domingo, 21 de abril de 2024

PURPLE HAZE

s
                                                                                           Texto de autoria de AustMathr com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.

I'm calisthenic, You're my Lucy in the Sky with Diamonds, My heroin, My tight leash has been released, Freed rein to my imagination, My social phobia and my shyness gone without a shrink, Now I inhale your purple haze, And mix it with mine, I reject all types of dilutions and overflow the canvas where you, Painter, Try to cloister me together with other nuances, I can make you a tameless beast, Make you travel to the next high, Cross the rabble that surrounds you, Bordered by flowering ins and outs, Jaunty on the wings of ferraginous kaleidoscope eyes, That's my gleaming yellow, That rapes your white corolla, Intensifies your crimson, Sharpens your dark red tending to violet, Blinds you like a flow of metal in fusion, All your heliotropes of fading suns, I can make you me ill, For you my nose stretches out, My hump doubles up, My belly swells up, My clothes multicolor, My utterance shakes and screeches, For you I'm a fake hero, With all the flashy braggadocio behaviour and senseless acts of a fool, Crafty and snaky, With no dignity, I can be your clown in the midst of any loneliness, Any multitude.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

O QUE FALTA NO REINO DOS CÉUS


Texto de autoria de AustMathr com direito autoral protegido pela Lei 9610/98. 

Era uma tarde de inverno. Da janela via-se o céu azulado, mas lá fora estava gelado. Oras, pensei, aqui não cai neve, as mãos sem luvas não congelam, e do estacionamento a qualquer estabelecimento o vento frio que aumenta a sensação térmica não é tão torturante como o que sopra na região dos grandes lagos em Janeiro. Eu me preparava para sair quando a TV anunciou o excelente filme Reino dos Céus, que aqui no Brasil saiu como Cruzada. Resolvi ficar em casa e fui muito feliz com minha decisão. Depois da sessão de cinema, resolvi ouvir música e selecionei a gloriosa versão do Chandeen da canção In Power We EntrusThe Love Adocated do Dead Can Dance. Foi estranho como essa canção me levou imediatamente de volta ao filme que eu acabara de assistir e, mais estranho ainda, foi o que me veio à mente: Eu sempre vejo a cultura como uma mulher indefesa à mercê dos machistas. Às vezes sou cristão, às vezes não. Às vezes simplesmente ignoro um ataque dos misóginos, ou, então, me limito a retribuir suas agressões ao sexo frágil com uma homenagem à transcendência humana. Porém, às vezes, eu também atiro minhas pérolas aos porcos e aos cães. E esse é o grande risco que corro aqui. Antigamente, os porcos só pisoteavam nossas preciosidades, hoje eles as roubam. Lembrei-me, então, do filme Cruzada que acabara de assistir, e das atrocidades que se praticaram na terra santa em nome de deus em tempos longínquos. Esquecendo-se de mim e dos homens, tentei extrair daquela brutalidade alguma beleza inata ao ser humano quando este cavalga completamente nu e sem nenhum estandarte ideológico. Então, tentei transformar em palavras tudo o que minha alma sentia: A beleza se avista onde o oceano se confunde com o firmamento, De longe, vozes humanas a saúdam com brados efusivos, O som lhe chega aos delicados ouvidos, E ela o acolhe com ternura, Suaviza sua avidez e seu tom, E o sopra de volta com a brisa que o trouxe com brandura, As vozes humanas retumbam em coro e com mais ardor, A beleza cerra seus olhos, Relaxa a sua fronte, Descontrai seu sorriso, E se deixa embalar pelo som mundano e eufórico, As vozes assomassem-se, E a elas se juntam mais graves e agudos, Mais êxtase e clamor, A beleza se mantém impassível e atenta, Ouve e se acalenta, As vozes humanas se exaltam, Vão além dos limites da linha do horizonte, A beleza as traz de volta ao mirante, E graciosamente se move em suas direções como uma nuvem entregue às monções, As vozes sentem suas gentis pulsações, Percebem que ela emana meiguice à distância, É mais bela do que aparentava lá no fundo do céu, É o seu olhar que carrega sorrisos contagiantes, São seus lábios que sussurram como meninas dos olhos irradiantes, São as maçãs de seu rosto que exalam fragrância etérea, São seus cabelos que dão contornos à sua feição singela, É o seu semblante plácido que dá expressão à sua beleza, As vozes humanas emudecem, E se arrebatam com tão doce criatura, A beleza contagiada pelo calor humano, Baila ao redor das vozes, As envolve com afagos que chegam à alma, Seu olhar resplandece, E infunde mais luz tênue ao sol poente, Seus gestos delicados encantam as águas do mar, E se elevam até a lua crescente, Sua boca toca as vozes humanas, E as enche de carinho jamais recebido antes, Seus cabelos se desfraldam ao relento do entardecer, Sua leveza se esgueira suavemente até o novo amanhecer, E as vozes humanas embargadas, Soluçam e balbuciam, A beleza lhes toca os lábios com dedos singelos, E deixa seu silêncio comovente penetrar em suas entranhas, Até que elas descubram seu reino interior, Até que ela exteriorize toda sua celestial subserviência ao amor.