quinta-feira, 14 de novembro de 2024
UM DIA SEREMOS ENCONTRADOS
NO CRÂNIO DA AMÉRICA E DO MUNDO
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
MITOLOGIA JUDAICA: O CALENDÁRIO BABILÔNICO E O MITO DA CRIAÇÃO
PRIMEIRO DIA: LUZ E SUA SEPARAÇÃO DA ESCURIDÃO/QUARTO DIA: LUMINARES, SOL, LUA, ESTRELAS, SEPARAÇÃO DO DIA E DA NOITE E DAS ESTACÕES;
terça-feira, 12 de novembro de 2024
ET JEANNE, LA BONNE LORRAINE QU'ANLAIS BRÛLÈRENT Á ROUEN, OÙ SONT-ILS, OÙ, VIERGE SOUVRAINE? MAIS OÙ SONT LES NEIGES D´ANTAN?
INGLESA TRYING ON CLOTHES FOR THE SERIES 'ORIONIS SPUR'
[Verse 1]
"Show me, show me, show me how you do that trick
The one that makes me scream," she said
"The one that makes me laugh," she said
Threw her arms around my neck
"Show me how you do it, and I promise you
I promise that I'll run away with you
I'll run away with you"
[Verse 2]
Spinning on that dizzy edge
Kissed her face and kissed her head
Dreamed of all the different ways I had to make her glow
"Why are you so far away?" she said
"Why won't you ever know that I'm in love with you?
That I'm in love with you?"
[Pre-Chorus]
You, soft and only
You, lost and lonely
You, strange as angels
Dancing in the deepest oceans
Twisting in the water
[Chorus]
You're just like a dream
You're just like a dream
QUANDO A SITUAÇÃO ESTÁ PERICLITANTE O VALENTE SEGUE ADIANTE
Às vezes a morte é muito precipitada
com os valentões e preguiçosa com os cagões, mas nem sempre ela é assim. Nem
sempre ela vem para ceifar vidas. Muitas vezes ela aparece apenas para fazer
uma visita, tomar um café, bater um papo, agradecer a hospitalidade,
esperar pelo irritante volte sempre e se despedir com o patético qualquer
coisa, é só avisar. Às vezes o cagaço do bunda-mole lhe impõe uma
humilhação que lhe renderia a alcunha de cabra frouxo se ele vivesse na terra
do cangaço. Se o borrado soubesse dessas idiossincrasias da morte ele não
sairia correndo em dias fatídicos e permaneceria calmo e parado como um cagarola
fez na primeira hora de uma noite quando ele se encontrava abraçado com a
namorada no ponto de ônibus e viu, à distância, se aproximando pela calçada,
uma horda de desordeiros, chutando latas de lixos, escarrando, urinando nos
postes, uivando como coiotes de porre e vomitando toda sorte de palavrões para
os que iam e vinham a pé ou motorizados. Não demorou muito para aqueles
vândalos do ânus da periferia chegar até ele e sua namorada e prensá-los contra
a parede prenunciando um duplo estupro, mas com preliminares com requintes
cáusticos:
E aí, meu, não vai apresentar a
noivinha pra gente?
Solenemente, o cagão apresentou sua
namorada ao chefe daqueles fariseus que, jocosamente, se inclinou, beijou a mão
da moça, voltou-se para o cagão e lhe disse:
Mina joia, meu.
O metorusus agradeceu e apressou-se em
apresentar a si mesmo e acrescentou que estudava no Ginásio do Prolongo e de lá
viera a pé até a avenida para pegar o ônibus de volta para casa.
Espera aí! Conheço-te! Você
é amigo da turma do sei lá de quem do Prolongo! Ei, patota, esse cara é
dos nossos! Cacete, cadê a educação? Cumprimentem a noiva dele!
Aqueles fuleiros limparam o ranho e a
baba com o dorso das mãos ensebadas, e um a um contaminou a delicada e suave
pele da eleita do cagão, meneando as cabeças para frente, leve e seguidamente
enquanto andavam de fasto, como se fossem súditos sem permissão para dar as
costas a uma princesa antes de deixar o palácio.
Valeu, meu! Joia te encontrar e
conhecer sua noivinha! Fica frio. Aqui, lá no Prolongo e nesse pedaço todo você
está em casa! É só dar um toque. E não se esqueça da gente quando sair o
casório!, despediu-se o Átila do bairro.
Quando a morte se depara com a pessoa
errada, ela se toca, por assim dizer, se constrange com a mancada que deu e, ao
querer se desculpar com agrados, acaba se complicando mais ainda e comete gafes
como prometer que lhe avisará com antecedência quando sua hora estiver chegando.
A pessoa errada neste caso pode ter sido a namorada do poltrão protegida pelo
seu daimon. Só isso poderia explicar o engano esdrúxulo de ser reconhecido por
alguém que o cagão nunca viu mais gordo e ainda ser associado à turma de um
sujeito cujo apelido era tão difícil de entender e de guardar quanto o de um
colega seu do mesmo Ginásio do Prolongo que disse ter sido transferido de uma
escola com um nome tão cumprido e complicado cuja única parte inteligível era
ligabuia.
Volta e meia a morte é confundida com
uma pessoa que na verdade a odeia e se o covarde soubesse desses odds
and sods, esses baratos afins da morte, naquele dia lúgubre ele
permaneceria parado e calmo e depois prosseguiria tranquilamente, como fez
aquele franzino cabra bom, cabras às direitas, e que, ao atravessar a caatinga,
inadvertidamente cruzou o caminho de Lampião e foi tomado por um jagunço, um
cangaceiro manso, e se viu cercado pelo bando maldito. Mas o sujeito era mesmo
cabra do colhão roxo e não se intimidou com as ameaças de Virgulino. Não o
desafiou e nem o desrespeitou, mas também não fez concessões à sua neutralidade
e desengajamento por isso foi logo condenado a morrer antes da hora.
Sai correndo, seu cabra da peste, e não
olha pra trás. Vamos ver até onde você consegue chegar, exclamou Lampião.
Os cangaceiros começaram a armar os
gatilhos e o sujeito miúdo se pôs a caminhar lentamente, a passos curtos e
pernas atracadas, sem hesitar e sem esboçar qualquer gesto com a cabeça ou com
os braços. Andava como se já estivesse morto apreciando a paisagem desolada do
jardim do éden do sertão nordestino e como se algumas balas varando seu corpo
não fizessem qualquer diferença. Ainda com o condenado bem ao alcance das
espingardas, Lampião, meio escabreado, levantou a mão e gritou para todos:
Deixa-o ir embora! Este é cabra-macho e
vai ser cria nossa!
É difícil precisar se um cagão é cria
ou refém do medo. Um dia o arregão saiu mais cedo do trabalho para sacar um
benefício em dinheiro. Deu partida no carro, subiu a rampa da garagem, alcançou
a rua, virou à direita e logo chegou na avenida principal que se encontrava com
o trânsito completamente parado devido à enorme quantidade de veículos. O caguincha
foi se espremendo e se enfiando até entrar pela faixa reservada para ônibus e
logo deu o sinal de seta para a esquerda esperando que alguém lhe dessa
passagem para a pista do meio. O cagolara estava comprimido entre ônibus e o de
trás começou a buzinar incessantemente.
Esse trânsito maluco deixa todo mundo
cada vez mais nervoso. Esse cara pensa que buzinando vai fazer os carros
andarem, resmungou o caguinha.
O tráfego permanecia preguiçosamente
estático como a vegetação arbustiva do semiárido, mas barulhento como maritacas
fazendo coro, e quando andava era insuficiente para abrir uma brecha por onde o
cagão pudesse deixar o território dos coletivos, brutamontes impacientes. E
para piorar, aquele que fungava no seu cangote resolveu cravar o dedo na buzina
e espalhar por toda redondeza a presença insignificante do bundão com um
ruído espalhafatoso, feito um cancão do asfalto, a voz da mata sem cor. O cagão
olhou no espelho retrovisor e percebeu que não só o motorista, mas várias
pessoas com as cabeças para fora das janelas esbravejavam alucinadamente contra
ele.
Esses caras são gozados. Acham que tudo
está parado por minha causa e que eu tenho que sair da frente deles decolando
como um helicóptero, desdenhou o chorão.
De repente, várias pessoas desceram do
ônibus ao mesmo tempo, lançaram-se em direção do fraote, envolveram seu carro,
arrancaram-no para fora, vociferaram contra ele e o ameaçaram em uníssono. O
cagão borrou as calças, não entendeu bulhufas e tratou de se desvencilhar dos
agarrões, cutucões e empurrões e saiu numa desabalada carreira avenida abaixo,
largando tudo para trás, como um doido varrido agonizando em meio a um ataque
de pânico, exigindo o máximo de suas pernas ligeiras e mantendo os braços
ocupados como duas asas recolhidas e alternando cotoveladas e socos no ar para
manter o corpo em equilíbrio, o que não lhe permitia tapar os ouvidos para
silenciar os disparos ardidos que esperava queimar seu corpo e para emudecer o
angustiante barulho tal qual o grito infinito da natureza de Munch e que
ainda estremecia a atmosfera desde o buzinaço ensurdecedor daquele condutor
apressado. E não podia também tapar os olhos para esconder o vexame, mas
tampouco necessitava fazê-lo para ganhar o dom de mântis de Tirésias, pois,
embora não pudesse prever se sairia desta vivo, sabia onde queria chegar e
como. Ele não corria numa mata branca onde um projétil espoletado viaja livre e
impune nas extensas planícies interplanálticas e trespassa com facilidade as
cadavéricas e deprimentes árvores de troncos tortuosos e folhas perdidas. O
cagão corria pela mata descorada feita de altos maciços de pedra e dispostos na
forma de intrincados labirintos saturados de transeuntes em constante movimento
de vaivém o que dificultava uma perseguição corpo a corpo e um tiro a
queima-roupa. Bastava o medroso fazer o quadrilátero perfeito para voltar ao
seu local de trabalho e lá chegar quase desfalecido, desabar num sofá e ser
logo acudido pelos seus companheiros preocupados e ansiosos para saber o que
aconteceu.
Um bando de assassinos levou meu carro
lá na avenida e tentou me linchar, balbuciou o borrado antes de
desmaiar.
Ele foi levado a um hospital onde foi
apenas sedado e, no mesmo dia, recebeu alta. Seus colegas foram até o local do
incidente e para surpresa deles, o carro do frouxo continuava no meio da via
pública, com o motor ligado e portas abertas, sem estorvar ninguém, pois
naquela hora o engarrafamento encontrara vazão e o trânsito fluía normalmente.
Um comerciante local ainda permanecia na calçada observando o veículo desde a
hora do incidente e foi ele quem explicou para os companheiros do cagão o que
se passara.
Não foi nada não. Foi um pessoal que
fretou alguns ônibus para ir ao enterro de um amigo que foi assassinado e eles
estavam meio de cabeça quente e descontaram no rapaz só porque ele entrou com
seu carro no meio do cortejo fúnebre.
When the going gets tough, the tough gets going, when the going gets rough,
the tough gets rough
SUBLIME
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
PARÁGRAFOS 95 A 98 DO LIVRO VALE DA AMOREIRA
Sabe, seu capeta, não querendo fazer média com o senhor, mas eu acho o seu inferno impecável. Estas fornalhas inspiradas no holocausto de Hiroshima são impagáveis. E eu que pensei que fosse encontrar aqui apenas aqueles caldeirões de pigmeus, fogueiras da santa inquisição e até mesmo aqueles fornos dos campos de concentração nazistas! Agora, essa sopa de merda que é servida aqui é simplesmente do cacete, ou melhor, do anus mesmo, e com certeza faria os mais finos paladares das moscas parasitas do distrito federal renderem-se ao seu inigualável sabor. E esse cheiro de enxofre então? É denso, substancioso e delirante! Nem todos os peidos de toda a humanidade soltos ao mesmo tempo se comparam a esse telecoteco em sovaco de nêga, cheio de manteiga de se lambuzar, e com catinga de macaco misturada com a de gambá. Estou tão chapado que vou voltar planando. O senhor me dá licença mas eu tenho que ir mesmo, mas eu retorno. Eu preciso ir porque não acho justo deixar meus amigos e convivas se iludindo com o reino absoluto dos céus depois de eu ter conhecido esta livre democracia terrena que não cobra dízimos e nem exige vestes nupciais para entrar. O senhor não perde por esperar! Este seu humilde e honrado penetra há de aqui regressar em breve como o melhor guia de almas e balas perdidas que esta zona maravilhosa cheia de encantos mil jamais viu.
ÚLTIMA MENSAGEM PARA DEIRDRE ULTRAMARI
São Paulo, 01/10/2016
AZUL INFINITO
Sei porque você fica aí, De pé, Olhando gente passar, Ouvindo gente falar, Tentando dar um sentido à sua vida, Pondo de lado os vícios e a cobiça, Para valorizar as virtudes da verdadeira amizade, E eu aqui me sento, Mergulho meu olhar no infinito, Fugindo da materialidade, Perdendo-me na transparência, No vazio, Da água, Do ar, À mercê da mulher, Como um barco vogando ao sabor da corrente, Porque nela tudo se suaviza, Tudo perde forma e substância, O mar deixa de ser mar para ser apenas um cursor, Como pássaro voando ao capricho do vento, Porque nela tudo se desmaterializa, Tudo perde movimento e som, O céu deixa de ser céu para ser apenas sua cor, Sei que você está em busca de um sorriso para dar alívio à alma aflita, De alguém para quem chorar, Alguém para você proteger, Evitando a leviandade do jovem, Que faz sexo só para partir corações, E ainda não me levanto, Passo para o outro lado do espelho, Caminhando para a divagação, Abandonando o repouso terreno, O contentamento comigo mesmo, Num sonho, Com Rígel, Com Mégil, A viver pela mulher, Como uma supernova acrescentando mais luz ao universo, Porque nela tudo se acalma, Tudo ganha solene profundidade, A estrela deixa de ser estrela para ser apenas seu fulgor, Porque nela tudo se realiza, Tudo ganha simpatia e gentileza, A mulher não deixa de ser mulher, Porque nela tudo se relativiza, Nela tudo é tratado com absoluto amor.