Aqueles dias que Denise
tinha, A Pimentinha, Que não ardia, Só se escondia, Com lembrança mais remota
que criança, Que nenhum adulto alcança, Nem o tio que contava histórias nas
noites quando a vida estava suspensa no ar, Nem a tia-avó que voltava da morte
para cantar, Para bater palmas para a menininha, Alegre saltando da
escrivaninha, Crescendo ao lado de muito sofrimento, Escrevendo dentro de seu
pensamento, Brincando com bola, Não indo tão bem na escola, Mas tão bem como um
virtuoso compositor, De músicas de amor, Com palavras verdadeiras, Sempre em
línguas estrangeiras, Sempre leal, Fugindo do mal, Enganando-se com o ideal, De
uma família unida, De uma família falida, Pela convenção passiva, Pela
incompreensão letiva, Pelas crianças que Denise precisava ter, Pelo pai que não
podia morrer, Pelos amigos que poderiam ser, Omissos nas horas de servir, Pelos
desconhecidos que conseguiam ver, Assistentes espontâneos por antevir, Todos
aqueles dos quais agora Denise se despe, E dos novos com os quais se veste, Com
os quais troca de nome, Mas não se comove, Não derrama uma lágrima, Não reserva
em seu coração espaço para qualquer lástima, Passa a ser a Ariadne de Teseu, Um
amor que a esqueceu, E a largou num labirinto, Cuja saída conhece por instinto,
Jogando fora o novelo de linho, Porque traçou um novo caminho, Do qual ela nunca
mais voltará, E nenhuma saudade se lamentará, Nenhum traje velho lhe será
necessário, Nenhum farrapo novo lhe será precário, Nenhum elegante vestido negro
cobrirá sua cinta-liga, Nenhuma blusa chique cobrirá sua desnuda barriga,
Apenas uma curta veste vermelha, Apenas um batom que lhe assemelha, Nenhuma
recordação lhe trará tristeza, Nenhuma inovação lhe trará alegria, Nenhum novo
passo lhe dará qualquer certeza, O que vier de sua nova jornada será vivido a
cada dia, Todas as viagens pelo mundo serão guardadas entre seus seios, Nenhuma
pessoa que conheceu no mundo afetará seus anseios, Todos os ódios jazerão sob
seus pés, Todas suas expectativas sofrearão um revés, Se lhe sobrar algum amor
terá que esperar por uma nova vida, Se lhe sobrar alguma dor terá que esperar
por uma verdadeira amiga, Porque romperá com o passado, E nada do que fez e foi
será lembrado.
puta merda, cara, você escreve um texto bom atras do outro, são de arrasar as frases ...Nenhum traje velho lhe será necessário, Nenhum farrapo novo lhe será precário... e ...Se lhe sobrar algum amor terá que esperar por uma nova vida, Se lhe sobrar alguma dor terá que esperar por uma verdadeira amiga...
ResponderExcluirSe lhe sobrar algum amor terá que esperar por uma nova vida..........Romperá com o passado e nada do que fez e foi será lembrado.
ResponderExcluirPoeta, vc me surprende!! Será que esquecendo o passado estaremos todos absolvidos!!!
Que verso em prosa fantástico, uma descrição complexa de uma pessoa criativa em toda forma de viver... Adorei! Um abraço!
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