sua integração social, seu êxtase total. Sou o alimento de seu espírito, todas as embriaguezes, assim as mundas como as imundas conduzem ao nirvana, todos seus rótulos em esprit de corps. Sou a mais divina expressão da arte humana.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

CONTES DU TEMPS PASSÉ



Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 


Este é o lugar certo para mim, Cheio de energia, Com flor do jasmim, E arrebatada sua voz aqui é uma covardia,

Eu sou o homem certo para você explorar, Cheio de vida, Com flores para cheirar, E buscar em mim aqui é encontrar-se perdida,

Este é o tempo certo para mim, Cheio de criatividade, Com cochonilha-do-carmim, E passada a vida aqui é antever a eternidade,

Você é o tóxico oportuno para curtir, Cheia de segurança, Com flores para compartir, E traída sua perda aqui é ganhar sua confiança,

Este é o sonho certo para mim, Cheio de realização, Com todo o jardim, E fantasiada sua imagem aqui é realizar minha imaginação,

Eu sou o amigo certo para você legitimar, Cheio de ponderação, Com floreiras para cuidar, E destituídos de nomes tudo aqui é nenhuma possessão,

Este é o limite certo para mim, Cheio de garantia, Com flor de delfim, E sentida a saudade aqui é esquecer a alegria,

Você é a cura certa para minha alma, Cheia de vigor, Com a flor da palma, E desiludido seu cantar aqui é inarticular seu amor





ESPORA ORIONIS: ALGO VAI ACONTECER

Texto de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.  LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Esse portento de formosura já aconteceu, Daqui a milhares de anos do nosso tempo, Precisaremos de almas bastante amigas, Para sairmos robustecidos na fé e na crença deste milagre, Tomaram emprestado de nossa mãe terra, Penhoraram nosso amor, O nosso futuro gostaria de nos resgatar antes do sistema solar vos espalhar galáxia afora, Gostaria de nos elevar, Brilhando telas, E exalando âmbares, Por amazonas cupidinosas, Como Anti-ares, Apontando com seus arcos certeiros, Nossos lindos seios cortados, Que são de nosso torrão, Sempre estiveram em todas nossas bandeiras, Que Continuamos hasteando e tremulando em nossos sonhos, Nossos pares atravessaram as estrelas, Com essas Flautas encantadas que afugentam todo perigo, Atraíram-nos para as fantasias que pensávamos existir só no país das maravilhas, Com nosso avanço pelo cosmos, Entrevemos, De longe, Nosso sol, Como um pastor sentado à borda de um tênue regato de gases e poeira, Como num braço de ribeiras de várzeas, Aparecem-nos arabescos caprichosos e românticos, E poéticos devaneios, Eis ali os dois irmãos inseparáveis e incestuosos, Os filhos de Leda, A cabeça da primeira gêmea, E os pés da segunda, Ambos guardados com alegria plena pelas mãos da guerreira do centro, E nas extremidades vemos a  princesa tecelã, E o pastor de gado, Que se veem só uma vez por ano, E quando chega o dia, Lançam-se de encontro um ao outro como num voo de águia, Parecendo vegetais felizes, Mergulhando as sôfregas raízes, A procurar no solo ávidas seivas em seus lábios, Eles, Assim como nós, Ao contrário do romancista que entra na literatura com o pé direito, Têm os pés esquerdos de algo central, De algo maior, E se apartam pé ante pé, Sem solércia e negaça, Até que o brilho de seus olhos se reduzem ao som de um pulsar, E simplesmente sentem sem o coração, Só com a imaginação, Que já fora de leão, E agora é um pequeno rei mitológico, Do tempo da virgem Erígona, Seu pai Icário, E seu cão Maera, Aqueles que se seguem, Ao clarão de belas supernovas, Faróis para todos navegantes do universo, Como o piloto do navio de Menelau em sua expedição para reaver Helena de Troia depois dela ter sido levada por Páris, Como eu que tenho vocês, meninas e amadas ao pé de si, Que faz vossa humanidade feliz e completa, Traga-me de volta, Correndo e carregando comigo uma braçada de espaço sideral retardatário, Colhido pelo caminho que trilhamos, E levado pela boa vontade de vossa soberania, Crescei e multiplicai-vos em bilhões idênticas a vocês, minhas belas irmãs, Esse portento de formosura já aconteceu, Daqui a milhares de anos do nosso tempo.

terça-feira, 23 de julho de 2024

ENCONTRO DE AMOR DEPOIS DA ANAFILAXIA

Texto  de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98

Impessoais, Imortais, Depois da anafilaxia, Sem tudo que é pouco, Onde nada é impossível, Totalidades de extrassensorialidades, Lacunosidades de mortes, Inexistências de intempéries, Depois dos contratempos, Depois das vidas, Nenhuma água turbulenta, Nenhuma luz cegante, Poucas plebes, Vigílias leves, Realidades obscuras, Levitações, Evoluções, Voos em todas as direções, Vigílias pesadas, Adejos cadentes, Quedas livres até os limiares, Ainda vivem, Quer queiram, Quer não Queiram, Voejos pairados, Tem voos planados, Fins das diretrizes, Sem corpos, Tem nirvanas, Desaglomeração de gentes, Amores amando, Vacuidades de vivalmas, Depois da anafilaxia, Ilimitam os conscientes, Tem pousos, Maciezas, Projeções astrais incessantes, Nem entes, Nem pressas, Psiques clarividentes, Sem entidades oníricas, Sem entidades vigeis, Sem noites, Nem dias, Os todos primorosos, Só com flores e suas perfumarias, Depois da anafilaxia, Serenidades nos apocalipses, Onde nada é impossível, Tem anima, Animus,  Voos flutuantes, Caras metades se inteirando, Com Macha, Sem Nemain, Sapiências, Relativismos relativizando, Antimatérias, Universos se expandindo, Sem heróis, Com Infinitos, Velocidades acima da luz, Universos se chocando, Almas gêmeas se encontrando, Tem ideias ampliadas, Onde o conhecimento é absoluto, Livres para amar, Amar, Tem indubitabilidades, Interligações, A mulher, O homem, Sem nada que seja pouco, Massa negra esticando, Encontro de amor depois da anafilaxia, Onde o espírito dispensa todo tipo de profilaxia, Sem Evas, Sem Deuses, Sem Adãos, Sem Dionísios, Sem frutos proibidos, Nem infernos, Nem paraísos,  Encontro de amor depois da anafilaxia, Onde o espírito dispensa todo tipo de profilaxia, Impessoais, Imortais, Depois da anafilaxia, Sem tudo que é pouco, Onde nada é impossível, Tem indubitabilidades, Interligações, A mulher, O homem, Espaços sem horizontes, Massa negra que tudo vai levando, Impessoais, Imortais, Posteridades, Anafilaxias, Tudo-nadas, Tudo-tudos, Possibilidades, Totalidades, Extrassensorialidades, Mortes em vidas, Calmarias, Desmastreios, Vidas em mortes, Águas bentas em estrelas refrescantes, Plebes nas realezas, Encontro de amor depois da anafilaxia, Onde o espírito dispensa todo tipo de profilaxia.

domingo, 21 de julho de 2024

AS CEREJAS DO BOLO

Texto  de autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 



MEU TIPO DE MULHER

O que você espera, Penélope Charmosa? Ela finge que não quer, Que não gosta, Querendo, Gostando, Seu Imperador Romano que viria em 700 anos já foi largado nos tempos pretéritos de outros homens, como livros que nunca foram lidos, Ela decide consultar os oráculos. É recebida, Mesmo sendo consulente mulher, Sem pagar taxa, E ainda ganha o direito de pomancia, Sem ter que pagar sobretaxa, O que você espera encontrar, Penélope Charmosa? Um vilão como Tião Gavião sem ter uma quadrilha da morte para te proteger? A pitonisa profetisa: Você é uma guerreira que luta sozinha, Mas quem agora comandará sua boleia não é pessoa conhecida de sua Esparta, Que sim outro vindouro de Ítaca, por nome Odisseu. Penélope oferece um sacrifício aos deuses: suas imagens ao estrategista do cavalo de madeira, Algumas despidas de quaisquer pluviais solenes, Suas curvas deformam o olhar do pretendente escolhido, A beleza de seu semblante diminui Helena de Troia, Seu caráter e conduta nem se fala, Odisseu retribui a oferenda com odes à la Alceu de Mitilene: Aqui vejo minha bela, Sentada num cais de mármore, Serena como águas de rosa, Ambas todas azuis e tranquilas como lagos suíços, Aberta às paixões, Tímida, Mas experiente, Ela se mantém fiel e austera num pélago de vagas aspirações de um amor que espera anos a fio. Odisseu quer ouvir sua voz, A Sibila concede, Suas palavras são breves e meigas, Enfim, a sacerdotisa Pítia dá o oráculo dos deuses que falam através dela: Dez anos estivestes casada, E outros dez esperastes, Há qualquer coisa de melancólico nestes dias juninos, Mas no vigésimo sexto chega o barco que te levará para Ítaca para sempre.




LAVRAS NOVAS


Antes de saber que você existia, Já te esperava, Golpeava o destino, E magicava nas regiões inexploradas que se percorre só em sonhos, Ao te encontrar, Via o mundo se doar, Vieram os pores de sol e os luares de outra natureza que dissimulavam a brevidade da morte, Caminhavam na terra fria e no chão macio que tinham névoa de saudade no olhar, E numa toada próxima de uma oração, Acompanhavam a meia-luz crepuscular e as ruas esvaziadas de pernas que deixavam um aroma de incenso no ar, E à ceia, Flores sempre-vivas fizeram lume, Nos tornaram como o céu, Onde sobre o negrume, De escuridão que pede calma, Ardia o sereno círio das estrelas, Que mantinham-se acesas, E traziam da mata os gnomos, Que abandonavam seus deveres com as árvores e as roseiras que lhes cabiam, Para guardar nossos primeiros sonos, Tal qual a lua prateando nossos caminhos e compartilhando os crepes da noite, Ao silêncio do  fundo dos mares e do ventre materno, Rompido pelos ventos uivantes que faziam uma curva sobre nossas cabeças, Indo e vindo para não perder nossa felicidade até o raiar dos dias, Quando davam lugar às nossas melodias, Regando nossos cafés das manhãs que nos acordavam só com alegrias, Nos seguindo pelas montanhas verdejantes, Juntando-se ao som das águas das cachoeiras que do alto nos viam, Aproximando-nos de uma nova vida que não exigia nenhum penhor, Apenas nos convertia em cúmplices no amor.

 


O AMOR ESTÁ POR TODA PARTE

Dá arrepios do pé à cabeça, Surge quando nada mais se espera que aconteça, 

Sempre esteve escrito no céu, Cantado pelo vento, Doce como o mel, Livre como o pensamento, 

Nunca teve um antes, Nunca terá um depois, Eterniza os amantes, Platoniza uma relação a dois, 

Liberta corações acorrentados, Prende a razão na cela do sentimento, Desmancha prazeres indesejados,Traz de volta paixões esquecidas no tempo, 

Faz uma promessa de fidelidade, E recebe outra de volta, Redescobre a felicidade, E de sua mão jamais solta, 

Dorme com um rosto angelical, Olhar meigo e desconcertante, Acorda com uma voz jovial, Sorriso lindo e contagiante, 

Nunca teve um começo, Nunca terá um fim, Tem coração que bate do lado do avesso, Idade treze vezes maior que a de um querubim, 

Sempre será sentido no ar, Contado em prosa e verso, Profundo como o mar, Imenso como o universo, 

Dá calafrios da cabeça ao pé, Surge quando tudo o que sobrou é menos que a fé.




MONOCROMIA

É assim que quero que você me veja, Sou um pássaro que voa alto, E corta o solo numa rasante, Sem nunca precisar pousar, Sem nunca precisar plainar, E te busco em pleno ar, É assim que um homem como eu te almeja, Subo no pico de um penhasco e dou um salto, E você nunca me verá em queda livre vacilante, Nunca me verá com medo de me afogar, Não será suficiente para mim você me observar, Não será suficiente para mim você me enquadrar, Não será suficiente para mim você me fotografar, Não será suficiente para mim você me revelar, É assim que você quer que eu te veja, Você é um vento que sopra forte, Risca a noite com raios, Troveja e faz o céu estremecer, Ruge como uma tempestade de se enfurecer, E me encontra no vazio do meu querer, É assim a mulher que um homem deseja, Você salta do alto da vida para a morte, Nunca verei você fazer ensaios, Nunca verei você arrefecer, Não será suficiente para você um mundo sem mudança, Não será suficiente para você um mundo só de esperança, Não será suficiente para você um mundo que não avança, Não será suficiente para você um mundo sem andança, É assim que quero viver, É assim que eu quero que você viva por nós, Sou um sol que brilha para iluminar, Sem precisar arder, Sem precisar proteger, É assim o homem que uma mulher quer ter, É assim que o mundo quer nos ver a sós, Subindo até o último degrau até nos desequilibrarmos, Até escorregarmos, Até cairmos e nos despedaçarmos, Não me basta ser apenas um homem sobrevivente, Não me basta ser apenas um homem inteligente, Não me basta ser apenas um homem valente, Não me basta ser apenas um homem suficiente, É assim que quero minha mulher, É assim que quero que você me veja como uma miragem, Sou névoa de ansiedade para ver o dia raiar, Que cai da escuridão até a manhã orvalhar, Até o sol dissipar, É assim que você me quer, É assim que você quer registrar minha imagem, Na monocromia de seu olhar, E assim que você quer me amar, Não será suficiente para você não parar de fazer amor, Não será suficiente para você absorver todo meu calor, Não será suficiente para você me fartar com seu ardor, Não será suficiente para você fazer sexo com muita dor, É assim que você quer ser, É assim que você quer que eu te veja, Sou um cachorro vira lata longe de casa, E você nunca me verá voltar, Nunca me ouvirá ladrar, Nunca me verá mendigar, É assim que você quer me ter, É assim que uma mulher como você me almeja, Me jogo do alto de uma montanha sem ter asa, E você nunca me verá desmaiar, Nunca me verá acabar, Não será suficiente para mim pousar para o teu olhar, Não será suficiente para mim olhar para seu andar, Não será suficiente  para mim andar no seu caminhar, Não será suficiente para mim caminhar no seu lugar.



AMOR DOCE AMOR

Doce madrugada
Viajo cantando com as estrelas
Indo de encontro à minha amada
Levando rosas vermelhas
Doce alvorada
Recebe-me com céu ensolarado
Levando-me aos degraus da escada
Por onde descerá um anjo encantado
Doce meio-dia
Emociono-me com sorriso tão sincero
Enchendo meu coração de alegria
Dando-me mais meiguice que espero
Doce entardecer
Dirijo segurando a mão dela
Com um olhar lindo de morrer
Não sei qual feição é a mais bela
Doce noitada
Durmo com ela banhado pela lua
Com você já estou casada
E eternamente serei sua
Doce amanhecer
Acordo cantando com os passarinhos
Recostada no peito de meu benquerer
Extasiada de tantos carinhos
Doce dia
Em lua de mel com o amor de minha vida
Sempre sonhei que esse tempo chegaria
Para reconciliar minha alma sempre dividida
Doce tempo
Só agora Deus marcou nosso encontro
Sem jamais inquietar meu alento
Porque nascemos um para o outro
Doce amor
Louvado seja quem escolheu você para mim
A espera compensou e foi indolor
Agora estamos juntos até o fim




SÓ VOCÊ


Só você  foi capaz de me levar ao desespero para excomungar todo meu destempero, Cair de joelhos e me esfolar, Deixar o sangue para cada lágrima estancar, 

Agora faça de mim o que quiser, O que puder, Nem tudo o que eu desejar, Nem tudo o que você pode dar, 

Ontem fui o filho pródigo que saiu para esbanjar e voltou sem nada para ofertar, Desnudou-se e tremeu de frio, Rangeu todos os dentes para cada acesso febril, 

Outrora me mimaram e me melindraram,  Elevaram-me num pedestal para me endeusar, Deixaram o apogeu para cada prosélito aclamar,  

Agora tirem de mim o que quiserem, O que puderem, Quase nada do que sobrou, Quase nada do que sou, 

Hoje sou a ave queimada em ruínas sempre renascendo das próprias cinzas, Ainda de asas pesadas para poder voar, Escorrendo lágrimas para cada gota de sangue expurgar, 

Só você  foi capaz de não arredar o pé até renovar minha fé, Cair de joelhos para me fazer companhia, Compartilhar minha dor para desatar minha sangria, 


Agora deixe-me com o que mereço, Com o que careço, Com quase todo seu penhor, Com quase todo seu amor.  


CARTA DE AMOR

Sempre te amarei à feição do universo, Silente nas palavras e fulgurante no olhar, Inspiração para te escrever um verso, Incitação para te beijar, Sempre te amarei ao brilho de uma estrela, Com o calor intenso de uma gigante anil, Com o esplendor de uma supernova vermelha, Filetes luminescentes que escorrem de seu toque feminil, Sempre te amarei à luz do sol, Na toada de uma prece na meia-luz crepuscular, Na carícia da aurora ainda tenra sob o lençol, Na vontade de nunca mais te largar, Sempre te amarei à flor da terra, Iluminada pela lua que nos enamora, Acumpliciada com a paixão que nos encerra, Com um abraço que te aperta e um beijo que se demora.


SORTE 

Ô vida de uma figa, Será que preciso por um raminho de arruda por detrás da orelha? Para acabar com este fastio que me fatiga? Carregar esta mão fechada na minha pulseira? Ando cansado de derrotas, E agora estou prestes a perder algumas dessas pobres mulheres que se consideram felizes quando fracassados as levam às veredas das vergonhas, Preciso de um patuá para me ajudar a encontrar minha rota, Preciso encontrar meu trevo de quatro folhas, Ô vida dura, Será que preciso por um pé de coelho no meu chaveiro? Um espelho na porta junto com uma ferradura? Para um dia encontrar um amor verdadeiro, Ando cansado dos dias sem vencer, E agora estou prestes a perder algumas dessas noites em claro que se consideram felizes quando virtuais as levam às veredas das ilusões, Preciso da mão de Fátima para acreditar que alguém está a me escrever, Preciso bater na madeira para que ela mantenha as comunicações, Ô vida cheia de surpresa, Foi um elefante indiano que me permitiu ouvir sua voz? Foi um olho grego que me permitiu ter a certeza? De que ela me enviou seu retrato e disse que um dia quer me ver a sós?  Ando cheio de iniciativa, E agora estou prestes a ganhar alguns quilômetros dessas longas estradas que se consideram felizes quando apaixonados as levam às veredas das mudanças, Preciso de São Jorge para me ajudar a corresponder à sua expectativa, Preciso do Senhor do Bonfim para me ajudar a não perder as esperanças, Ô vida benfazeja, Foi o Senhor dos ventos que atendeu ao pedido de todo homem à procura da mulher ideal? Foi a joaninha que apareceu para a mulher que todo homem deseja? A mulher que traz consigo um olhar compenetrado sem igual, Ando cheio de sorte, E agora estou prestes a ganhar alguns beijos desses doces lábios que se consideram felizes quando o amor abre as portas que levam às veredas dos corações, Já não preciso fazer nenhuma promessa para amar esta mulher até a morte, Ô vida auspiciosa, acabastes com todas minhas lamentações.




PALINDROMIA E POLICROMIA



Hoje quero recordar de um único dia que nunca se perde no tempo, Lembrá-lo 13 anos depois, e ainda neste ano que termina com a dezena 13, pode dar um duplo azar se eu me mantiver apegado a crendices e ainda lembrar que foi numa sexta-feira, a menos que, neste momento de reflexão sobre minha presunção artística, sempre insegura com as seguidas recaídas de minha fé e sincretismos religiosos, eu me conserve um calculista, no sentido aritmético da palavra, e, parodiando o matemático Neil Sloane e inventando-lhe um gosto supersticioso, asseverar que os dois juntos, tal qual dois negativos somados, resultem em positivo.


Mas se eu fosse, de fato, afeito a estes agouros tirados de fatos puramente fortuitos e temesse que nossa diferença de 13 anos fosse mais um mal presságio, ainda assim eu procuraria racionalizar uma compensação na sua confissão de que sua idade era maior que o dobro desta diferença. E, abusando prazerosamente da redundância, na verdade, para mim já não fazia diferença se a diferença fosse de 13 ou 23. E para aumentar ainda mais o hiperbolismo, coincidentemente a soma dessas duas diferenças era sua verdadeira idade. Ao lembrar-me daquele dia, ainda conservo sua imagem monocrômica, mas agora quero acrescentar-lhe algumas cores e outras numerologias. Antes, porém, quero recordar a monocromia que lhe dediquei no ano 10 de nossa união:


É assim que quero que você me veja, Sou um pássaro que voa alto, E corta o solo numa rasante, Sem nunca precisar pousar, Sem nunca precisar plainar, E te busco em pleno ar, É assim que um homem como eu te almeja, Subo no pico de um penhasco e dou um salto, E você nunca me verá em queda livre vacilante, Nunca me verá com medo de me afogar, Não será suficiente para mim você me observar, Não será suficiente para mim você me enquadrar, Não será suficiente para mim você me fotografar, Não será suficiente para mim você me revelar, É assim que você quer que eu te veja, Você é um vento que sopra forte, Risca a noite com raios, Troveja e faz o céu estremecer, Ruge como uma tempestade de se enfurecer, E encontra no meu vazio o meu querer.


É assim a mulher que um homem deseja, Você salta do alto da vida para a morte, Nunca verei você fazer ensaios, Nunca verei você arrefecer, Não será suficiente para você um mundo sem mudança, Não será suficiente para você um mundo só de esperança, Não será suficiente para você um mundo que não avança, Não será suficiente para você um mundo sem andança, É assim que quero viver, É assim que eu quero que você viva por nós, Sou um sol que brilha para iluminar, Sem precisar arder, Sem precisar proteger, É assim o homem que uma mulher quer ter, É assim que o mundo quer nos ver a sós, Subindo até o último degrau até nos desequilibrarmos, Até escorregarmos, Até cairmos e nos despedaçarmos. 


Não me basta ser apenas um homem sobrevivente, Não me basta ser apenas um homem inteligente, Não me basta ser apenas um homem valente, Não me basta ser apenas um homem suficiente, É assim que quero minha mulher, É assim que quero que você me veja como uma miragem, Sou névoa de ansiedade para ver o dia raiar, Que cai da escuridão até a manhã orvalhar, Até o sol dissipar, É assim que você me quer, É assim que você quer registrar minha imagem, Na monocromia de seu olhar, E assim que você quer me amar, Não será suficiente para você não parar de fazer amor, Não será suficiente para você absorver todo meu calor, Não será suficiente para você me fartar com seu ardor, Não será suficiente para você fazer sexo com muita dor. 


É assim que você quer ser, É assim que você quer que eu te veja, Sou um cachorro vira lata longe de casa, E você nunca me verá voltar, Nunca me ouvirá ladrar, Nunca me verá mendigar, É assim que você quer me ter, É assim que uma mulher como você me almeja, Me jogo do alto de uma montanha sem ter asa, E você nunca me verá desmaiar, Nunca me verá acabar, Não será suficiente para mim pousar para o teu olhar, Não será suficiente para mim olhar para seu andar, Não será suficiente  para mim andar no seu caminhar, Não será suficiente para mim caminhar no seu lugar.


Nunca foi suficiente para você apenas me encontrar. Nunca foi suficiente para você saber que eu queria você para casar. Nunca foi fácil para você saber se estava apaixonada. Nunca foi fácil para você saber se nossas fantasias seriam materializadas. E você sempre teve razão ao dizer que eu era desde então até hoje mais maluco que você. Eu digo hoje para mim mesmo que este é um mundo muito doido para um sujeito tão anormal como eu à procura da mulher ideal. Este é o mundo dos que acreditam que 13 dá azar porque na última ceia de Jesus havia 13 pessoas e porque ele morreu numa sexta-feira. Eu compartilho minha maluquice com todos estes insanos, lembrando-lhes que Pilatos assumiu a procuradoria na Palestina no ano 26, dia de nosso aniversário, e foi exilado em Viena no ano 36, sua verdadeira idade quando te conheci. Os 10 anos que separaram sua idade verdadeira da irreal são os mesmos que separaram Valério e Marcelo da procuradoria de Pilatos.



Naquela sexta-feira 26 te recebi pela primeira vez com rosas vermelhas, a cor símbolo fundamental do principio da vida, com sua força, seu poder e seu brilho. Enquanto você as segurava, seus olhos castanhos as contemplavam com a profundeza de seu azul que nelas mergulhava sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo-se até o infinito, como diante de uma perpétua fuga do imaterial. Enquanto você as admirava, palpitava dentro de mim impetuosidade, intensidade, paixão aguda até a estridência, a ardência do amarelo difícil de ser atenuado e que extravasa sempre dos limites em que o artista tenta encerrá-lo. E entre a sua espiritualidade azul e minha impulsividade amarela, reina hoje o verde das interferências cromáticas. As rosas vermelhas que lhe dei desabrocharam entre minhas folhas verdes.


No final das contas, somos malucos fora da curva porque nosso número 26 é mágico. É o número positivo que neutraliza dois números treze negativos. É o único número inteiro maior que um número elevado ao quadrado (5= 25) e, ao mesmo tempo, menor que um elevado ao cubo (33 = 27). O Rhombicuboctaedron inventado por Leonardo da Vinci tem 26 lados. Quando um cubo de 3x3x3 é montado a partir de vinte e sete unidades de cubos, 26 deles são partes visíveis das camadas exteriores dos cubos. Na base 10 de nossa matemática e da diferença de suas duas idades, o 26 é o menor número que representa a raiz quadrada de um palíndromo. A raiz quadrada do palíndromo 676 é 26.




TUDO O QUE VOCÊ QUISER
Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.  LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche) 

Toda uma vida vivida, Todo um trabalho de Sísifo redobrado, A pleno fulgor, Todos os amigos de semideuses, Todos os sois translúcidos e unidos, Ainda me dado a ver, Renascendo, São seus, Todas aquelas colossais águas, Descendo, Por sendas destorcidas, Do alto de cachoeiras para o infinito, Entre sortilégios tão indecifráveis, Quão eterno instante de ventura, Adorado seja, Devolvo ao seu olhar, Todos os luares correndo as horas sobre suspiros, Doces como prelúdios de harpa, Sobre a singeleza de seu corpo, Mais leve que uma folha de magnólia, Caído do céu na noite desfeita em estrelas, Lua de junho argêntea nos campos, Brancura de luz das manhãs silenciosas, Devolvo à sua lembrança, Todo frio susto que corre pelas minhas veias, Todo meu fogo que arde em febre sem se ver, Tudo que me acalma e me endoidece, Que me eleva e me abate, Te dou, Com o coração na mão.



OUT OF THE BLUE
 
Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

Não sei de onde brotam tantas ideias, Inéditas, Súbitas e intrometidas, Só podem ser do conhecimento absoluto, De entrada franca, Com programação imprevisível, Ouse o terapeuta subtrair uma gota de seu conteúdo a algum sonho seu recorrente e perturbador, E ele inunda o minúsculo espaço deixado vazio com um mar que transborda seu inconsciente, Atreva-se a enxota-lo, E ele te emoldura num carrossel, Vem e Vai, E quando passa pelos seus olhos, É Sempre nada de nada do que faz sentido, E, às vezes, Com palavras simples assim vindas de uma mulher: Oh meu amor, Sou sua fada, Vindo do nadaCom todo fervor, Meu deus da sincronicidade, Que prepara misteriosos elementos psicóides na natureza para unir as partes estranhas umas às outras para me impressionar com coincidências, Por acaso você já me deu alguma ideia que não tenha sido por acaso? Porventura é você que faz um disco voador surgir e desaparecer do nada? Como se ele tivesse se perdido e entrou pela porta errada? E as ilusões? É você também quem as engendra? Como o espírito daquele homem  pelado que apareceu no banheiro de meu quarto? Será que ele apenas se esqueceu por uns instantes que está morto e resolveu tomar um bom banho de ducha que só se encontra num hotel cinco vezes estrelado? Ou tem ele consciência que faz parte do nada e, de vez em quando, passeia pelo mundo? Bem sei que o louco não sabe que é louco porque nunca conheceu a sanidade, E que o morto não sabe que está morto porque não sabe o que era antes de existir, Fico pensando nos sonhos que me levam a lugares onde nunca estive e para os quais nunca atinei, E depois eles coincidem com a realidade e me deixam, Quando nada, Atônito com as verdades que eles me revelam, Do presente, Do passado, E do futuro não tenho como provar, Para não faltar à verdade, A bordo de uma de suas casualidades, Um navio graneleiro chamado internet, Veio esta linda mulher que se senta ao meu lado, Como um mimo que um potentado manda a outro, E ela, parafraseando Graciliano Ramos e Lígia Fagundes Teles, Acende a fogueira, Mesmo cercada de ar forte demais, Meu fogo atiça, Me acolhe como uma brasa ardendo na infelicidade e na preguiça, Resolve meus problemas existenciais, e emenda:
Oh meu amor, Homem com alma de mulher, Grande intelectual filosofando sobre a existência, Quão difícil é acompanhá-lo em reflexões tão profundas, Encontrou ocasião para trocarmos impressões sobre a oportunidade da vida e sobre o potencial do espírito na transcendência possível a cada patamar evolutivo, E de minha parte, Você já sabe, Eu era uma rocha ressurgindo à flor das águas, E com gestos simples e admiráveis, Você apanhou-me como uma mosca fulgurante, Curioso de me examinar e de me amar, Sem nunca me perguntar quantos homens descarregaram suas frustrações entre minhas pernas, Entrou para minha vida factícia de 26 anos, Com todo seu ardor, Abandonando seu pequeno mundo preso a encruzilhadas, Sem medo de ter medo, Com a certeza de recomeçar onde tudo lhe era pouco conhecido, Oh meu amor, Não chame isto de sorte de bilhete de loteria, Nem de geomancia, É nada dos nadas para sua valentia, Você é meu contato imediato do terceiro grau, A minha vez na vida e outra na morte, Meu sonho revelador, Meu encosto redentor, Come my love, With your desire, Out of the blue, And into the fire.