Neste mundo material não se pode ser
apenas espiritual, mas não é necessário ser sensual, olhar
com sagacidade, não é necessário ter poder sobre o corpo, cobiçá-lo sem a alma,
basta trazer beijos puros de volta dos lábios que os ungiram, sair da terra
possuída e entrar na carne santificada, moldar existências em mãos com centelhas
vestidas de crepúsculos espargindo flores das montanhas que conquistam as
enchentes, maiores que pesadelos milionários e maquiavélicos que abominam o
toque aveludado do pêssego, o encontro carinhoso entre a água e a calha do rio
despido, deslizando por entre seios, penetrando-os, enterrando-se neles, bem
fundo, tão fundo que faz calar, como se fosse tirar um momento da sanidade, e o
que poderia tirar momentos de ternura poderia também tirar uma eternidade de
animosidade, e pouco se pode fazer sem os dois, sem a corda da esperança a qual
se pendura, que lança devaneadores do presente sobre o vão que separa o passado
do futuro, deixando pedras e paus fora do caminho, revelando tudo para Deus e o
mundo, entrando em sintonia como duas cordas afinadas na mesma melodia,
amadurecida para aprender a chorar e amar sem se ferir, para ter desejos
instintivos e quase infantis, procurando por mãos estendidas, por estrelas que
explodem, pelo cosmos que abraça, por papai e mamãe, por proteção contra os
tiranos, contra as danças dos demônios, contra os computadores que aprisionam em
noites solitárias, entregando-se a um entendimento mais intenso, deixando o
pêndulo do destino balançar entre homem e mulher, levando-os e trazendo-os para
onde se deseja estar, mesmo sabendo que nenhum lugar jamais pertencerá a alguém,
nem em toda dor, nem em toda felicidade, mas somente em sonhos, porque sendo
eles uma tradução do despertar da vida, esta é também a tradução de um sonho,
não passa de um sonho do qual acordamos
morrendo.
Faço uma reflexão íntima depois de ler seu texto, muito bom ter passado por aqui.
ResponderExcluirputa que pariu, cara, outro text magnifico de arrebentar! sensacional o fim ...deixando o pêndulo do destino balançar entre homem e mulher, levando-os e trazendo-os para onde se deseja estar, mesmo sabendo que nenhum lugar jamais pertencerá a alguém, nem em toda dor, nem em toda felicidade, mas somente em sonhos, porque sendo eles uma tradução do despertar da vida, esta é também a tradução de um sonho, não passa de um sonho do qual acordamos morrendo... e ainda por acima a musica que você escolheu casa perfeitamente com este texto incrível, a musica de George Harrison, Within You, Without You, cantada pela Patti Smith, completa, ...a vida flui dentro de você e sem você... do caralho!
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