Texto de autoria de Alceu Natali com direito autoral protegido pela Lei 9610/98.
Este menino não é seu filho, Ela não se conforma com esta mola das leis, A mãe de todas as religiões, Ela quer rezar. Que ela reze então, Miserere mei, deus: secundum magnam misericordiam tuam, Esta mulher ainda está completamente perdida, Ainda não se encontrou, E o pai do menino, não pode ajudá-la? Um momento, A mulher quer continuar orando, Et secundum multitudinem miserationum tuarum, dele iniquitatem meam, Neste momento, ele está ajudando um amigo japonês que teve uma morte trágica, Como você sabe disso? Porque dou ouvidos às feiticeiras. Os homens na espiritualidade são como as pedras numa abóbada, Resistem e se ajudam simultaneamente. A vida e a morte são combates, Que os fracos abatem, Que os fortes, Os bravos, Só podem exaltar, E quanto ao menino? Um momento, Ela ainda está aqui e quer falar pelos dois, Amplius lava me ab iniquitate mea: et a peccato meo munda me, O menino é um espírito de muita luz, Mas cuidado, O fruto só cai da árvore quando está maduro, Amplius lava me ab iniquitate mea: et a peccato meo munda me, Nossa, esta mulher de novo! Não fale dela assim, Ela está se penitenciando, Está nas sombras e ainda se agarra à luz deste mundo, À luz deste menino, Agora ouço a voz de uma feiticeira que quer me dizer alguma coisa, Em breve este menino receberá uma merecida e justa quantia, Mas não vos descuidei pois, Também não menos breve, Ele receberá uma cobrança das bravas e é melhor desde já ele começar a juntar todos os recursos que ele tem para se defender. O recado dela é justo. Você sempre conversa com estas bruxas? Acredita no que elas dizem? Falo com elas de vez em quando e acredito nelas, O mais significativo é o fato de que nenhuma delas tem conhecimento absoluto sobre nós, mas somente alguns pequenos fragmentos de nossas vidas, Não entendi, pode explicar melhor? Vá num mesmo dia se consultar com 10 médiuns diferentes e que nunca se conheceram, daquelas que costumam fazer leitura de tarô, e faça a elas as mesmíssimas perguntas, Você perceberá que cada uma delas consegue responder a uma única pergunta sua, E cada uma diferente da outra, E por outro lado, Cada uma delas te dirá coisas sobre você que você não perguntou, Nem em pensamento, e cada uma delas lhe dirá coisas completamente diferentes umas das outras, Todas verdadeiras, Elas têm apenas um conhecimento relativo e bem limitado sobre as pessoas, Por isso não conseguem responder mais do que uma ou, no máximo duas perguntas que você faz, No entanto, As poucas respostas às suas perguntas e as revelações sobre você feitas espontaneamente serão sempre verdadeiras, e até paradoxais, Uma médium lhe dirá que você ganhará uma fortuna, Mas outra, No mesmo dia, lhe dirá que você sofrerá uma grande perda financeira, E o mais interessante é que as duas são verdadeiras. Como elas conseguem isso? Elas recebem informações de espíritos? Não, espíritos não existem, Elas apenas leem um fragmento de sua mente, Uma médium jamais lhe dirá a mesma coisa que uma outra lhe disse, Desta forma, Você terá dez respostas diferentes para diferentes perguntas que você fez, E 10 informações diferentes sobre você e que você não perguntou, Em resumo, As feiticeiras não têm nenhum controle sobre sua mente, O que elas descobrem a seu respeito é sempre ao acaso, É o mesmo que um sonho, Você nunca sonha com o que quer, É o inconsciente quem decide sobre o que você sonhará cada noite. É interessante. E no caso desta mulher apegada ao menino? Ela está morta e você disse que espíritos não existem. Como ela consegue falar conosco? Isto é contraditório! O que chega a nós não vem diretamente dela, São apenas fragmentos dos nossos próprios pensamentos sobre o que já sabíamos sobre ela. Então deduzo que você é um feiticeiro! Errado, Tudo o que estou lhe dizendo é pura psicologia humana. As feiticeiras dizem poucas coisas, Mas desconhecem muitas. Elas tem acesso a uma parte bem insignificante de nosso inconsciente que tem o tamanho de um universo, E a mulher quer nos dizer algo mais antes de partir, Ex-umbris ad lucem.
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