segunda-feira, 30 de setembro de 2024

ALELUIA

 Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98

Eis aqui mais uma poesia de Alceu. Em cada texto que escrevia, ele sempre escolhia uma ilustração que pudesse sintetizar a mensagem do texto, e nesta a menina parece, com um toque mágico, liberar as tensões da alma ferida na escuridão. 

O que do mais carente grado para vencer mais esse intransponível obstáculo ainda posso receber? Mais um milagre? Posso travestir-me de madeira e de cera, Me oferecer a todos santos em cumprimento de mais promessas, As promessas de vida no meu coração de Tom Jobim? Coração é só coração, E o meu sentimento, Só vem com a imaginação de Fernando Pessoa? A vida é só vida, A minha, Tumultuosa e anelante, Verte, Mas atrás de minha fé, Trilhando ogros caminhos, Ensanguentados aos meus pés, Avultam, Arrastando-se pelo chão, Dois anjos alados, Esforçando-se para erguerem-se contra minhas tristezas e incertezas, Abençoando minha cabeça sentenciada a trabalhos forçados, Encrespando minhas liras de festões engrinaldadas, Esvoaçando com suas auras meu orgulho de grã diadema de bastas flores nos meus ombros, Quem me dera minha alma nunca se envenenasse de malevolência contra quem quer que seja, E antes fosse servindo a todos como pudesse, Através das desventuras do meu destino e de uma longa vida, Saindo destes dias melhor acompanhada, E Anoitecendo com ela sempre lavada. 


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