Na presença majestosa daquela
mulher que se impunha pelo silêncio do coração, Tão imaterial, Passando com uma
lentidão de sonho, E uma paz de espírito quase incapaz de se desacreditar,
Veio-me à mente, Um amor amordaçado em minha alma por tudo que há de mais
deprimente, Memórias que minha sensibilidade feminina ainda consente, Uma humanidade que nunca se ausentou de nossa
vida, Nunca esqueceu da gente, Como a guerreira santa que com ambas mãos de
anéis abalou e rompeu as armas mais destemperadas do terror. O olhar meio
perdido, Meio conformado, Daquela que jamais saberei se por ela fui perdoado,
Aquela que expôs o corpo à sensualidade em prol da virtude de se esquecer de
quem se tanto amou, E que não poderia ter sido esquecido, E que nenhuma lágrima
cairá sobre o sepulcro onde jazer, A mulher que perdeu o afeto de todos que
conheceu, E nem de longe os seus adeuses serão trocados com os olhos e acenos,
Aquela que pergunta, Com uma fleuma britânica, Como isso pode ser, Sem se
surpreender, Não preciso ver seu rosto, Porque em você não há nada de
assustador e misterioso, Há quem sinta a gravidade caindo, Nos levando para
casa, Subindo e vendo estrelas colidindo, Para saber de onde viemos, Há quem
pense nas lembranças esquecidas de uma mulher que acredita que você um dia já
foi, Até quem note os nítidos detalhes de seus sapatos, E ainda os ouve como
moedas a tilintar, Te vejo como reflexo da composição de um artista, Vejo você
evocar e recriar uma atmosfera livre, Um desígnio singular que te define, Uma
cintilação suave, Incerta e fina, Que bruxuleia incolor e sozinha, Indo de um
puro rio a uma opaca névoa, Ainda não desfeita do sol nascido, Criando a ilusão
de um ser desaparecendo no ar rarefeito, Uma ninfa etérea e real, Atraída pela
gravidade sem peso, Flutuando em direção a uma luz que se acende mim.
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