Seus dedos não alcançam os meus, Mas os de
Aglaia acariciam meus cabelos, Despem-me da sobrepeliz, Da estola, Rasgam o
ritual do homem, Juntam-me às musas, Dirigem-me para o corpo de uma igreja sem
paredes e tetos, Glorificam minha dança resplandecente, E nasce em mim o poder
criativo, A intuição do intelecto, Que interroga porque tão alto mantém suas
mãos inalcançáveis à minha dor, Mas as de Eufrosina suavizam minha angústia,
Cobrem-me de auras, De cicios, Realizam os desígnios inacabados, Fazem
de mim uma divindade, Libertam-me para o voo de um céu sem grades e poleiros,
Consertam-me o corpo, a mente e o espírito aquebrantados, E voltam para mim a
alegria de viver, A graça de existir, Que se compadece da distância que me
separa de sua vontade, Mas a de Tália tira-me do isolamento, Desarma meu braço
segurando a cabeça, Levanta-me da cadeira, Espalha minha prece pelo universo,
Traz-me mais três irmãs, Melodia-me para a nudez de uma natureza sem fronteiras
e ideologias, Abençoa-nos com suas duas mãos, E brota em mim o desejo de ser uma
flor, De ser dada a alguém por amor, Que exala sua fragrância o mais longe
possível para permear seu dedo invisível.
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