quinta-feira, 31 de agosto de 2023

PANIS ET CIRCENSES

Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)


Aqui onde vivo, Flutua sobre minha cabeça, Um olho artificial, Mirando high and low, Para cima, Para baixo, Pra lá, E pra cá, E as galáxias em todos os extremos guardam sempre a mesma distância em todas as direções, Quarenta e seis bilhões de anos luz, Isso faz sentir-me o centro de tudo, Mas o que está além do que o olho enxerga pode ser trilhões de vezes maior, O insondável está para o observável, Assim como o observável está para uma das inúmeras partículas invisíveis de meus olhos, Isso me deixa pequeno, Sem saber em qual cantinho me encontro nessa bolha, Mas pouco importa, Porque aqui onde moro, Olho para todas as direções, Norte, Sul, Aqui e acolá, E as distâncias são sempre as mesmas, Quase 13 mil quilômetros, Sem ter ninguém a recorrer, Sobre minha cabeça, Pássaros de ferro voam de ponta a ponta, Em todos os sentidos, E a circunferência é sempre a mesma, Pouco mais de 40 mil quilômetros, De mais água que está para a terra, Como a terra está para tanto povo se acotovelando para sobreviver, Aqui onde vivo e me isolam, Quase nada há ao meu redor, Pouco alimento, Pouco entretenimento, Nenhum elemento, Isso faz sentir-me menos que ninguém, Aqui falta tudo, Toda a massa espacial pela qual galáxias, Buracos negros, Estrelas e planetas se digladiam, É um espetáculo, Que não vejo, Nem ouço, Mas sinto onde vivo a todo momento, Isso faz de mim menos que um nada, Não fossem as migalhas de panis e os porres de circenses que me esmolam para nascer e morrer, Sobra pouco tempo para sonhar, Sobra muita fome para comer, Pouca noite para ver a lua se divertir, Muita gente para nos ver sofrer, Nenhuma estrela que a gente possa ver parir e partir.   

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