Texto de
autoria de AustMathr Viking Dubliner e Inglesa Luso-Chinesa com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. LEIA O
TEXTO AO SOM DA MÚSICA DO VÍDEO POSTADO NO FIM. Sem ela, a vida seria um erro
(Friedrich Nietzsche)
Um
envelope leve como fio de seda e folha de magnólia, borboleteia no ar, carregado
de mensageiros da alma, cambalhotando ao sabor do vento inquieto que o ergue em
beleza, e descai-o numa rasante, rodopia dentro de uma caixa de correio e
arremete, deslizando, estabanado, resvalando nas teias de pensamentos que
encontra pelo caminho à deriva no céu de rosas, refletindo milhões de sóis, e um
deles desce à superfície, abaixo d’água, como miragem da lua iluminando veredas,
feito lanterna de fulgor azul tremulante, lá do alto mar até a praia, e aqui da
nascente do riacho até o rio caudaloso, põe minha mente a flutuar correnteza
abaixo, na companhia de um pássaro que não sabe nadar, desarmando todos os
aforismos, rendendo-me ao vazio onde nada parece ser real, onde nada faz
sentido, onde os movimentos e as emoções não têm a mesma forma, onde tudo é
seguro e fluindo da paz, que do amanhã nada se sabe, que da morte não se morre,
que minhas preciosas posses já não me consomem mais, ouço o pássaro cantar que
sabe o que é ser impalpável, sentir-se como se desde sempre estivesse
desencarnado, e ele me alça num voo que meu inconsciente jamais sonhou, me
transcende, me transporta para fora do meu ser, de meu isolamento e da minha
alienação, para um despertar de meu espírito, uma conexão mágica e em êxtase,
transformando-me num habitué das odisseias astrais, põe minha busca no lugar
certo, fico um pouco perplexo, mas arrebatado e verdadeiro, com minha vida
pregressa despoluída e em contato com o centro regulador de meu universo
interior, fervilhando estrelas mil a engastar-me dentro de incontáveis e
longínquas galáxias, que de perto resplandecem meigas luzes de candeias,
dando-me uma sensação de unidade indivisível, uma singular entidade cósmica,
tornando-me mais autêntico e autoconfiante, ligando-me a algo que está muito
além do que tenho sido, e é neste além que vai parar um
envelope de fluidez
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