Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
As cartas da juventude se perderam, Mas ainda frui o prazer de nos vermos, Ao longe, A encenarmos ao som de lira, Ponteando as estanças de poesia mélica e elegíaca, Às vezes sofremos com o olhar, Às vezes sofremos com o sofrer, Gostar sempre gostamos, Mas nunca sabemos por quê, Tampouco há senhor, Que ensina seus servos, Que padecem o tormento de mal saber, Como bolos de véspera, E pães amanhecidos, Às vezes não sabemos se nossas feridas podem curar outras, Qual salsas águas do mar a cicatrizar pedra-lipes, Devem ser belos os cristais das vozes que nunca ouvimos, Pensativas as mentes quando estão a sós, Contemplativas quando, Diante do nada, Sentem-se esquecidas, Sem lágrimas nos olhos, Que se escondem como atrizes por trás das cortinas, Os contornos devem ser odes profundamente imagéticas, Podem ser afins as almas, Clonagens hibridizadas que chegaram ao fim, Gostar sem saber por quê deve ser assim, Somos temporãos e tardios, Somos tempolábeis, Gigantes vermelhas que se encolhem em anãs brancas, O choro contido sorrindo um sorriso triste, Ninfas que prescindem os casulos e crisalidam uma borboleta, Ódio escudeiro contra os vilões do amor.
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