Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
É um horror sentir estes baixos calões, Gatunos, Funkeiros, Como só este país pode criar, Joias superfaturadas para adentrar como sócio nas quadrilhas que assaltam residências, Seus advogados desonestos, De porta de cadeia, Levantam objeções a quaisquer propostas de moralização, E travam sobre os cadáveres das vítimas de seus clientes uma briga peito a peito pelos seus espólios, Um cortar de ferros e um ressaltar de sangue que espirra às faces dos mortos, Ficam com todos os despojos do diabo, As tropas policiais perseguem e roubam todos os ladrões cercados, Em meio aos escombros humanos, Surge uma donzela esquecida viva, E dela saem músicas, Que roubam e requintam a sensibilidade, Saem de linda mulher que rouba corações, São estas parcelas redivivas, Restos de um exemplo e de um nome, As que promovem a mais sólida e benéfica imortalidade àqueles que se finaram, Cortejados pela saudade e admiração de todos, A música também é roubada, Qualquer investigação que se faça vai roubar um bom tempo, Vai descobrir que as somas roubadas são muito mais elevadas, Roubam-me de uma de minhas demoiselles a brisa que doudeja indiscreta arregaçando o lenço à tão linda jovem que alegre passeia, E se diz, Ainda, Que a morte veio roubar-lhe os sofrimentos, Um infeliz acaso que roubou de uma merreca de felicidade uma pobre família, Roubam à saída dos bancos, Roubam um beijo à rosa perfumada, Aquela que não fala, Mas só rouba a fragrância que ela exala, A lei de Deus, Assim como a dos homens, Proíbe roubar, O açougueiro rouba no peso da carne, Mas os antigos egípcios não aligeiravam o alqueire, Me chamam de esquisitão, Que rouba-se às manifestações de apreço dos amigos que não tenho.
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